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Promoções? Descontos? Cuidado com as compras por impulso
De todas as armadilhas que nos levam à comprar por impulso, o desconto é o mais perigoso. Ele nos dá uma urgência do gasto, não porque precisamos da compra do produto ou serviço, mas porque não podemos perder a pechincha. E isso pode nos levar a uma espiral de gastos, sem o menor controle, porque os descontos estão por toda a parte, de diferentes formas.
Descontos e promoções são culturais
Veja, por exemplo, os holandeses. Eles amam descontos, mas a característica que mais apreciam é quando você leva para casa mais de um produto. Na minha passagem por Amsterdã, contei sucessivas promoções do tipo compre um e leve dois. O formato correto para os holandeses é compre um e o segundo e terceiro têm preços menores. É tentador.
Consegui me desvencilhar desses acenos de bons negócios até que com certa facilidade. Mas, prestes a embarcar de volta, no aeroporto Schiphol, caí na tentação e comprei muitos Tony’s Chocolonely. Não eram necessários tantos para satisfazer meu desejo de chocólatra, mas era a oportunidade de comprar um e levar os outros mais baratos.
Os americanos reverenciam a Black Friday, tanto quanto o Natal ou o Dia de Ação de Graças. A data inaugura a temporada de compras natalícias com descontos bastante agressivos e deixa os consumidores americanos ensandecidos.
Nos últimos anos, foi importada pelo comércio também no Brasil e já seduz muitos por aqui. É um gatilho para o consumismo desenfreado, alimentado pela compra por impulso. Tá barato? Então, coloca na sacola. Precisa? Bem, aí é outra história.
Na Índia, os descontos são sucessivos e frenéticos, começando assim que você mostra interesse por qualquer produto. Não é exagero dizer que você começa em 100 e pode ir baixando até 20. No Marrocos, há um processo semelhante, talvez não tão agressivo em termos de oferta, porque para os marroquinos há um piso mínimo até onde chegar.
É praticamente impossível você sair de alguma experiência de consumo sem levar nada na Índia. Eles baixam o preço sucessivamente e rápido para que não haja muito tempo para fazer cálculos. Se, ao chegar ao piso, ele ainda não te seduziu, então, começa uma verdadeira artilharia de incluir mais itens na compra de forma parecer que você está fazendo um excelente negócio. Comprar qualquer coisa na Índia sem antes negociar preço chega a ser uma ofensa para o vendedor.
O que é uma compra por impulso?
Afinal, o que é exatamente uma compra feita por impulso? Basicamente, é aquela que você faz sem planejamento, impulsivamente.
Mesmo pessoas muito zelosas com seu orçamento fazem compras por impulso. É humano. Que atire a primeira pedra aquele que nunca viu um desconto pelo caminho e voltou para comprar, mesmo que não fosse um consumo urgente e necessário.
Os descontos são bons? São ótimos. Mas, mesmo nesses casos, vai nos ajudar bastante ter um mínimo de planejamento.
Como evitar a compra por impulso
Quer saber como evitar a compra por impulso? Passei a fazer sempre três perguntas básicas antes de colocar a mão no bolso:
1- É uma compra necessária?
Mesmo que não seja uma necessidade urgente, não há problemas se você comprar. O problema é quando você se farta de coisas que não precisa e sequer precisará um dia.
2- O desconto é real?
Ou seja, você realmente sabe qual o valor cobrado pelo produto e serviço porque já fez pesquisas anteriores e, sim, está mais barato.
3- Tenho dinheiro para fazer esta compra?
Não raro nos metemos em armadilhas financeiras porque compramos sem poder, ou seja, sem ter recursos suficientes. Este risco aumenta de voltagem em caso de promoções e descontos. Se endividar significa perder o desconto e pagar mais caro se você tomar recursos emprestados para finalizar a compra.
Como cheguei a essas perguntas? Bem, é um segredo, mas vou partilhar com você. Numa viagem que fiz à Índia, há alguns anos, consegui cometer esses três erros: comprei o que não precisava, o desconto não era de verdade e usei o limite do cartão de crédito.
Resultado: voltei ao Brasil com uma mala extra recheada de roupas da moda indiana. Por muitos meses, dei de presente a amigas saris e batas indianas que eu nunca usei em São Paulo.
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