Rafael Menin, copresidente da MRV (MRVE3): ‘Vamos fazer o feijão com arroz, mas bem feito’
Rafael Menin, copresidente da MRV (MRVE3): ‘Vamos fazer o feijão com arroz, mas bem feito’
Executivo diz que construtora quer reduzir a alavancagem e a queima de caixa e deve deixar de construir em 40 cidades do país para simplificar operação
Em evento para investidores nesta terça-feira (7), o copresidente da MRV (MRV3), Rafael Menin, detalhou um plano da empresa para reduzir o tamanho de sua operação no país. O objetivo é simplificar os produtos oferecidos e cortar custos administrativos e de venda.
Dentro de três anos, a empresa quer parar de construir em cerca de 40 cidades. Ainda vão sobrar mais de 80 municípios, metade apenas no Estado de São Paulo. A outra metade ficará distribuída por regiões metropolitanas do país.
“O Brasil é muito despadronizado, o que trouxe complexidade muito grande de formas de alumínio e de tipologia”, afirma Menin. “Temos trabalhado para simplificar isso. Vamos fazer o feijão com arroz, mas bem feito”.
Movimento de simplificação
Mesmo com a redução no escopo das cidades, a empresa quer elevar sua venda anual de unidades para 40 mil, ante as 33 mil de 2022. “É uma retomada de volume, não um crescimento, o ano passado foi mais fraco em vendas porque tivemos que subir o preço em quase 24% no período”, diz Ricardo Paixão, diretor-financeiro da MRV&Co. Ele ressalta que a companhia já chegou a 45 mil unidades vendidas em 2020. Neste ano, o aumento de valor das unidades deve ser menor e proporcionar maior volume de vendas.
O movimento de simplificação também vai ao encontro das prioridades da MRV&Co neste ano, segundo o copresidente: reduzir a alavancagem e a queima de caixa e aumentar a rentabilidade.
A incorporadora reportou queima de R$ 2,2 bilhões em 2022, quatro vezes maior do que no ano anterior. “Não podemos ter queima de caixa neste ano, é muito importante”, diz Menin.
Visão 2023-2025
No evento, a companhia divulgou sua visão para o período entre 2023 e 2025. Para este ano, espera terminar uma geração caixa zero ou de até R$ 200 milhões. Esse valor subiria para R$ 600 milhões ou R$ 800 milhões em 2025.
Ajudará neste ponto a elevação da margem bruta da companhia, que fechou o terceiro trimestre de 2022 em 19,3%, queda de 7,8 pontos percentuais em um ano. Para 2023, a meta está entre 22% e 24%, ampliando para 30% a 33% em 2025.
Continuar elevando o preço de venda das unidades será importante para isso. Segundo o planejamento da empresa, o lucro bruto de cada unidade vendida da MRV deve subir de R$ 61,7 mil em dezembro do ano passado para R$ 75,9 mil no final deste ano.
Projeções
As projeções da MRV&Co se baseiam no atual modelo do programa habitacional federal, que ainda será alterado para o relançamento como Minha Casa Minha Vida. A depender do que for aprovado — há expectativa de Menin de um novo aumento de 10% no teto do valor das unidades enquadradas na política — a companhia deverá ganhar “vento de cauda”, e poderá escolher entre aumentar o volume de produção ou ganhar mais preço.
Contudo, operar na faixa inicial do programa, a mais subsidiada, está fora dos planos da empresa. “Pensando no nível de envolvimento com a prefeitura local, em como é feita a escolha dos projetos e na mudança de preço ao longo do tempo, não é um segmento que nos deixa confortáveis”, afirma Menin.