Com a aguardada rodada de sabatinas do Jornal Nacional, da TV Globo, a campanha eleitoral furou as bolhas da política e entrou na vida do eleitor comum: foram 40 minutos de exposição dos principais candidatos para um público superior a 40 milhões de telespectadores.
As entrevistas de Jair Bolsonaro (PL), na segunda-feira (22/8), e de Lula (PT), na quinta-feira (25/8), foram as que mais repercutiram, com audiências muito altas para o horário, o que mostra o interesse das pessoas pelas eleições 2022.
O presidente, que foi duramente cobrado pelos âncoras do telejornal, adotou uma estratégia mais defensiva e acabou numa espécie de 0 a 0. Não perdeu, nem ganhou votos.
Já o petista, que teve um tratamento mais amigável dos apresentadores, se comportou como se estivesse num palanque e passou várias mensagens políticas diretas para quem estava na poltrona. Em suma, falou com o povo.
As sabatinas, num cenário em que os dois principais candidatos demonstram ter eleitores muito consolidados e cristalizados, dificilmente mudam votos, exceto se algum deles cometer uma grande gafe, algo marcante. Caso contrário, esses eventos servem para aquecer o debate eleitoral e confirmar intenções. Em outras palavras, ajudam a validar percepções, por isso são importantes.
E exatamente agora, com o início da propaganda eleitoral na TV, é que o eleitor de fato começa a fazer suas escolhas definitivas.
Enquanto isso, no âmbito do Judiciário, mais um capítulo palpitante do conflito com o Poder Executivo. Recém-empossado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes decidiu enquadrar empresários que apoiam Bolsonaro por trocas de mensagens com teor supostamente “golpista”. O ministro determinou buscas, bloqueios e quebras de sigilo contra um grupo de pesos-pesados do PIB que são bolsonaristas. A operação e as fundamentações jurídicas para a medida geraram muita controvérsia e colocaram novamente combustível na crise entre os Poderes.
No TSE, Moraes acabou liderando decisões também importantes como a obrigatoriedade de que o plenário delibere sobre ações de propaganda e a proibição do ingresso de telefones celulares nas seções de votação. As duas questões incomodaram bastante os aliados de Bolsonaro, o que indica que vem mais barulho aí até o 7 de Setembro.
Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo.