Dólar vai cair? Ibovespa deve subir? Saiba o que esperar após decisão unânime do Copom

Após sete cortes seguidos, a taxa Selic foi mantida em 10,50%

Painel mostra desempenho do mercado de ações na B3. Foto: Cris Faga/NurPhoto/Reuters
Painel mostra desempenho do mercado de ações na B3. Foto: Cris Faga/NurPhoto/Reuters

O Copom (Comitê de Política Monetária) entregou a decisão esperada, mantendo a taxa Selic em 10,50% ao ano, com unanimidade. Para o Itaú Unibanco, o comunicado mostrou que o comitê está monitorando as implicações da política fiscal na política monetária. Assim como nos preços dos ativos, principalmente a taxa de câmbio.

Também foram apresentadas projeções com taxa Selic inalterada em 10,50%, com inflação em 4,0% e 3,1% até o final de 2024 e 2025, respectivamente, apoiando a decisão. O Copom observou, segundo o banco, que as expectativas de inflação se afastaram um pouco mais da meta de 3% ao longo do horizonte.

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“As autoridades mantiveram o balanço de riscos simétrico em torno do seu cenário de referência e mencionaram eventuais ajustes futuros (nos dois sentidos) da Selic. Não mais citando cortes nas taxas”, comenta o Itaú em relatório.

“Em nossa visão, esta decisão e comunicado de livro-texto, apoiadas de forma unânime por membros do Copom, deverão ajudar a restaurar a confiança no compromisso do comitê com a meta de inflação. Que, certo ou errado, tinha aparentemente sido prejudicada pelo dissenso anterior”, avalia o banco.

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Dessa forma, a instituição espera que a taxa Selic termine este ano e o próximo no atual nível de 10,50%.

“Outro passo importante para restaurar a confiança seria a publicação do decreto que regulamenta o cumprimento da meta contínua de 3,0%. A opção por um período de convergência mais longo seria vista como um sinal de leniência com a inflação. E prejudicaria os esforços do Copom para reancorar e controlar as expectativas de inflação”, alerta o Itaú.

Retomada do ciclo de cortes da Selic

Na avaliação do Bradesco, a decisão de interromper o ciclo de afrouxamento foi motivada pelo aumento nas previsões de inflação. Isso em meio a uma atividade econômica resiliente e expectativas desancoradas, além de um cenário externo incerto.

Além disso, o banco anotou em relatório que o Copom sinalizou que deve manter a política monetária em território restritivo por tempo suficiente. Para consolidar o processo desinflacionário e a reanconragem das expectativas de inflação.

Ao mesmo tempo, o colegiado destacou que as decisões futuras serão guiadas por seu firme compromisso de trazer a inflação para a meta.

“A decisão unânime é um sinal importante de que não há discordância dentro do Copom quanto à importância de perseguir firmemente a meta de inflação. Nossas previsões de inflação, de 3,8% para o final de 2024 e 3,1% para o final de 2025, abrem espaço para que o Copom retome a redução da taxa Selic no segundo semestre de 2025, levando-a a 9,5% até o final do ano”, escreve o Bradesco.

Queda do dólar? Recuperação do Ibovespa?

Então, antes de a decisão do Copom ser conhecida na quarta-feira, o Ibovespa subiu 0,53% e recuperou o patamar de 120 mil pontos. Enquanto isso, o dólar continuou a escalada frente ao real e encerrou a sessão cotado a R$ 5,44.

Dessa forma, a expectativa é se a votação unânime pode trazer alívio para as negociações na bolsa de valores brasileira. Bem como na cotação da moeda americana.

Nos primeiros negócios desta quinta-feira (20), o dólar chegou a baixar a R$ 5,39. Por volta das 12h50, no entanto, a divisa era negociada em alta, na faixa de R$ 5,45. Já o Ibovespa engatou alta firme pela manhã, acima de 1%, no patamar de 121.500 pontos. O índice perdia fôlego no começo da tarde, com avanço de 0,2%, aos 120.600 pontos.

No fim do dia, após o fechamento, a bolsa marcou valorização de 0,15%, ficando em 120.446 pontos. Já o dólar marcou valorização de 0,38%, a R$ 5,46.

“Para o mercado é um sinal de que os novos diretores estão alinhados com a visão de uma postura mais cautelosa do Copom neste momento. Sendo assim, o mercado deve pedir menores prêmios na curva de juros, uma vez que um dos riscos para a decisão era uma percepção de leniência dos novos diretores”, comenta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

“Isso deve contribuir para queda das taxas de juros e do câmbio. E esse alívio nos juros e no câmbio devem reduzir a pressão de venda na bolsa, contribuindo para uma recuperação do Ibovespa”, indica Borsoi.

Real x dólar

Então, para o Julius Baer, a interrupção no ciclo de corte dos juros deverá apoiar o real contra o dólar. Essa perspectiva também está relacionada ao fato de a manutenção da Selic em 10,50% ter sido sem divergências entre os integrantes do Copom.

“A votação unânime (após definição dividida da última reunião) deverá aliviar as preocupações dos investidores sobre o compromisso do Banco Central em controlar a inflação e reancorar as expectativas de inflação. Agora, o foco dos ativos brasileiros muda para as preocupações fiscais.”

Adicionalmente, o banco suíço destaca que, em um esforço para aliviar as preocupações, o presidente Lula sugeriu que está disposto a discutir o corte de despesas.

“Desde que as distribuições aos pobres não sejam afetadas”, frisa a instituição financeira.

Por último, o Julius Baer já coloca no radar a sucessão no Banco Central.

“O novo presidente, que substituirá Roberto Campos Neto e nomeado pelo presidente Lula, provavelmente adotará uma abordagem mais branda em relação à inflação. A pausa na flexibilização deve apoiar o BRL.”

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