Por que a alta na taxa de juros nos EUA afeta os investimentos no Brasil? Entenda

O sinal de que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unido, pode acelerar o início do ciclo de alta nos juros já a partir de março tem agitado os mercados globais

O sinal de que o Federal Reserve (Fed) – o Banco Central dos Estados Unidos – pode acelerar o início do ciclo de alta nos juros já a partir de março tem agitado os mercados globais. Em meio ao temor que os EUA elevem a taxa de juros rapidamente para estancar uma alta na inflação, os investidores realocam seus ativos em busca de segurança.

Nessa realocação, os mercados emergentes, de maior risco, saem perdendo e as consequências desse reordenamento dos investimentos devem ser vistas também na bolsa brasileira.

A alta dos juros americanos pode fazer com que os fluxos financeiros voltem em parte (o tamanho ainda não sabemos) aos Estados Unidos, como os investimentos estrangeiros que estão alocados na bolsa do Brasil.

O país tem ainda desafios domésticos – inflação em alta, eleições presidenciais e o sempre presente risco fiscal. Isso é um incentivo para os agentes levarem seus recursos em direção a ativos reconhecidamente seguros, como os Treasuries americanos – cujo rendimento já está subindo mesmo antes de o Fed elevar os juros.

Além da “busca por qualidade” (fenômeno chamado “flight-to-quality”) afetar as bolsas brasileiras (e de países emergentes como um todo), a saída de dólares pode levar a uma desvalorização ainda maior nas moedas emergentes.

Para evitar esta fuga, os bancos centrais devem também elevar os juros de forma que o país não fique exposto a um diferencial muito grande entre os juros internos e externos. E uma alta nos juros internos tornaria investimentos em renda fixa – de menor risco – mais atraentes.

As ações da bolsa também passariam a carregar o custo de financiamento das empresas, que aumentará junto com os juros, tornando-se menos rentáveis.

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