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Segunda rodada de negociação entre Rússia e Ucrânia é marcada para esta quarta-feira
A delegação russa está pronta para retomar as conversas sobre a guerra com representantes ucranianos nesta quarta-feira (2), disse hoje um porta-voz do Kremlin. “Na segunda metade do dia, perto da noite, nossa delegação estará no lugar à espera dos negociadores ucranianos”, afirmou Dmitry Peskov a jornalistas. Questionado o lugar onde será o encontro, Peskov se limitou a dizer que não iria anunciar antes do tempo.
A primeira mesa de negociação aconteceu na segunda-feira (28), na Bielorrússia, perto da fronteira com a Ucrânia e não obteve resultados concretos.
O anúncio aconteceu horas após o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, declarar que a Rússia continuará a sua ofensiva na Ucrânia até alcançar os seus objetivos, em um contexto de intensificação do uso da força por parte das tropas de Moscou.
“As Forças Armadas russas continuarão a operação militar especial até que sejam cumpridos os objetivos fixados”, afirmou Shoigu em uma entrevista coletiva.
O ministro mais uma vez disse que a Rússia busca a “desmilitarização” e a “desnazificação” da Ucrânia, assim como proteger a Rússia da “ameaça militar criada pelos países ocidentais”. Todas estas metas já foram declaradas antes.
Por desnazificação, é incerto ao que o ministro se refere. O governo russo tem falsamente acusado a liderança ucraniana de ser comandada por neonazistas desde o começo da ofensiva, mas também há grupos paramilitares de extrema direita em operação na Ucrânia.
Após iniciar a ofensiva com ataques mais pontuais, a Rússia começa a adotar táticas mais brutais e destrutivas. Há sinais de que, após encontrarem uma resistência mais dura do que esperavam, as forças russas deixam de lado a abordagem de ataques cirúrgicos para passar a usar a força bruta.
Após vários fracassos militares — como visto, por exemplo, na coluna de veículos russos Tigr fortemente blindados destruídos após tentarem entrar em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia —, autoridades dos EUA e nações aliadas esperam táticas agressivas mais indiscriminadas, com um uso de artilharia e bombardeios pesados. Isto acarretará num número de vítimas e numa destrutividade muito maiores.
Apesar do número de vítimas civis já estar aumentando, o ministro negou que as tropas russas tomem como alvos infraestruturas civis ou residenciais. Ele repetiu o discurso das autoridades de Moscou de que as forças ucranianas utilizam os civis como escudos.
“Lança-foguetes múltiplos e morteiros de grande calibre estão instalados nos pátios dos imóveis próximos de escolas e jardins de infância”, afirmou Shoigu.
Vladimir Putin fez as mesmas acusações, o que alimentou o temor de intensificação dos ataques em áreas urbanas.
Na segunda-feira, delegações da Rússia e da Ucrânia encontraram-se para negociações diplomáticas na Bielorrússia, perto da fronteira com a Ucrânia. Após o encontro, foi afirmado que as delegações iriam fazer consultas com suas lideranças nas capitais, antes da continuidade da negociação.
A Ucrânia classificou a negociação como “difícil”.
Além de Shoigu, o chanceler russo, Sergei Lavrov, fez um discurso nesta terça-feira acusando Kiev de tentar reconstruir seu arsenal de armas nucleares, classificando isso como um perigo real que precisa ser evitado.
“A Ucrânia ainda tem tecnologias soviéticas e os meios de criar de tais armas”, disse Lavrov na Conferência sobre Desarmamento, com sede em Genebra, em um discurso pré-gravado. “Não podemos deixar de responder a este perigo real.”
Até 1991, a Ucrânia integrava a União Soviética e abrigava armas nucleares em seu território. Na época, a então república soviética abrigava um terço das bombas nucleares soviéticas e o terceiro maior arsenal nuclear do mundo, além de condições de produzi-las.
Em 1994, o novo país independente concordou em transferir suas armas atômicas à Rússia, e se juntou ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
O alerta de Lavrov aconteceu dois dias após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a ordem de pôr as armas de dissuasão nuclear da Rússia em estado de “alerta máximas”. Na segunda-feira, o Ministério da Defesa disse que seguiu este comando.
Fontes da inteligência americana, no entanto, disseram que não detectaram mudanças práticas no posicionamento das capacidades nucleares russas.
Além deste comando, Putin duas vezes citou “consequências que nunca foram vistas” em caso de interferência da Otan, a aliança militar ocidental, em favor da Ucrânia, em mensagens entendidas como ameaças nucleares implícitas.
(Com O Globo e agências internacionais)
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