Resumo do Debate: Ataques a Lula e Bolsonaro, e frase de efeito de Soraya Thronicke

Fala sobre feminismo de Tebet para Padre Kelmon, corrupção e "onça"; confira os principais momentos do debate

Debate deste sábado abordou orçamento secreto e corrupção, entre outros temas (Imagem: SBT/Divulgação)
Debate deste sábado abordou orçamento secreto e corrupção, entre outros temas (Imagem: SBT/Divulgação)

Perdeu o debate que ocorreu na noite deste sábado (24), com os candidatos à Presidência? A Inteligência Financeira preparou um resumo com os principais temas, melhores momentos e participações importantes dos seis candidatos que compareceram.

Durante duas horas e 15 minutos, Ciro Gomes (PDT); Jair Bolsonaro (PL); Simone Tebet (MDB); Soraya Thronicke (União Brasil); Felipe d’Avila (Novo); e Padre Kelmon (PTB) debateram temas como corrupção, educação, pobreza e orçamento secreto.

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O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não compareceu ao debate, alegando cumprir com compromissos de campanha. Todos os candidatos, durante os três blocos do debate, lançaram ataques e falaram sobre a ausência do petista ao penúltimo debate da corrida ao Planalto. Lula é o líder nas pesquisas; a última, do Datafolha, aponta que o ex-presidente tem 47% das intenções de voto.

O presidente Jair Bolsonaro, segundo colocado nas pesquisas com 33%, também foi alvo de candidatos que buscam estancar a sangria do voto útil, prática que visa impedir um segundo turno das eleições. Segundo o Datafolha, 11% dos eleitores mudariam de voto para que a eleição se encerrasse no primeiro turno.

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Lula e Bolsonaro sofreram mais ataques

Ciro, Tebet e Soraya fizeram os ataques mais velados ao chefe do Executivo. Felipe d’Avila não o atacou diretamente, enquanto o novato ao púlpito, Padre Kelmon, serviu como linha auxiliar do presidente.

Lula foi o maior alvo no primeiro bloco no debate, quando sua ausência foi mais criticada por candidatos. Jair Bolsonaro chamou Lula de “ladrão”, enfatizando que o ex-presidente esteve preso por sentença da Lava Jato, anulada posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal.

Já Soraya disse que o debate seria uma espécie de “entrevista de emprego” para o cargo de presidente. “Você votaria em quem faltou à entrevista de emprego?”, questionou a presidenciável do União Brasil.

Já Simone Tebet comparou a ausência de Lula a um “tiro no escuro”. “Vamos dar um cheque em branco? Vamos dar um tiro no escuro?”, disse Simone Tebet em mensagem direta aos eleitores do PT.

Ciro Gomes disse que o petista desrespeitou candidatos ao não comparecer ao debate, citando uma postura de “salto alto e achar que já ganhou”. Ciro também disse que Lula não teria como explicar suas promessas de campanha e nem sobre denúncias de corrupção de seu governo.

Felipe d’Avila chamou Lula de “criminoso” e falou que a soltura do político foi indevida por parte do STF. O candidato do Novo disse que era necessário “enquadrar” a Suprema Corte brasileira.

Primeiro bloco: corrupção e orçamento secreto

Corrupção foi um dos temas centrais do primeiro bloco. Perguntada sobre o assunto, Soraya Thronicke criticou a gestão Bolsonaro e disse que o apoiou nas eleições de 2018, mas que se sente arrependida. “Bolsonaro traiu nosso país”, afirmou.

Em seguida, Ciro Gomes disse que Bolsonaro “rendeu-se a corrupção” e citou as denúncias feitas na Justiça contra os filhos. Atualmente, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro são investigados.

O orçamento secreto foi criticado por falas de Felipe d’Avila, Soraya Thronicke e Simone Tebet. As falas mais duras, associando a prática do governo Bolsonaro para negociar apoio no Congresso, partiu da emedebista e do candidato do Novo. Tebet foi além e disse que o dinheiro que abastece o orçamento secretou foi desviado da Educação.

Bolsonaro, em tom de ironia, terceirizou a prática para o Congresso Nacional, e disse que não tinha responsabilidade ou conhecimento sobre a distribuição de recursos. Ele acusou as duas senadoras (Tebet e Soraya) de votarem a favor da derrubada do veto contra a verba do orçamento secreto, o que elas negaram em direito de réplica.

Segundo bloco: “Não cutuque a onça com sua vara curta”

Já no segundo bloco do debate, Lula saiu dos holofotes, e a maioria dos ataques foi feita a Bolsonaro. O atual presidente, no entanto, achou um aliado a quem se encontrava à esquerda de seu púlpito. Ao Padre Kelmon, fez perguntas e discursou mirando em parcelas da população onde é mais rejeitado: entre os mais pobres e mulheres.

Soraya Thronicke roubou os holofotes quando ganhou direto de réplica contra Bolsonaro. A candidata do União Brasil lançou mão do bordão mais memorável da noite. “Quero dizer ao candidato Jair Bolsonaro, não cutuque onça com a sua vara curta”. A fala foi feita em alusão à provocação do presidente sobre o orçamento secreto.

Questionado sobre indicações do Supremo caso seja reeleito, Bolsonaro disse que pretende indicar mais dois ministros com perfis semelhantes ao de Kassio Nunes Marques e André Mendonça, que indicou para a Corte em seu mandato.

Tebet comentou sobre as motociatas e passeios de jet ski do presidente, dizendo que Bolsonaro “não sabe trabalhar”. Depois, fez críticas específicas sobre a gestão de Bolsonaro durante a pandemia, citando o atraso na entrega das vacinas contra a covid-19, e o chamou de “Pinóquio” por mentir sobre estatísticas do país. “Temos um [candidato] que falta ao debate, e outro que mente em rede nacional”, disse a senadora.

Em réplica a uma pergunta de Simone Tebet, Bolsonaro falou sobre auxílio social aos mais pobres e a criação do Auxílio Brasil. “Nós ajudamos o pobre com o Auxílio Brasil de R$ 600, e especialmente as mulheres”, pontuou o presidente.

Terceiro bloco: Padre Kelmon e feminismo

O terceiro turno foi mais vazio no sentido das propostas, o que deu mais espaço para ataques e discussões sobre aborto.

Uma interação ganhou destaque: Padre Kelmon perguntou à Simone Tebet sobre aborto. “A senhora [Tebet] se diz feminista. Dentro da agenda feminista, está o apoio incondicional à legalização do aborto. A senhora concorda com essa agenda?”, perguntou o candidato do PTB.

Tebet iniciou sua resposta, mas foi interrompida por Padre Kelmon. Após intermediação do mediador, a senadora prosseguiu e defendeu penas mais duras para homens que agridem mulheres. “Lamento sua visão seletiva [sobre feminismo]. Confesso, padre, que teria dificuldade de me confessar com você”, disse ela, arrancando risos da plateia.

A candidata ainda se posicionou contra o aborto porque é “católica e cristã”, mas que isso não a faz “menos feminista”.

A análise do jornal Valor Econômico descreve a participação do Padre Kelmon como “provocadora”. Ele tentou incitar uma reação mais negativa de Tebet, que fez repetidos ataques a Jair Bolsonaro e a seu governo.

Ciro e Bolsonaro finalmente trocaram farpas mais diretas nesse bloco. O presidente citou a busca e apreensão feita pela Polícia Federal contra Ciro Gomes e seu irmão, Cid Gomes, em uma investigação sobre possíveis irregularidades na obra do Castelão, principal estádio do Ceará, para a Copa do Mundo de 2014.

O pedetista retornou fogo, mencionando escândalos de corrupção do governo Bolsonaro, como a investigação de interferência na PF por parte do presidente, a quem acusou de trocar delegados da instituição para proteger os filhos.

Quarto bloco: cotas, armamento e violência contra mulher

Temas discutidos no quarto bloco envolveram a política de cotas, posse e porte de armas, e violência contra a mulher.

Padre Kelmon, quando perguntado sobre a revisão da Lei de Cotas, acusou o benefício que garante acesso obrigatório a uma porcentagem das vagas em universidades públicas para pardos, negros e indígenas, de ser “divisivo”.

“Os negros não precisam de ajuda, de subterfúgio, de dinheiro. Cada um é capaz de mostrar seus esforços para mostrar que pode chegar sim à universidade”, disse o candidato. Soraya Thronicke, que respondeu ao petebista, disse que manteria cotas em seu mandato, caso eleita.

Em seguida, quando o tema mudou para armamento e violência contra a mulher, a senadora defendeu critérios mais rigorosos para armar brasileiros. “Nós precisamos exigir responsabilidade dessas pessoas que têm posse e porte de arma de fogo. Não é uma anarquia”, disse Thronicke. “Sou autora de projetos que permitem armas não letais para que a mulher deixe o local onde ocorreu a ofensa”, completou.

Felipe d’Avila ressaltou que “a maioria dos agressores” está dentro de casa, e que são necessárias políticas para que a mulher “rompa com o cárcere privado” perpetuado pelo agressor.

Considerações finais

Nas considerações finais, candidatos fizeram apelos ao voto útil e contra a polarização de Bolsonaro contra Lula.

Tebet disse que eleitores “não aguentam mais quatro anos” de discussões ideológicas de “mentiras e corrupção”. Ela apelou para mudança e disse “estar pronta” para combater a fome e a miséria no país”.

Em suas considerações, Bolsonaro ressaltou o Auxílio Brasil de R$ 600 pago durante a pandemia e que, sem seu mandato, o preço da gasolina no posto de combustível baixou. “Nós anistiamos 99% das dívidas de alunos com o FIES”, disse o presidente.

Ciro Gomes pediu voto para que os eleitores evitem “mais do mesmo”. “O Brasil está há 11 anos com crescimento médio tendente a zero, nasceram 27 milhões de pessoas — todos os nossos problemas se agravaram”, disse Ciro.

Com o bordão do debate, Soraya Thronicke falou do voto útil. “A utilidade do voto é mudar o Brasil. Nós não suportamos mais petrolão, mensalão e nem rachadinhas”, disse a candidata, aludindo a escândalos associados a Lula e a Bolsonaro.

Padre Kelmon pediu para que o eleitor vote para “impedir a volta da esquerda ao poder”. Citando Venezuela e Nicarágua como exemplos de países “destruídos pela esquerda” ele apelou para votos ao PTB.

Por fim, Felipe d’Avila ressaltou posturas do Novo sobre uso do fundo eleitoral, além da administração de membros do partido, como o governador Romeu Zema, de Minas Gerais (MG).

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