Suzano triplica lucro líquido no 4º tri e presidente fala em melhor ano da história

Empresa também cancelou 37 milhões de ações mantidas em tesouraria, 93% do total

Planta da Suzano, gigante do setor de papel e celulose - Foto: divulgação
Planta da Suzano, gigante do setor de papel e celulose - Foto: divulgação

Maior produtora mundial de celulose de mercado, a Suzano (SUZB3) registrou em 2022 o melhor ano de sua história, com geração de caixa expressiva suportada por câmbio e preços elevados da celulose, que mais do compensaram o aumento de custo com commodities, disse ao Valor o presidente da companhia, Walter Schalka.

Além do forte desempenho operacional e financeiro, observou o executivo, a Suzano teve conquistas importantes na área ambiental, tem projetos relevantes em curso e tornou mais competitiva sua base florestal, entre outros avanços.

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“A companhia tem feito investimentos expressivos, com um plano de R$ 18,5 bilhões para 2023”, afirmou.

Lucro líquido mais que triplica no 4º tri

Beneficiada pela melhora dos preços da celulose e do papel e pelo impacto positivo da variação cambial na dívida e em operações de hedge, que melhorou o resultado financeiro, a Suzano encerrou o quarto trimestre com lucro líquido de R$ 7,46 bilhões, mais de três vezes acima do registrado um ano antes.

Em 2022, a maior produtora mundial de celulose de mercado teve lucro líquido de R$ 22,56 bilhões, 20% superior ao ganho visto um ano antes.

Cancelamento de 93% das ações

O conselho de administração da Suzano aprovou na terça, dia de divulgação dos resultados, o cancelamento de 37,14 milhões de ações ordinárias, atualmente mantidas em tesouraria, equivalentes a 92,86% do total de ações emitidas pela companhia.

Os ativos foram adquiridos no contexto dos programas de recompra de ações da Suzano, aprovados em reuniões do conselho em 2022 e executados entre os meses de maio e setembro, sem alteração do capital social e contra os saldos das reservas de lucro disponíveis.

Após o cancelamento, permanecerão em tesouraria um saldo total de 15 milhões de ações ordinárias. Segundo a companhia, elas poderão ser usadas para o cumprimento de planos de incentivo já aprovados e que venham a receber aval da Suzano.

Com o cancelamento, o capital social da companhia de aproximadamente R$ 9,3 bilhões passa a ser dividido em cerca de 1,32 milhão de ações ordinárias.

Receita e vendas

A receita líquida da companhia no quarto trimestre somou R$ 14,37 bilhões, alta de 25% na comparação anual, impulsionada pelos preços mais elevados da celulose e do papel.

Em volume, as vendas de celulose cresceram 1%, para 2,76 milhões de toneladas, enquanto as de papel recuaram 9%, a 338 mil toneladas.

Preço da celulose

De outubro a dezembro, o preço médio líquido da celulose vendida pela Suzano alcançou US$ 831 no mercado externo, 32% acima do realizado um ano antes. Já o preço médio líquido de papel ficou em R$ 7.079 por tonelada no trimestre, aumento de 39%.

Ebtida

No intervalo, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia alcançou R$ 8,18 bilhões, 29% acima do visto no último trimestre de 2021, porém 5% abaixo do registrado no terceiro trimestre. No ano, o Ebitda ajustado chegou a R$ 28,2 bilhões, alta de 20%.

Receita financeira

No quarto trimestre, a Suzano teve receita financeira líquida de R$ 2 bilhões, frente à despesa financeira líquida de R$ 2,66 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Projeto Cerrado

Nesse orçamento estão incluídos os desembolsos com o Projeto Cerrado, que compreende a maior linha única de celulose do mundo e em novos negócios (como celulose microfibrilada), além de investimentos em manutenção e projetos de melhoria de competitividade. A Suzano aguarda ainda o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para concretizar a compra dos ativos de tissue da Kimberly-Clark no Brasil.

Custos e inflação preocupam

Conforme o executivo, embora a companhia esteja tocando um projeto do porte de Cerrado, neste momento o empreendimento preocupa menos do que custos e inflação. “Essa é a principal questão, saber quanto do custo hoje é conjuntural e quanto é estrutural. E com algum evento geopolítico mais relevante, que afete a demanda no mundo”, afirmou, acrescentando que o risco de o mundo entrar em recessão por causa dos níveis elevados de inflação e juros também é um ponto de atenção.

Projeção para custos operacionais

Junto com os resultados de 2022, a Suzano atualizou as projeções para o custo operacional total da celulose que produz e comercializa até 2027. A companhia esperava chegar a R$ 1,5 mil por tonelada no longo prazo, mas diante da onda inflacionária recente, elevou a expectativa para R$ 1,75 mil por tonelada.

“A boa notícia é que vai ser R$ 270 abaixo do que é hoje”, disse o diretor de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da Suzano, Marcelo Bacci.

Revisão dos custos

Em 2022, o aumento do custo caixa chegou a 28% em meio ao aumento de custo das commodities e o desembolso operacional total da companhia chegou a R$ 2.022 por tonelada de celulose.

Mesmo com a revisão, que leva a um custo total em dólares de US$ 336 por tonelada, uma alta de US$ 47 por tonelada, a Suzano segue bem mais competitiva que suas pares globais. Na indústria, o aumento de custos tem variado de US$ 50 a US$ 100 por tonelada, o que leva o custo marginal para níveis de US$ 600 por tonelada atualmente.

Segundo Bacci, o projeto Cerrado, que tem custo de produção ainda mais baixo do que o atual da companhia, iniciativas de produtividade e alguma normalização dos preços das commodities contribuirão para que a Suzano seja menos afetada por essas pressões externas.

Aumento generalizado de preços

Esse aumento generalizado de custos na indústria contribui para estabelecer um novo suporte aos preços internacionais da celulose, mas não está claro até que ponto irá a correção iniciada em dezembro, afirmou Schalka.

“Difícil saber em que preço a celulose vai chegar em 2023, mas temos uma percepção um poco mais benigna do mercado”, comentou o executivo.

China volta às compras em ritmo acelerado

Segundo ele, a China voltou às compras em ritmo “bastante positivo” e na Europa e nos Estados Unidos, o mercado de tissue segue crescendo. Há algum enfraquecimento no mercado de imprimir e escrever europeu, mas a demanda de celulose, no geral, está sadia, acrescentou.

Já o mercado de papel, tanto internacional quanto doméstico, caminha para ser mais fraco neste ano, uma vez que a inflação tem impacto no consumo.

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