Copom: mercado aposta em queda da 0,25 ponto percentual para Selic e se divide sobre taxa terminal

O aumento das incertezas sobre a economia local e, principalmente, com o rumo da atividade nos Estados Unidos levará o Banco Central (BC) a reduzir o ritmo de cortes de Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na quarta-feira (8).

Portanto, o colegiado deixará a taxa básica de juros em um nível mais apertado do que inicialmente previsto pelos mercados no final do ciclo. Não há, contudo, consenso sobre a taxa terminal.

Na avaliação das instituições consultadas pela reportagem, nesta quarta-feira os diretores do BC cortarão em 0,25 ponto porcentual a Selic.

Assim, levarão a taxa para o patamar de 10,50% ao ano.

Esse seria o patamar mais baixo para a Selic desde fevereiro de 2022. Naquele momento, o BC subiu, numa decisão só, os juros de 9,25% para 10,75%.

Aposta tem dissidentes

Contudo, a aposta para a próxima quarta-feira não é unânime. Duas casas, o banco Daycoval e a consultoria MB Associados, ainda mantêm a expectativa com queda de 0,50 ponto porcentual.

Se confirmado, seria o mesmo patamar das cinco decisões anteriores, ritmo que havia sido adiantado pelos representantes do Copom no último comunicado do BC.

No entanto, segundo o economista-chefe da MB, Sergio Vale, mesmo com as fichas em 0,50 p.p., é grande a chance de uma redução no corte indo para 0,25 ponto percentual, como espera a maioria dos analistas e economistas do mercado.

“Certamente vai ser uma decisão dividida”, afirma Vale. “Trabalho com (o patamar de) 9,75% para a terminal da Selic.

Copom: terminal da Selic sem consenso

A grande dúvida dos agentes econômicos neste momento está relacionada com a taxa terminal da Selic. Ou seja, qual o patamar que fará com que o Banco Central interrompa esse ciclo de cortes dos juros básicos da economia.

As apostas colhidas junto às assets, bancos e casas de análises vão desde o patamar final de 10,25% até 9,50%. Neste momento, a taxa de juros está em 10,75%.

Os palpites mais conservadores, neste momento, vêm do Bank of America (BofA), Daycoval e C6 Bank. O BofA aposta numa suspensão do ciclo de cortes daqui a duas reuniões, deixando o resto do trabalho da normalização monetária com a próxima presidência do BC.

É bom lembrar que o atual comandante da autarquia, Roberto Campos Neto, encerra seu mandato em dezembro deste ano.

“Em meio a recentes orientações conservadoras, revisamos recentemente nossa previsão para a Selic no fim de 2024. Vemos o BC realizando mais cortes de 0,25 ponto porcentual, pausando o ciclo de flexibilização em 10,25%”, afirmou o banco em relatório para clientes.

“No inicio do próximo ano, após o Fed iniciar a flexibilização, o BC deverá retomar o ciclo com dois cortes de 0,50 ponto porcentual e uma redução de 0,25, atingindo a taxa terminal de 9% até maio”, destaca o relatório.

Cenário internacional

O francês BNP Paribas elevou a projeção para Selic terminal deste ano de 9,5% para 10%. O banco também passou a projetar cortes sequenciais de 0,25% ponto porcentual a partir de maio, com um ciclo que se encerra em julho e uma taxa que segue em 10% ao longo de todo o ano de 2025.

Segundo o banco, a revisão do cenário passará por uma decisão unânime do colegiado do Copom. O relatório do BNP Paribas destaca que, ao longo das últimas semanas, as sinalizações dos membros da diretoria do BC foram todos nesse sentido, de cortes menores do que o comunicado na última reunião do conselho monetário da autarquia.

Além disso, a economista do banco, Laiz Carvalho, observa que fatores domésticos defendem uma decisão mais cautelosa do colegiado.

Apesar da inflação corrente ter apresentado sinais mais benignos, Laiz Carvalho afirma que dentro do balanço de riscos do BC, “parece que a questão internacional vem pesando um pouco mais”.

Confira as apostas para a Selic no próximo Copom

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