Pai do Plano Real e ex-presidente do STF declaram apoio a Lula no 1º turno
André Lara Resende considera vitória de Lula no primeiro turno "importantíssima"; Joaquim Barbosa, ex-STF, diz que Bolsonaro "não serve para governar"
Considerado um dos pais do Plano Real, o economista André Lara Resende deve declarar apoio a Lula para que o presidente vença a disputa no primeiro turno. O pronunciamento será nesta terça-feira (27), segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, e confirmadas com o próprio Resende pelo Valor Econômico.
O pronunciamento de apoio de André Lara Resende ao ex-presidente será feito hoje em encontro do petista com intelectuais, empresários e banqueiros. O ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do plano de governo da chapa Lula-Alckmin, é um dos responsáveis pela organização do evento, também promovido pelo Grupo Esfera.
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André Lara Resende sobre apoio à Lula: “importantíssimo”
À Folha, Resende esclareceu o motivo por trás da decisão de apoiar Lula: ele considera importantíssima a vitória do petista já no primeiro turno, marcado para ocorrer no próximo domingo (2), e que isso significaria ” trazer de volta o Estado democrático civilizado.
Ainda segundo Resende, a vitória de Lula pode reestabelecer o Brasil no cenário internacional dos pontos de vista cultural, democrático e do meio ambiente. O economista pontuou que, caso o Brasil continue com a atual administração em 2023, estaria caminhando para ser “terra arrasada”.
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Nos últimos anos, um dos responsáveis pelo Plano Real, Resende tem questionado a defesa do equilíbrio das contas públicas a qualquer custo. Em artigo publicado no jornal Valor Econômico em 2021, o economista escreveu ser “fundamental entender que a verdadeira responsabilidade fiscal não é o equilíbrio orçamentário em todas as circunstâncias e a qualquer custo”.
No artigo, Resende citou o célebre economista britânico John Maynard Keynes, pai do keynesianismo — teoria que defende a intervenção estatal na economia —, um teórico que, no ponto de vista dele, teria demonstrado em alguns casos que o déficit público seria necessário para reativar a economia.
Em evento no domingo, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que revogará o teto de gastos se for eleito. “Acabou o teto de gastos quando eu for presidente da República”, disse. A declaração foi vista por analistas como um aceno à militância, visto que há dúvidas sobre o que o PT fará na área econômica – até porque não apresentou programa de governo detalhado.
Apoio de Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF, a Lula
Outra figura de destaque a se pronunciar a favor de Lula nesta terça-feira foi o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa. Negro e indicado para o Supremo durante o governo de Lula, Barbosa foi relator as ações que julgaram o escândalo do mensalão na Corte e votou a favor da condenação dos petistas.
Seu apoio se soma ao de Miguel Reale Júnior, jurista e autor do pedido de impeachment de Dilma, e ao de André Lara Resende. Barbosa é crítico das gestões petistas, mas disse em vídeo que “é preciso votar já em Lula no primeiro turno para encerrar essa eleição no próximo domingo”.
O ex-presidente do STF reafirmou que foi crítico a Jair Bolsonaro em 2018, e disse que o presidente “não é um homem sério” e “não serve para governar um país como o nosso”. Confira o vídeo de Joaquim Barbosa:
Economistas de universidades nacionais e internacionais declaram voto em Lula
Economistas brasileiros ligados a instituições no Brasil e no exterior, como FGV, Insper, George Washington University e Johns Hopkins University, entre outras, lançaram hoje uma carta defendendo o voto útil no ex-presidente Lula (PT).
Embora ressaltem não concordar com políticas de mandatos petistas, eles afirmam que o Lula é a “única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo”.
“Viabilizar a sua vitória em primeiro turno nos parece a resposta mais contundente, segura e efetiva de proteção à democracia no Brasil, aumentando assim o compromisso do futuro governo com políticas que unifiquem o país”, diz o documento, que tem, entre signatários, Otaviano Canuto, ex-FMI e Banco Mundial.
O documento ainda apresenta críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro e diz que “as ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira”.
Dentre as críticas feitas pelos economistas, foram destacados o mau desempenho do governo na política sanitária, chamada pelos signatários da carta de “calamitosa”, o desmonte de políticas ambientais e a falta de avanço de políticas públicas na área de Educação.
A carta ainda criticou a falta de transparência sobre recursos do Orçamento repassados para “grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição”. “Apesar da retórica, houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção, e várias denúncias envolvendo o atual governo, o próprio presidente e seus familiares não foram esclarecidas”, escrevem os economistas.