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Investir na Bolsa fica menos atrativo quando a Selic sobe?
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Juros altos podem prejudicar o desempenho das empresas de capital aberto
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Estabeleça o tempo que seus recursos financeiros deverão ficar aplicados
Depois que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) subiu os juros básicos da economia para 13,75% ao ao ano, parte significativa do mercado financeiro avalia que a taxa Selic pode chegar a 14% ao ano e permanecer em um patamar elevado por um longo período. Um ciclo de aperto monetário como atual, que começou depois de a Selic chegar à mínima histórica de 2% ao ano, além de desacelerar a atividade econômica em geral, não é nada favorável para o mercado de ações.
Olhando para determinados setores, os juros altos deixam as dívidas das empresas mais caras, aumentam custos operacionais e reduzem a capacidade de investimento delas. Tudo isso vai pesar no balanço financeiro, que no final das contas pode trazer uma surpresa desagradável aos acionistas.
Renda fixa valorizada
Outro ponto é que a Selic em ascensão, combinada com a inflação ainda alta, torna aplicações na renda fixa mais promissoras, com a classe sendo mais procurada pelo investidor que busca um retorno significativo para seu dinheiro sem precisar correr risco. Ou seja, o apetite menor por ativos de renda variável tira uma parcela significativa de capital que poderia ir para as companhias listadas na Bolsa.
O que dizem os especialistas
Apesar disso, especialistas consultados pela Inteligência Financeira apontam que o cenário controverso não pode ser um empecilho para quem quer começar a investir em ações. “É sempre importante ter uma diversificação na carteira”, defende Leonardo Morales, sócio da SVN Gestão de Recursos. “O investidor não pode concentrar suas aplicações em um único ativo. É preciso ter uma carteira equilibrada para sentir um desconforto menor em períodos econômicos turbulentos”, reforça Marcelo Serrano, sócio da Alta Vista Investimentos.
Quais ações escolher?
Para contornar momentos de aperto monetário, os especialistas avaliam que o investidor precisa estar atento para não fazer escolhas equivocadas, mas que não deixe de projetar no horizonte uma potencial reversão de ciclo, com o afrouxamento dos juros. “O que costumamos recomendar, quando a Selic está muito alta, é tentar fugir de empresas muito endividadas. Porque elas vão ter que pagar uns juros mais altos e provavelmente isso vai refletir no resultado delas”, destaca Morales. “Setores que tiveram perdas consideráveis com a subida dos juros podem representar uma oportunidade de compra se o investidor olhar no longo prazo e imaginar que lá na frente haverá uma etapa de queda firme da taxa Selic”, comenta Serrano.
Oportunidades no mercado acionário
Entender o quadro presente e não perder de vista as perspectivas de evolução da economia são essenciais para identificar oportunidades no mercado de ações. “Nesse cenário de maior volatilidade, inflação e juros altos, vale o investidor tentar buscar empresas que continuam gerando caixa e não têm dívidas. Setores que conseguem repassar a inflação nos produtos e serviços”, indica o sócio da SVN. “Alimentos, energia elétrica, fornecimento de água, funcionamento das estradas e rodovias são áreas que nunca param, independentemente de crises. É preciso avaliar quais são as companhias mais preparadas e identificar o momento de certo de comprar os papéis delas”, observa o sócio da Alta Vista.
A construção da carteira
O perfil de risco e o nível de conforto para enfrentar as volatilidades da Bolsa precisam estar no planejamento da pessoa que pretende começar a montar uma carteira de ações. “O investidor pode separar uma parte do patrimônio em que ele se sinta confortável caso haja uma variação relevante de curto prazo. A gente fala de uma perda de 10%, 15% ou mais”, diz Leonardo Morales. “Se ele estiver seguro com isso, está no tamanho certo. Se não dormir à noite por ter aplicado muito dinheiro em um ativo de risco, como é a renda variável, aí já não está no perfil recomendado”, afirma.
Fique de olho nos prazos
No passo seguinte, o investidor pode tentar estabelecer o tempo que seus recursos financeiros deverão ficar aplicados. “A renda variável não combina com curto prazo”, orienta Marcelo Serrano.
Para quem quer ter ainda mais segurança, a dica posterior é fracionar a aplicação do dinheiro disponível. “Vamos supor que o investidor tenha R$ 30 mil para comprar ações. Ele pode dividir os investimentos em três partes. Entra com R$ 10 mil em um mês, R$ 10 mil no próximo e mais R$ 10 mil no outro. É uma forma de pegar uma média do mercado”, explica Diego Cordeiro, sócio da Aplix Investimentos.
O fundamental é ter noção do que está fazendo, além de tomar decisões embasadas para ficar bem posicionado e aproveitar as vantagens com a melhora do ambiente econômico e a derrubada da Selic no futuro. “Com a queda da taxa de juros, os investidores moderados e conservadores vão voltar tomar riscos e fazer aplicações na Bolsa, elevando os preços das ações”, completa Cordeiro.
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