Vizinhos da Rússia dificultam entrada de reservistas fugindo da guerra
Decisão deixa convocados para luta contra Ucrânia sob risco de prisão
Os russos que esperam fugir da convocação militar anunciada pelo presidente Vladimir Putin estão enfrentando dificuldades para serem aceitos pelos vizinhos do país na União Europeia (UE), que dizem que não vão estender o tapete de boas-vindas aos reservistas fugindo da guerra.
Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia, que compartilham fronteiras terrestres com a Rússia, descartaram em conjunto aumentar as categorias de russos passíveis de receber asilo nos países. Autoridades da Polônia e dos países bálticos disseram em entrevistas que não comprometeriam sua segurança interna para receber um grande número de russos.
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Esses governos também têm pouca simpatia pelos cidadãos russos, que não podem demonstrar uma oposição às invasões de seu país na Geórgia, Crimeia e outras intervenções militares.
A decisão deixa os reservistas russos que não querem lutar com poucas saídas, já que a recusa da convocação é punível com até 10 anos de prisão. A Rússia proíbe a saída daqueles que já foram convocados.
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Aqueles que ainda não foram convocados – mas podem ser – tem a possibilidade de sair, embora a maioria dos voos e viagens de trens com a UE esteja suspensa devido às sanções. O custo das passagens aéreas para capitais europeias que não pertencem à UE, como Belgrado, explodiu nos últimos dias.
Aqueles que saem do país por terra têm apenas uma fronteira terrestre com a UE diretamente disponível, com a Finlândia, cujos 11 postos de controle permanecem abertos. Mas o país reduziu o número de vistos que está emitindo e está sob pressão de seus vizinhos e partidos da oposição para impedir a entrada dos russos. Em uma reunião de governo nesta sexta-feira, a Finlândia decidiu reduzir ainda mais o número de russos que entram na Finlândia. Os detalhes da nova política ainda estão sendo elaborados, disseram autoridades finlandesas.
Na quinta-feira, a Noruega, que não faz parte da UE, mas faz parte da zona de viagens sem passaporte da Europa, suspendeu um acordo de visto que facilitava o acesso ao país por cidadãos da Rússia através do posto fronteiriço de Storskog no Ártico, o único posto de controle ainda aberto entre os dois países.
Autoridades ucranianas também estão pedindo à UE que mantenha as fronteiras fechadas para russos que desejam escapar do alistamento.
“Russos recrutados à força que não desejam morrer ignominiosamente em um país estrangeiro, rendam-se na primeira oportunidade. A Ucrânia garante sua vida e um tratamento digno”, disse Mykhailo Podolyak, assessor do presidente Volodimyr Zelensky, no Twitter.
As regras para um estrangeiro para entrar na Europa por motivos de asilo seguem a legislação da UE. Mas no caso da guerra na Ucrânia, todos os oficiais poloneses e de países do Báltico esperavam que os oficiais da UE decidam contra os russos que estão fugindo das convocações
Na Alemanha, vários ministros do governo disseram que Berlim acolheria solicitantes de asilo que procuram evitar lutar na guerra na Ucrânia, e a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, diz que está discutindo com os Estados-membros sobre o assunto.
“Quem odeia o governo de Putin e ama a democracia liberal é bem-vindo na Alemanha para nós”, disse Marco Buschmann, ministro da Justiça da Alemanha do Partido Democrata Livre, no Twitter.
A discussão sobre os reservistas russos segue uma divergência dentro da UE sobre como as regras devem ser restritivas para os civis russos que entram no bloco. Embora muitos dos vizinhos da Rússia na UE tenham impedido a entrada de russos, França e Alemanha estão entre os que defendem o acolhimento dos que estão fugindo da Rússia e também aqueles que são contra o presidente Putin.
Mesmo que a UE tentasse permitir a passagem de russos reservistas, os aspectos práticos do acolhimento seriam complicados. As autoridades observam que, se alguém já foi convocado, suas chances de sair da Rússia com sucesso são pequenas.