Temer diz que próximo governo do Brasil deve seguir política externa de “multilateralismo”
Ex-presidente falou com exclusividade à Inteligência Financeira
Manter diálogo com todos os países e adotar uma postura “multilateral” na política externa. Essa é a avaliação do ex-presidente Michel Temer, que falou sobre diplomacia e investimento internacional com exclusividade à Inteligência Financeira, sobre quais devem ser os próximos passos do Brasil perante o cenário internacional.
“Multilateralismo. Precisamos de um Estado brasileiro multilateralista, ou seja, com relação com todos os países do mundo”, disse Temer à reportagem. “A relação entre países hoje deixou de ser político-institucional — ela é comercial. Cito inclusive exemplos das relações que temos. Nsso maior parceiro comercial é a China, e o segundo são os Estados Unidos”.
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O ex-presidente também destacou como o Brasil mantém relações favoráveis com países árabes, que compram 45% da carne de frango produzida nacionalmente, e, por outro lado, com Israel, cuja aproximação com o governo Bolsonaro envolve acordos tecnológicos. Dados da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) mostram que 70% da cota total de aves importadas pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) vem do Brasil.
Temer reforçou a importância de dar continuidade ao acordo entre Mercosul e União Europeia, iniciado pelo governo Bolsonaro, mas que foi deixado em “banho-maria” após exigências da UE. “Evidentemente, temos que levar adiante [na política externa] o que está disposto no acordo Mercosul e União Europeia, estreitando a relação entre Brasil e Europa”, afirmou o ex-presidente.
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Quando questionado como Brasil poderia atrair mais investimento estrangeiro, Temer disse à IF que é necessário dar mais segurança às empresas e empresários. “Tenho viajado pelo exterior e verificado que o que eles [investidores estrangeiros] mais querem é investir em um país seguro. E são trilhões de dólares”, pontuou o emedebista.
“Eles querem a certeza de que o investimento que vem para cá será muito bem recebido e com segurança sob o foco jurídico e político”, continuou Temer.
Ouça abaixo um trecho da entrevista:
Temer defende reformas e teto de gastos
Temer compareceu ao evento “E Agora Brasil?”, produzido em parceria entre os jornais Valor Econômico e o Globo, e falou sobre as reformas econômicas e políticas que acredita serem necessárias para quem ganhar as eleições.
O ex-presidente também discutiu reformas de autoria de sua gestão, como a da Previdência e a trabalhista, e quais serão os desafios do próximo presidente na aprovação de novas medidas. Temer comentou que acha difícil aprovar qualquer texto de caráter reformista na atual composição do Congresso e com o clima da polarização.
Em defesa da reforma trabalhista, cujo aprovação se deu em seu governo, o emedebista disse que o projeto harmonizou as relações de trabalho. “Se você quiser tirar direitos do trabalhador, tire a reforma”, afirmou ele, que também defendeu o teto de gastos, medida aprovada em gestão.
Apoio de Meirelles a Lula é positivo, avalia Temer
Ao falar do apoio de Henrique Meirelles à campanha de Lula, Temer disse que vê a embarcação de seu ex-ministro da Fazenda como positiva. “Ele [Meirelles], estando lá, pode ajudar a explicar aos lulistas a importância do teto de gastos”, disse o ex-presidente.
Temer ressaltou que o economista foi decisivo na aprovação do teto de gastos, do qual é tido como “pai”e “grande patrocinador”. Meirelles ajudou a dialogar com o Congresso a favor da aprovação da PEC.
Para o emedebista, um novo mandato corre riscos ao revogar o teto de gastos. “Sabemos que o teto de gastos dá credibilidade fiscal. Digo que pode-se rever o teto de gastos e fazer alguns ajustes, mas não deve-se revogá-lo”, concluiu Temer.