Banco Central sobe tom e prevê choque de mais duas altas de 1 ponto percentual na Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central adotou tom mais duro contra a inflação nesta quarta-feira (11) ao elevar a taxa nominal de juros, a Selic, em 1 ponto percentual. A taxa agora se encontra no patamar de 12,25% ao ano, o maior para os juros desde novembro de 2023. É a terceira vez seguida que o comitê decide elevar a Selic.
O tom mais duro no comitê veio com um choque ao indicar duas altas de mais 1 ponto nas duas próximas reuniões do Copom. Assim, ao retomar o guidance sobre o futuro da taxa de juros, o comitê prevê elevar a Selic até 14,25% sob o que descreveu ser um cenário de viés mais alto para inflação até 2026.
Alta da Selic até 14,25% levaria taxa a maior nível desde 2015
Com mais duas altas de 1 ponto na Selic, conforme o guidance do Copom nesta quarta-feira, a taxa chegaria ao maior patamar desde julho de 2015. Era o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em comunicado, assim, o comitê adotou uma postura ainda mais cautelosa nos juros. Isso ao observar que os resultados do PIB do Brasil no terceiro trimestre deste ano “provocaram abertura adicional do hiato do produto”. Ou seja, em termos mais simples, sinalizaram crescimento acima do potencial ainda maior da economia brasileira.
“As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente”, notou o Copom.
“A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência.”
Todos as previsões do Focus se encontram acima do centro da meta de inflação do BC de 3%.
O BC ainda adotou um tom mais duro ao avaliar que, hoje, existem assimetrias altistas para a inflação.
O ritmo da política fiscal é um dos pontos de atenção do comunicado do Copom. Os diretores do BC avaliam que o prêmio de risco embutido na inflação e no câmbio “contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa” e, portanto, para a alta da Selic.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio.”
Decisão de alta foi unânime entre Galípolo e Campos Neto
A decisão desta quarta-feira de elevar a Selic em 1 ponto foi unânime. Em seu último voto de despedida da presidência do BC, Roberto Campos Neto votou no mesmo sentido que seu sucessor, Gabriel Galípolo.
Assim, o Copom comunicou que “entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”
Diretores e presidente votaram de forma unânime também no ritmo de próximas altas da Selic.
“O comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões.”
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