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São Carlos, dos ex-donos da Americanas, recebe de volta antiga loja do Mappin na praça Ramos
A São Carlos Participações está recebendo de volta o antigo ponto do Mappin, no centro de São Paulo, depois que a Casas Bahia decidiu fechar a loja no local e devolver toda a área locada, inclusive os 14 andares do prédio. O fechamento ocorreu na semana passada.
A São Carlos, dona do imóvel, é controlada por membros das famílias do trio de sócios Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, os mesmos controladores da Americanas, varejista que passa por uma grave crise financeira.
No portfólio da São Carlos constam 40 lojas de rua, sendo 24 em São Paulo, segundo balanço de resultados.
A Via, dona das marcas Casas Bahia e Ponto, confirmou o fechamento da unidade, na Praça Ramos de Azevedo. Segundo a varejista, trata-se de um ciclo normal do negócio, e faz parte de um processo natural de abertura de encerramento de pontos.
A São Carlos já tentou vender o prédio e o ponto da loja nos últimos anos, sem sucesso, dizem duas fontes.
“O problema é que, do ponto de vista comercial, não valia, pelo preço que queriam, e pelo risco de liquidez do imóvel, se a Casas Bahia saísse de lá”, diz um gestor de um grande fundo imobiliário. Por questões de sigilo contratual, ele não informa o preço.
Procurada, a São Carlos afirma que “seu objetivo é obter lucro para seus acionistas a partir do investimento em imóveis comerciais para locação”, e desde que foi notificados, em meados de 2022, sobre a saída da Casas Bahia do edifício João Brícola, tem conversado com empresas do varejo e outros ramos, como saúde e educação para ocupação do espaço.
Apesar de a São Carlos afirmar que a questão vem sendo discutida há mais de seis meses, a direção do Sindicato dos Comerciários de São Paulo teme que a decisão de deixar o imóvel seja uma reação ao cenário gerado após o pedido de recuperação judicial da Americanas, em janeiro passado.
Para consultores do setor, a medida pode ser, em parte, efeito da crise pós-pandemia e da queda no tráfego de clientes no centro da cidade, e da deterioração do bairro, que afetou o desempenho comercial.
Segundo esses especialistas, aberturas e fechamentos fazem parte de um processo de cálculos de retornos e do planejamento estratégico de crescimento orgânico, e são decisões que levam meses até serem tomadas.
Ainda afirmam que a tolerância das empresas a pontos com desempenho abaixo da média diminuiu, especialmente após a crise sanitária, que elevou o custo dos recursos no mercado e tornou a gestão de capital mais crucial.
O Mappin fechou as portas no local em 1999, e a Casas Bahia funcionava na unidade desde 2004, por meio de contrato de locação.
De julho a setembro, último trimestre com dados publicados, a Via abriu 16 novas lojas de todas as redes, acumulando 48 aberturas no ano. E fechou 18 unidades no terceiro trimestre, todas por conta de sobreposição. Em setembro de 2021, eram 1.029 lojas e um ano depois, existiam 1.121.
A área total subiu de quase 1,5 mil metros quadrados para pouco mais de 1,6 mil.
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