Economista-chefe do Itaú espera Copom ‘vanilla’ e diz que País precisa resolver a ‘questão fiscal’
Mario Mesquita, ex-diretor do BC, diz que política monetária funciona no País

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana não deve apresentar surpresa alguma. Sendo assim mais importante o comunicado em si do que propriamente a nova Selic. A análise é do economista-chefe do Itaú Unibanco. Mario Mesquita falou à Inteligência Financeira na semana passada.
“De certa forma a gente vê um Copom vanilla, sem grandes surpresas”, diz o economista.
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A última reunião do colegiado em 2024 determinou que os dois primeiros encontros deste ano trariam também dois novos aumentos para a taxa básica de juros. Ambos de 100 pontos-base. Se o guidance for respeitado, a taxa atingirá 14,25% ao ano – ela está atualmente em 12,25%.
É por isso que na visão de Mario Mesquita importa mais o comunicado do que a decisão. “Não acho que eles devem rolar a comunicação, mais duas”, afirma. Para ele, o que vem depois deve permanecer oculto. “A terceira (reunião) já está mais distante, tem muita incerteza. A economia pode desacelerar. Aí eu acho que ele não vai dar essa sinalização (na comunicação)”, afirmou. Mario foi diretor de política econômica do Banco Central.
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Previsão do Itaú sobre a Selic
Então, o Itaú Unibanco emitiu relatório na última segunda-feira (20) indicando que a Selic pode chegar a 15,75% no primeiro semestre deste ano. A previsão anterior do banco era de 15% e a instituição acredita que a taxa permanecerá neste patamar até o fim do ano.
Assim, se a previsão do Itaú estiver certa, ocorrem os dois aumentos prometidos de um ponto percentual e mais dois de 0,75 ponto.
O Banco Central trava, via aumento de juros, uma briga com a inflação. O índice oficial, medido pelo IBGE por meio do IPCA, atingiu 4,83% no ano passado. E ficou acima da meta. O teto era de 3%, com oscilação aceitável de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
Questão fiscal deve ser resolvida
O cenário fez circular no mercado o debate em torno de o País entrar em dominância fiscal. Isso ocorre quando a política monetária não é mais capaz de combater a inflação, por exemplo. A propósito do tema, Mesquita comentou. “O mero fato de você estar me perguntando sobre dominância sugere que a gente não está em uma situação plenamente normal”, avalia o economista.
Mas ele faz uma ponderação importante.
“Dominância não é zero ou um. Não é uma questão binária. É uma coisa mais contínua. A gente está caminhando na direção da dominância, não estamos lá. A política monetária ainda funciona como deve funcionar. Mas devemos endereçar a questão fiscal para afastar de vez esse risco”, conclui.