Análise: Com ‘3º turno’ antecipado, Bolsonaro tenta retomar controle da pauta da eleição

Campanha do presidente aposta nos questionamentos ao Tribunal Superior Eleitoral TSE para ativar militância

O presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR
O presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

Com a estabilização nas intenções de voto e atrás nas pesquisas no momento crucial da disputa, a campanha de Jair Bolsonaro mergulhou na construção da narrativa do “terceiro turno”, apostando nos questionamentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como fonte de ativação da militância e retomada do controle da pauta eleitoral.

O grupo envolvido nas denúncias contra a Corte eleitoral conta com o endosso do presidente, que vem contestando a legitimidade do tribunal há mais de um ano.

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O discurso de suposta parcialidade dos magistrados pode, na visão de interlocutores, devolver ao chefe do Executivo o comando da agenda do segundo turno, hoje deslocada para temas econômicos e potencialmente negativos para o bolsonarismo.

Os episódios de retirada de conteúdos, concessão possivelmente desigual de direitos de resposta e, agora, descoberta de possível “apagão” nas veiculações em emissoras de rádio, corroboram essa narrativa, fortemente presente nos atos de 7 de Setembro.

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Independentemente da pronta rejeição da ação endereçada à Corte, integrantes do QG bolsonarista pretendem recorrer e ampliar a auditoria nos mapas de mídias. O objetivo é reunir mais elementos que comprovem as acusações de favorecimento a Lula e voltar a provocar o TSE nos próximos dias.

O próprio Bolsonaro chamou o caso para o seu colo. Depois de aliados estimularem durante todo o dia a tese extrema de adiamento da votação, o que seria inconstitucional, o presidente convocou entrevista “emergencial” para criticar a decisão de Alexandre de Moraes.

Ao lado dos ministros Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bolsonaro repetiu que jogará “nas quatro linhas da Constituição”, mas insinuou que é vítima de um suposto desequilíbrio na propaganda eleitoral, o que pode “tirar votos” no instante decisivo.

O inimigo

A escolha de Alexandre de Moraes como “algoz” do bolsonarismo é uma opção pessoal de Bolsonaro, que procura manter uma polarização com o ministro, recrudescida no transcorrer da campanha, em especial quando vazou uma quebra de sigilo de assessor que implicava informações de pagamentos feitos para cobrir despesas da primeira-dama, Michelle.

Bolsonaro também foi autor, de próprio punho, de um pedido de impeachment de Moraes, endereçado ao Senado Federal no ano passado e prontamente engavetado pelo presidente Rodrigo Pacheco.

Agora, faltando quatro dias para a decisão das urnas, o presidente reedita a retórica antissistema para jogar incertezas sobre o que se sucederá após a eleição, dando indicativos de que não reconhecerá prontamente o resultado, caso seja derrotado e ampliando a insegurança jurídica para o início da próxima semana.

Ruas e redes

Enquanto isso, apoiadores de Bolsonaro já se preparam para atos públicos no dia 29, sábado, nas principais capitais. A ideia é realizar manifestações de rua sob o lema “Eleições Limpas”, criando uma dinâmica que mistura protesto contra o TSE e caminhadas de reta final para endossar a candidatura do presidente à reeleição.

Nas redes sociais, a temperatura subiu na mesma proporção: o tema entrou no radar dos internautas e suscitou a curiosidade dos brasileiros.

Segundo levantamento feito pelo “Google”, a pergunta “pode ter terceiro turno na eleição?” aparece com escalada nas buscas, com crescimento de 5.000% nas pesquisas orgânicas feitas nesta quarta-feira.

Já as buscas na ferramenta da empresa, uma das mais populares do país, pela expressão “terceiro turno” quadruplicaram na comparação dos últimos sete dias se levarmos em consideração o igual período anterior.

Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo.

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