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Lula critica Banco Central, dividendos da Petrobras e privatização da Eletrobras em entrevista
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (2) que pode, sim, criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Lula tem centrado fogo à autoridade monetária pelo alto patamar da Selic, que está em 13,75% ao ano.
“O presidente não pode criticar o presidente do BC? Que absurdo. O presidente da República pode criticar. O que eu não posso é ser leviano, mas estou dizendo a máxima verdade”, afirmou em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, em programa da rádio BandNews FM, exibida no início da noite.
“Qual é a explicação de você ter juros de 13,75% ao ano num país que não está crescendo? Tem uma economia que não está crescendo, tem desemprego, crédito está escasseando. E eu queria apenas uma explicação de por que os juros estão a 13,75%”, ressaltou Lula.
O presidente também voltou a criticar a autonomia do Banco Central, em vigência no país desde 2021 e proposta durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O Meirelles foi presidente do BC durante oito anos e ele tinha autonomia, mas tinha responsabilidade. Eu sou uma pessoa eleita e não tenho autonomia, tenho que prestar contas. Por que esse cidadão que não foi eleito diz que vai pensar como ajudar o Brasil? Você não tem que pensar em como ajudar o Brasil, tem quem pensar em como baixar os juros”, analisou Lula, voltando a criticar o presidente do BC.
Lula defendeu ainda que Campos Neto precisa se preocupar não só com a inflação, mas também com “o emprego e o crescimento da economia”.
“Não existe excesso de consumo, não existe inflação de consumo no país. A economia não está crescendo, o povo não está comento. Então, não tem nenhuma razão de juros altos”, completou.
Para o presidente, cabe ao presidente do BC explicar a atual taxa praticada. “Ele [Campos Neto] que vá para a televisão e explique: “não, o juro a 13,75% é maravilhoso, é extraordinário”, provocou.
Dividendos da Petrobras
O presidente Lula também disse na entrevista que a Petrobras poderia ter distribuído “metade dos dividendos” aos acionistas e ter aplicado a outra metade para investimentos.
“Temos que pensar a Petrobras enquanto indústria de interesse estratégico do Brasil. Poderia ter dado metade dos dividendos e ter feito metade de investimentos”, afirmou Lula.
“O pessoal que tomou conta da Petrobras resolveu fazer graça com os acionistas minoritários. A Petrobras não é uma empresa só para ganhar dinheiro, é uma empresa para dar a soberania energética ao país.”
Lula voltou a criticar o mais recente resultado financeiro da empresa e o classificou como “inacreditável”, mas descartou que está havendo “intervenção” na companhia. A estatal teve lucro de R$ 189 bilhões e dividendos de R$ 200 bilhões.
“A Petrobras é uma empresa de energia, tem que fazer investimento. A Petrobras é um patrimônio deste país, não apenas das pessoas que são acionistas. O governo é acionista majoritário, tem que ter poder de decisão”, frisou.
“Nós vamos abrasileirar o preço do petróleo. Nós só vamos poder ter o controle da Petrobras em abril. Aí nós vamos discutir o papel da Petrobras no desenvolvimento do país. Não tem intervenção, não; tem interesse do povo brasileiro”, acrescentou.
A respeito da reoneração de impostos sobre os combustíveis, o presidente argumentou que não houve “vitória econômica sobre ala política, porque todas as decisões são passadas por mim”. “Era para o reajuste ser de R$ 0,69, aumentou R$ 0,34. Nós vamos taxar a exportação de petróleo cru para compensar o Estado por aquilo que o Estado desonerou. É justo.”
Privatização da Eletrobras
Lula ainda criticou a privatização da Eletrobras e defendeu ser possível que haja empresas públicas de economia mista de “melhor qualidade”.
“O primeiro ato do presidente da Eletrobras foi aumentar o salário dele de R$ 60 mil parar R$ 360 mil. É essa a moralidade pública da privatização da Eletrobras”, afirmou o presidente em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo.
“Quem está comprando as empresas estatais brasileiras? São empresas estatais espanholas, empresas estatais chinesas”, completou.
A Eletrobras foi privatizada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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