Quem é Simone Tebet, futura ministra do Planejamento de Lula?

Senadora terá o desafio de fazer uma dobradinha com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Simone Tebet (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)
Simone Tebet (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)

O presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicou nesta quinta-feira (29) a senadora Simone Tebet (MDB-MS) para o Ministério do Planejamento e Orçamento em seu próximo governo. Há semanas se arrastava a dúvida sobre qual papel Tebet, que tem um perfil de centro-direita, teria no governo do petista.

O Planejamento será o primeiro ministério que Tebet ocupará. A pasta foi desmembrada do atual Ministério da Economia. A senadora terá o desafio de fazer uma dobradinha com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que possui uma visão diferente da sua sobre a condução econômica do país.

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Terceira colocada no pleito presidencial, Simone Tebet teve a preferência de 4.915.423 eleitores, o que correspondeu a 4,16% dos votos válidos. No segundo turno, decidiu apoiar Lula e se tornou um símbolo da frente ampla que congregou críticos ao PT para impedir a reeleição de Jair Bolsonaro.

A indicação de Tebet para um ministério era importante para garantir a imagem de que o próximo governo será composto por esta aliança mais ampla e não apenas por pessoas próximas do presidente Lula. A lógica é semelhante à aplicada em relação ao nome de Marina Silva (Rede-SP), uma pessoa de fora da cúpula interna do PT que colocou as diferenças de lado para derrotar Jair Bolsonaro (PL).

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Existe, entretanto, uma diferença entre as duas. Tebet nunca integrou os círculos petistas e possui uma posição mais à direita. Ela é próxima do agronegócio, tem um perfil de visão econômica liberal e votou pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff em 2016.

À época, ela disse que o Senado não estava julgando a pessoa, mas a autoridade, e era necessário analisar o conjunto da obra. A parlamentar destacou os crimes de responsabilidade fiscal, bem como “todo o mal” causado à população brasileira e “as consequências nefastas a esta e às futuras gerações, que pagarão essa conta”.

Seis anos depois, o discurso continuou praticamente o mesmo. Tebet afirmou, em entrevista ao Roda Viva neste ano, quando disputava a vaga de presidente da República, que todos os requisitos jurídicos e políticos estavam presentes para afastar a então presidente Dilma. “Era o impeachment ou o caos social,” afirmou.

No segundo turno, entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL), Simone Tebet declarou apoio quase imediato ao petista, sinalizando sua decisão antes mesmo de o MDB anunciar como se posicionaria. Ela disse enxergar em Lula o compromisso com a democracia, o que não via no atual chefe do Executivo.

“O que está em jogo é muito maior do que cada um de nós. Votarei com a minha razão de democrata e minha consciência de brasileira. Omitir-me seria trair minha trajetória de vida pública. Agora, não cabe a omissão da neutralidade,” afirmou em outubro.

Desde então, ela se manteve próxima. Lula cumprimentou-a por seu papel nas eleições após a divulgação do resultado, e a senadora foi chamada para integrar o grupo técnico de Desenvolvimento Social durante a transição. Era esse, inclusive, o ministério que a parlamentar pleiteava — mas enfrentou resistência do PT. A pasta ficará com Wellington Dias (PT).

A futura ministra é advogada e professora. Nascida em Três Lagoas (MS), formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve o título de mestrado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Elegeu-se deputada estadual pelo seu estado em 2022 e, dois anos depois, tornou-se a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas, cargo para o qual foi reconduzida no pleito seguinte. Foi eleita vice-governadora do Mato Grosso do Sul em 2011 e senadora em 2015.

No Legislativo federal, angariou reconhecimento nacional através de sua participação na CPI da Pandemia. Ela foi uma das responsáveis por fazer com que o deputado Luís Miranda (Republicanos-DF) citasse o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), quando os senadores investigavam o escândalo da Covaxin.

Nas eleições de 2026, Tebet pode novamente ser um dos nomes de centro-direita a disputar a Presidência da República.

(Por Arthur Guimarães, repórter do JOTA em São Paulo)
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