O que esperar de Liz Truss como primeira-ministra do Reino Unido?
Ela assume o país em momento crítico, à beira de uma recessão e com uma crescente alta nos custos de vida
O Partido Conservador do Reino Unido anunciou nesta segunda-feira que sua nova líder será Liz Truss, que venceu a corrida eleitoral contra Rishi Sunak. Ela será a nova primeira-ministra do Reino Unido após Boris Johnson ter renunciado ao cargo em julho, motivando a convocação da eleição.
Pelas regras eleitorais do Reino Unido, o líder do partido com maioria no Parlamento é nomeado como o primeiro-ministro do país – caso do Partido Conservador nesta legislatura. Truss deverá ficar no cargo até 2024, quando acontecem novas eleições gerais no país.
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Ela deverá ser empossada como primeira-ministra nesta terça-feira.
Durante seu discurso de vitória, Truss prometeu “entregar” as promessas de seu partido, porém ela assume o país em momento crítico. O Reino Unido atualmente está à beira de uma recessão, com uma crescente alta nos custos de vida.
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“Precisamos mostrar o que vamos entregar nos próximos anos. Vamos cortar impostos e fazer a economia crescer. Vamos lidar com a alta dos preços de energia do momento e lidar com problemas de longa data no fornecimento de energia”, disse Truss em seu discurso de vitória.
É esperado que uma de suas primeiras ações como primeira-ministra seja o congelamento dos preços das contas de energia.
Graças em grande parte à volatilidade global do preço do gás desencadeada pela invasão da Ucrânia, os preços de energia doméstica média do Reino Unido está quase o triplo do nível de um ano atrás. A inflação está acima de 10% pela primeira vez desde a década de 1980 e o governo está enfrentando pedidos cada vez mais urgentes de apoio financeiro para contas de aquecimento e eletricidade, essenciais para oinverno.
O Partido Trabalhista, de oposição, e outros críticos acusam o governo de estar “desaparecido em ação” durante um verão de problemas, marcados por calor intenso e diversas greves no país.
Truss conquistou votos na corrida pela liderança por sua proposta “thatcherista” de reverter a intervenção estatal e reduzir impostos. Ela prometeu agir “imediatamente” para lidar com o aumento das contas de energia, mas se recusou a dar detalhes.
Steven Fielding, professor de história política da Universidade de Nottingham, disse à “Associated Press” que as propostas de Truss funcionaram bem com os cerca de 180 mil membros do Partido Conservador que tiveram voz na escolha do líder do país, mas faz a ressalva de que muitos no país têm expectativas baixas de que ela proporcionará alívio financeiro aos mais pobres.
“Trata-se de alguém que acredita no mercado de forma radical, alguém que acredita que o objetivo do governo é chegar a um estado muito menor mais cedo ou mais tarde. Ela leva isso muito a sério”, disse Fielding à “AP”. “Então, acho que teremos uma primeira-ministra muito radical, de direita, de livre mercado e que na verdade é mais ideológica do que pragmática”.
Embora a economia certamente domine os primeiros meses do mandato de Truss, o sucessor de Johnson também terá que conduzir o Reino Unido no cenário internacional diante da guerra da Ucrânia, uma China cada vez mais assertiva e tensões contínuas com a União Europeia sobre as consequências do Brexit – especialmente na Irlanda do Norte.
O Reino Unido vive o processo eleitoral desde 7 de julho, quando Johnson anunciou que estava deixando o cargo depois que seu governo foi engolido por diversos escândalos. Tanto Truss quanto Sunak foram membros importantes do gabinete de Johnson, embora Sunak tenha renunciado ao cargo em protesto às polêmicas que envolviam Johnson.
Um governo Truss pode não agradar a muitos, porque lembra muito os eleitores dos erros de Johnson, disse Fielding.
“Ela basicamente foi eleita como Boris Johnson 2.0 pelos membros conservadores – ela deixou muito claro que é uma leal defensora de Boris Johnson”, disse Fielding à “AP”. “Acho que ela vai achar muito difícil se desvencilhar de toda a sombra de Johnson.”
Johnson permaneceu como primeiro-ministro nesse ínterim, mas foi amplamente criticado por não responder ao aumento da crise dos custos de energia. As autoridades enfatizaram que quaisquer novas políticas precisariam esperar pela definição de seu sucessor.