Pesquisa Genial/Quaest: Maioria apoia pressão de Lula por juros mais baixos

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Pesquisa também mostra que 40% dos brasileiros aprovam início do governo e maioria acredita que Lula 3 vai superar Bolsonaro
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Quase metade é incapaz de dizer quem é o responsável por definir a taxa Selic e 70% desconhecem o fato de Campos Neto ter sido indicado por Bolsonaro
O início do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é avaliado como positivo por 40% dos brasileiros, de acordo com pesquisa divulgada nesta terça-feira pela Genial/Quaest. Este é o primeiro levantamento feito pelo instituto na nova gestão, que completou 45 dias hoje. São 24% os que classificam a administração federal como regular, enquanto 20% a consideram negativa.
O levantamento mostra ainda que 76% dos brasileiros apoiam as iniciativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar forçar a queda da taxa básica dos juros, desde agosto fixada em 13,75% ao ano. Outros 16% se dizem contrários a essa estratégia, enquanto 8% não souberam ou não responderam.
Apesar do apoio majoritário da população nesse ponto, a grande maioria demonstrou ter pouco conhecimento sobre o tema. São 46% os que disseram não saber ou não responderam quando questionados quem é o responsável por definir a taxa de juros no Brasil. Só 26% disseram ser o Banco Central. Houve também menções ao ministro da Fazenda (14%), ao presidente da República (8%), e aos bancos privados e mercado financeiro (6%).
Foram 67% os que disseram não ter ficado sabendo das recentes críticas de Lula ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, por conta da manutenção da Selic no patamar atual. Só 30% declararam estar informados a respeito. Na semana passada, o chefe do Executivo federal classificou a taxa como uma “vergonha” e suscitou dúvidas quanto à eficácia de ter um Banco Central autônomo.
Taxa de aprovação de Lula é maior entre a parcela mais pobre da população
Na véspera do segundo turno da eleição de 2022, na última pesquisa conduzida pela Quaest sobre o mandato do então presidente Jair Bolsonaro, o governo era avaliado positivamente por 37%, enquanto 26% o viam como regular e 35%, como negativo.

A taxa de aprovação da gestão Lula é maior entre a parcela mais pobre da população. Entre os entrevistados que declaram ter renda mensal de até dois salários mínimos, 47% dizem ter impressões positivas sobre o trabalho do presidente até aqui. Na parcela mais rica dos brasileiros, aqueles que têm ganhos superiores a cinco salários mínimos mensais, a taxa de aprovação é de 35%.
Os pesquisadores da Quaest fizeram mais de duas mil entrevistas presenciais entre 10 e 13 de fevereiro. São 60% dos brasileiros os que dizem avaliar que a administração de Lula será melhor que a de Bolsonaro. Para 27%, será pior que a do antecessor. Outros 8% acham que será igual.

Apesar de as avaliações positivas em relação à gestão Lula 3 serem mais frequentes do que as negativas, 63% dos entrevistados não souberam mencionar alguma medida que tenha marcado o início do novo governo. As pautas mais citadas foram, numericamente, a ajuda aos ianomâmi (9%), a volta do Bolsa Família (6%), e a defesa de programas sociais (4%).
Para 33% das pessoas ouvidas na pesquisa, o governo de Lula está melhor do que elas esperavam. Mesmo entre eleitores que disseram ter votado em Bolsonaro no segundo turno de 2022, há quem diga ter sido surpreendido positivamente pelo trabalho do petista até aqui: são 5% do grupo os que fazem essa afirmação.

O modo como o chefe do Executivo federal se comporta enquanto presidente é aprovado por 65% da população, contra 29% que desaprovam (6% disseram não saber ou não responderam).
A maioria da população (53%) acredita que o terceiro mandato de Lula na Presidência será melhor que os dois anteriores — de 2003 a 2007 e de 2008 a 2011. Outros 14% acham que será igual, e 25% pensam que será pior.
No entorno do presidente da República, os ministérios tiveram a melhor avaliação por parte das pessoas ouvidas pela Quaest. Foram 48% os que afirmaram ter impressões positivas sobre a equipe ministerial de Lula, contra 25% que a avaliaram negativamente. A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, é aprovada por 41% e reprovada por 19%. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, é bem avaliado por 32%, contra 19% que dizem ter impressões negativas sobre ele.
Expectativas para a economia melhoram
Passados os primeiros 45 dias de novo governo, subiu de 48% para 62% o percentual dos brasileiros que afirmam ter a expectativa de que a economia melhore neste ano. A taxa dos que acham que a situação econômica do país vai piorar caiu de 29% em dezembro para 20% agora. Outros 14% acham que o cenário continuará o mesmo (eram 14%) no levantamento anterior.

A Quaest entrevistou presencialmente 2.016 pessoas maiores de 16 anos, entre 10 e 13 de fevereiro, em 120 municípios. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%.
Por Flávio Tabak e Nicolas Iory, de São Paulo
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