Copom sobe o tom sobre gastos do governo: ‘afeta os preços dos ativos de forma relevante’

O Copom está monitorando a preocupação do mercado em relação aos gastos do governo e suas consequências sobre a inflação

Integrantes do Copom, que decidem a taxa Selic no Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Integrantes do Copom, que decidem a taxa Selic no Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) indicou que está monitorando a preocupação do mercado em relação aos gastos do governo.

“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”, afirmou o colegiado do BC no comunicado que acompanhou a decisão desta quarta-feira (6) de elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto, a 11,25% ao ano, em decisão unânime.

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Com isso, a Selic voltou ao patamar em que estava até março, quando então a autoridade monetária cortou a taxa para 10,75% anuais.

No documento, o Copom reforçou pontos da reunião anterior, de setembro, quando iniciou o ciclo de aumento do juro.

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Por exemplo, o colegiado citou que a expectativa do mercado para a inflação está alta, de de 4,6% e 4%, em 2024, 2025, respectivamente.

Enquanto isso, a perspectiva para a inflação de 18 meses adiante serve de referência para o BC decidir o que fazer com a política monetária.

E segundo a autarquia, a previsão do mercado para o segundo trimestre de 2026 é que o IPCA terá variação acumulada em 12 meses de 3,6%.

Isso está acima do centro da meta a ser perseguida pelo BC, de 3% ao ano.

Selic sobe antes de ajuste fiscal no Brasil e do Fed

A manifestação do Copom acontece nas vésperas de um esperado ajuste fiscal a ser anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Economistas de bancos estimam que o corte de custos do governo no orçamento de 2025 seja na faixa de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões.

Com isso, as preocupações com um crescimento insustentável da dívida pública nos próximos anos poderia diminuir.

Como consequência, preocupações com a inflação também diminuiriam, abrindo espaço para alguma recuperação do real ante o dólar.

A decisão do Copom também chega um dia antes da reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos).

Na quinta-feira (7), o Fed deve anunciar corte de 0,25 ponto na taxa básica dos EUA, hoje na faixa de 4,75% a 5% ao ano.

Copom: desancoragem das expectativas de inflação

Além disso, o comunicado cita um conjunto de fatores que podem manter a inflação pressionada nos próximos meses.

Dentre eles, estão:

  • Desancoragem das expectativas de inflação. Ou seja, a maioria do mercado não acredita que a inflação vai voltar para a meta tão cedo;
  • “Hiato do produto mais apertado”. Isso quer dizer que a economia do país está crescendo mais rápido do que o nível que o BC considera seguro o suficiente para não causar inflação;
  • Taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Em outras palavras, o dólar mais alto por muito tempo vai pesar cada vez mais nos preços.

“O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, resumiu o BC.

Os diretores do BC voltam a se reunir nos dias 10 e 11 de dezembro para uma nova decisão sobre a Selic.

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