Média de casos de covid é a maior em sete meses

O Brasil registrou ontem, até as 20h, 97.221 novos casos de covid-19. O total desde o início da pandemia já soma 22.815.827 de contaminados. A média foi de 60.072 casos por dia na semana móvel encerrada ontem – a maior desde 29 de junho. Em relação à semana móvel anterior, o crescimento é de 634%. Os dados foram apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias regionais de Saúde.
Ontem foram computadas 190 mortes pela doença, elevando o total desde o início da pandemia para 620.609. A média de óbitos na semana móvel ficou em 125 por dia, com aumento de 29% sobre o período anterior.
Especialistas atribuem a maior parte do crescimento dos registros à maior capacidade de infeção da variante ômicron, predominante no país, com cerca de 98% dos diagnósticos confirmados.
Parte também pode ser atribuída ao represamento de dados por cerca de dez dias. Nesse período, várias secretarias estaduais não conseguiram acesso ao sistema do Ministério da Saúde após um ataque hacker. O sistema só foi restabelecido no fim de semana, segundo o ministério.
Ontem, cinco Estados não tiveram registro de morte nesta segunda: AC, AL, AP, RN e RR.
O consórcio de veículos de imprensa é formado pelos jornais “O Globo”, “Extra”, “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo”, bem como os portais UOL e G1.
Os dados são apurados junto às secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal e divulgados diariamente às 20h.
Em boletim divulgado na noite de quarta, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para a mudança no patamar de ocupação de leitos de UTI para adultos pacientes de covid-19 no país no começo do ano, no Sistema Único de Saúde (SUS). Em nota técnica sobre o tema, que utiliza dados históricos do Boletim Observatório Covid – pesquisa da fundação que mensura evolução da pandemia no país -, a Fiocruz afirma que um terço das unidades federativas e dez capitais encontra-se em zonas de alerta intermediário e crítico, na ocupação de UTIs pela doença.
A entidade alerta que as próximas semanas precisam ser monitoradas e que é esperado que o número de casos novos de covid-19 ainda atinja níveis muito mais elevados. Isso pode pressionar a demanda por serviços de saúde, o que inclui leitos de enfermaria e UTI, ressaltou a fundação.
Os pesquisadores da fundação visualizaram estritamente as taxas de ocupação de leitos de UTI observadas em 10 de janeiro, em confronto com a série histórica desse indicador, que consta do Boletim Observatório Covid, para elaborar a nota técnica.
A Fiocruz pontua que há diferenças no patamar de número de leitos e no número de internações em UTI hoje ante meados do ano passado. As altas taxas de ocupação de UTIs também se devem à desativação de leitos para covid-19. Em agosto, quando a pandemia começou a arrefecer, havia 18.885 leitos disponíveis, e 10.330 estavam ocupados. Em 10 de janeiro deste ano, esses números eram de 10.894 leitos, queda de 42%, e 4.367 pacientes internados, queda de 58%. Os dados não incluem o Estado de São Paulo.
O cenário de vacinação também não é o mesmo de meados do ano passado, notaram os pesquisadores. Em janeiro, a cobertura vacinal é mais elevada, o que tem contribuído para reduzir agravamento da doença pela ômicron. Mesmo com essas ressalvas, os técnicos observaram que os dados, no começo deste ano, evidenciam mudança no patamar de ocupação de leitos de UTI relacionados à doença.
Na nota técnica a fundação detalhou que, no que concerne ocupação de leito de UTI para covid-19, o Estado de Pernambuco (82%) está na zona de alerta crítico, ou seja, com taxa de ocupação acima de 80% nesse dado (82%). Com taxas nas faixas de 70% a 60%, Pará (71%), Tocantins (61%), Piauí (66%), Ceará (68%), Bahia (63%), Espírito Santo (71%), Goiás (67%) e o Distrito Federal (74%) estão na zona de alerta intermediário.
Entre as capitais, se encontram com ocupação acima de 80%, ou em zona de alerta crítico, Fortaleza (88%), Recife (80%), Belo Horizonte (84%) e Goiânia (94%). Por sua vez, na zona de alerta intermediário encontram-se as taxas de ocupação nas cidades de Porto Velho (76%), Macapá (60%), Maceió (68%), Salvador (68%), Vitória (77%) e Brasília (74%).
A Fiocruz ressaltou que o Painel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que recebe dados diretamente das secretarias estaduais de Saúde, demonstra que na primeira semana epidemiológica de 2022, de 2 a 8 de janeiro, mostrou grande incremento de casos registrados, passando de 56.881 para 208.018. “Possivelmente este número é muito maior”, alertaram os pesquisadores.
Com alta transmissibilidade e infecções por covid-19, e grande crescimento do número de casos e de demanda por serviços de saúde, os pesquisadores consideram fundamental o fortalecimento de medidas de prevenção.
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