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PIB da Argentina cai 1,7% no segundo trimestre de 2024
A economia da Argentina continua em contração no segundo trimestre, que marcou seu terceiro trimestre consecutivo de queda, pressionado pela forte retração nos os investimentos e do consumo, efeitos da “terapia de choque” do presidente Javier Milei para reformar a economia do país.
O PIB argentino caiu 1,7% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro trimestre, acumulando uma contração de 3,4% nos primeiros seis meses de 2024, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
“A queda da atividade no segundo trimestre coincide com os resultados mensais. A queda está em linha com o que esperávamos, mas para o terceiro trimestre, esperamos que os números melhorem um pouco”, disse Nicolás Alonzo, economista da Orlando J. Ferrerés & Asociado. “Tem se observado uma recuperação do salário real e do crédito ao setor privado, já que os bancos locais não podem investir em títulos do Banco Central.”
Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB argentino também apresentou uma queda de 1,7% no segundo trimestre.
Segundo o Indec, a queda foi impactada pela contração dos investimentos, após uma retração de 9,1% no trimestre (dessazonalizados) na formação bruta de capital fixo. Em termos anuais, a queda no investimento foi brutal, de 29,4%, segundo o Indec.
Destaque ainda para a queda de 4,1% no trimestre e de 9,8% ao ano no consumo privado.
“O resultado que mais se destaca é a queda no consumo privado. Acreditamos que deve começar a melhorar lentamente, acompanhada pelo crescimento incipiente que os salários mostram em termos reais”, disse Alonzo.
Quanto à demanda, somente as exportações tiveram um aumento trimestral de 3,9%. Em termos anuais, o crescimento foi de 31,4%.
Outras quedas relevantes no segundo trimestre aconteceram nos setores de construção (-22,2%), na indústria de transformação (-17,4%) e nas atividades de comércio atacadista, varejista e reparações (-15,7%). Por outro lado, o setor de agricultura, pecuária, caça e silvicultura cresceu (81,2%).
“Do lado da oferta, os setores mais afetados devem apresentar alguma recuperação na segunda metade do ano, embora isso possa não se refletir nas comparações interanuais”, explicou o economista.
O resultado do segundo trimestre foi divulgado na mesma semana em que o governo de Javier Milei apresentou no Congresso o seu projeto de Orçamento para 2025, onde espera uma queda do PIB de 3,8% este ano antes de uma estimada recuperação vigorosa de 5% no próximo ano. Porém, a própria pesquisa junto a economistas do banco central da Argentina aponta uma previsão de crescimento mais modesta no próximo ano, de 3,5%.
“Acreditamos que o crescimento do próximo ano dependerá, em grande medida, do que acontecer com os controles cambiais que ainda estão em vigor”, disse o analista Juan Pablo Ronderos, sócio da consultoria MAP. “A projeção oficial de crescimento de 5% para 2025 não parece provável, visto que o projeto de Orçamento recentemente apresentado pelas autoridades no Congresso é vago em relação a medidas cambiais importantes”, afirmou.
Os argentinos estão enfrentando sua sexta contração nos últimos 10 anos. A queda acentuada deste ano se destaca após Milei iniciar suas medidas de austeridade, desvalorizando o peso em 54% e cortando drasticamente os gastos do governo.
Nesse sentido,. Uma saída das bolsas no primeiro trimestre de 2025 poderá impulsionar a expansão da atividade a partir de 25 de abril. Pelo contrário, se as autoridades decidissem manter a taxa de câmbio, a expansão da actividade seria fraca ao longo do ano.
*Com informações do Valor Econômico
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