PGR informa ao STF que abriu apuração preliminar contra Bolsonaro por reunião com embaixadores

Presidente fez ataques ao sistema eleitoral no encontro realizado no Palácio da Alvorada

Jair Bolsonaro quando ainda ocupava o cargo de presidente da República. Foto: Alan Santos/Presidência
Jair Bolsonaro quando ainda ocupava o cargo de presidente da República. Foto: Alan Santos/Presidência

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter aberto uma investigação preliminar contra o presidente Jair Bolsonaro em razão de ataques ao sistema eleitoral, proferidos durante reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada.

De acordo com a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, uma perícia realizada ainda no mês de julho atestou que o evento foi transmitido ao vivo pela televisão e pela internet por meio da TV Brasil, que é pública, sem qualquer restrição de acesso.

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Também enviado ao Supremo, o laudo da perícia apontou não ter sido possível coletar “informações concretas acerca das pessoas autorizadas a participarem do evento de forma presencial”.

A manifestação ocorreu no âmbito de uma notícia-crime ajuizada no STF por deputados federais de oposição. Os parlamentares alegam ter havido “crime contra as instituições democráticas, crime eleitoral, crime de responsabilidade, de propaganda eleitoral antecipada e improbidade”.

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A vice-procuradora-geral afirmou à Corte que, como o caso já está sendo apurado internamente, a petição dos deputados deve ser arquivada, pois uma pessoa não pode ser “processada duas vezes pela mesma imputação”.

Segundo ela, a PGR vai prosseguir com o procedimento preliminar – a chamada “notícia de fato” – por entender que, neste momento, é preciso “evitar a abertura formal e precipitada de investigação criminal, com sérios prejuízos ao investigado”.

As “notícias de fato”, entretanto, não são bem vistas pelos ministros. Eles entendem ser uma forma de a PGR driblar a supervisão do Supremo em casos envolvendo autoridades com prerrogativa de foro na Corte.

Lindôra também criticou os deputados por ter acionado diretamente o Supremo, uma vez que a atribuição para pedidos de abertura de inquérito contra presidente da República seria própria da PGR.

Caso o tribunal entenda que a petição dos parlamentares deve prosseguir, ponderou a vice-procuradora-geral, Bolsonaro deve ser oficiado a prestar os devidos esclarecimentos, “a título de diligência preliminar”. A relatora do caso é a ministra Rosa Weber.

O discurso de Bolsonaro aos embaixadores, durante o qual ele ataca – mais uma vez sem provas – a confiabilidade das urnas eletrônicas, também está sendo questionado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na semana passada, o PDT pediu a declaração de inelegibilidade de Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Em outra frente, a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) pediu ao TSE que o presidente seja multado em até R$ 25 mil.

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