A semana começou sob os efeitos do primeiro debate na TV, transmitido pela Bandeirantes e que teve Lula começando bem, explorando um tema muito negativo para o governo: a pandemia. Mas Bolsonaro reagiu e, no final das contas, levou uma ligeira vantagem ao tratar do tema corrupção, usando como “escada” a presença do ex-juiz da Lava Jato, ex-ministro dele e senador eleito Sergio Moro, que foi aos estúdios.
Logo no dia seguinte, um episódio tenso: tiroteio na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, abalou a campanha de Tarcísio de Freitas (PL), candidato de Bolsonaro a governador de São Paulo. A troca de tiros ocorreu próximo ao evento de campanha do ex-ministro de Infraestrutura. Ao que tudo indica, não foi um atentado nem um evento de natureza política, mas as redes sociais acabaram dando um enfoque eleitoral ao episódio.
E também nas redes, foi uma semana de duelo digital entre Lula e Bolsonaro. O petista bateu o recorde de audiência do podcast Flow, levando mais de 1 milhão de pessoas simultaneamente a acompanhar o programa na terça-feira (18/10). A equipe de Bolsonaro foi rápida e deu a resposta: mobilizou 1,7 milhão de espectadores simultâneos no podcast “Inteligência Limitada” na quinta-feira (20/10).
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assumiu novamente o protagonismo na reta final do segundo turno, com decisões removendo conteúdos e agindo preventivamente contra a desinformação junto às plataformas.
Por lá, outra batalha de proporções radioativas está acontecendo: a disputa por direitos de respostas, que podem afetar a presença dos candidatos nas inserções de TV da última semana da eleição.
É consenso entre as duas campanhas que a eleição caminha para um desfecho muito apertado e a decisão será nos detalhes, movida muito mais pela competição de rejeições.
Quais seriam esses detalhes decisivos? Um deles é a abstenção. Por isso as mobilizações para garantir transporte gratuito a eleitores, mudanças nas datas dos feriados dos servidores públicos e outras medidas tomadas por apoiadores dos dois candidatos.
O segundo é o debate na TV Globo, marcado para a próxima quinta-feira (28/10), que terá grande audiência e não permite erros.
O terceiro é a efetividade da batalha nas redes, sobretudo nos temas de costumes, comportamento e religiosos, que acabaram capturando o debate eleitoral do segundo turno.
O quarto detalhe, e não menos importante, é o envolvimento das máquinas públicas, tanto a federal quanto as dos governos estaduais e municipais. Governadores, prefeitos e deputados em campanha têm um alto poder de convencimento, sobretudo nas cidades do interior do país.
Com tudo isso, é bastante provável que cheguemos à véspera do segundo turno ainda com um grau de incerteza quanto ao resultado.
(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo)