Banco Central corta taxa Selic em 0,50 ponto e taxa vai a 13,25% ao ano
Decisão acontece após sete reuniões consecutivas em que a taxa ficou estacionada em 13,75%
O Copom do Banco Central deu início ao ciclo de cortes da Selic após sete reuniões consecutivas em que a manteve estacionada. Os dirigentes da autarquia reduziram nesta quarta-feira (2) a taxa em 0,50 ponto porcentual (p.p.), de 13,75% para 13,25% ao ano.
Em decisão dividida, cinco dos nove integrantes do Copom votaram por uma redução de 0,50 p.p.. Por fim, o voto de minerva recaiu ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
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Além disso, os novos diretores, Gabriel Muricca Galípolo e Ailton de Aquino, indicados por Lula e que participaram do colegiado pela primeira vez, também engrossaram o caldo por um corte mais agressivo.
O comunicado que acompanha a decisão, publicado no site do BC, deixou a porta aberta para novos cortes de 0,50 p.p. para as próximas reuniões. A mensagem, aliás, surpreendeu os agentes do mercado.
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O corte na Selic, no entanto, não é suficiente para tirar do Brasil o posto de país com a maior taxa de juro real do mundo (descontada a inflação), de 7,54% ao ano, considerando o levantamento do site MoneyYou com 40 economias.
A taxa real brasileira está bem acima de México (6,64%) e Colômbia (6,15%), que vêm logo na sequência na lista. A média das 40 economias é de 0,84%..
Magnitude do corte da taxa dividia o mercado
A maioria dos economistas realmente esperava por uma redução de 0,25 ponto porcentual. Outra ala, entretanto, via espaço para um corte maior, de 0,50 ponto, após uma evolução positiva do cenário no último mês.
Após a última decisão do Copom, em 21 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter as metas de inflação em 3%, com banda de tolerância de 1,5 ponto porcentual, colocando fim a mais de seis meses de incerteza.
Como resultado, houve uma queda das medianas do relatório Focus para o IPCA de 2023 (5,12% para 4,90%), 2024 (4,0% para 3,90%), 2025 (3,80% para 3,50%) e 2026 (3,80% para 3,50%).
Na semana, o mercado viu uma nova rodada de boas notícias. Destaque para a deflação mais intensa do que o esperado no IPCA-15 de julho, de 0,7%. Ela veio acompanhada de alívios maiores do que o previsto na média dos núcleos e nos serviços subjacentes, e a elevação da nota de crédito soberano do Brasil pela Fitch, de BB- para BB, com perspectiva estável.
Decisão amplamente debatida
De acordo com o comunicado divulgado pelo BC, os integrantes do Copom confessam que a decisão foi amplamente debatida.
O colegiado avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 p.p.. Considerou, porém, “ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário”.
No entanto, o comunicado reforça que “o firme objetivo” do BC, é o de “manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”.
De acordo com os integrantes do Copom, em nota, “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Porta aberta para novo cortes
Os técnicos do BC chegam a surpreender o mercado. Nesse sentido, abrem uma janela que, na margem, pode levar a Selic ao patamar de 11,75% ao ano. Isso vai depender, entretanto, de novos cortes de 0,50 p.p. nas próximas três reuniões do Copom.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, aponta o texto.
“O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, destaca o comunicado.
O que é a taxa Selic?
Selic é a sigla para “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”. É a taxa básica e, mais importante do que isso, é ela que baliza todo o mercado financeiro. Portanto, o investidor dificilmente vai encontrar juros menores do que ela.
A Selic também é um bom termômetro para os investimentos. Assim, um papel que pague abaixo da taxa de juros merece ser trocado por outro que pague pelo menos a mesma coisa. O Banco Central (BC) équem define a taxa, que sobe todas as vezes que precisa controlar a inflação.
O que é o Copom, que define taxa Selic?
A Selic não nasce de geração espontânea, do nada. Um colegiado que se reúne a cada 45 dias a define, decidindo se vai aumentar ou reduzir a taxa. Este grupo de pessoas avalia dados macroeconômicos, como o desempenho da atividade econômica, olha para as contas públicas, vê o desempenho da inflação, estuda a quantas anda o câmbio. Tudo isso olhando sempre para a conjuntura internacional, uma vez que o investidor estrangeiro tem grande relevância para Brasil, bem como nossas exportações e importações.
O nome que se dá a este grupo é Comitê de Política Monetária (Copom), órgão que pertence à estrutura do BC. Este grupo é composto pelos chefes do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento Econômico (Depec), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), Departamento das Reservas Internacionais (Depin) e Departamento de Assuntos Internacionais (Derin).
Os encontros do Copom acontecem durante dois dias seguidos (terça e quarta-feira), a cada 45 dias. A ata com a decisão vem a público na terça-feira, uma semana depois do primeiro dia da reunião. É nela onde estão os detalhes da decisão, com uma sinalização do que deve acontecer no próximo encontro.