Itaú (ITUB4) faz novas revisões de Selic, dólar e inflação para 2024; risco fiscal é ‘elevado’

Equipe de macroeconomia do Itaú espera Selic de 10,25% ao ano até 2025 em meio a esforços do BC para conter inflação; veja mais projeções

Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB
Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB

O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou novas revisões para a Selic, dólar e inflação para 2024. A equipe de macroeconomia do banco, liderada pelo economista Mario Mesquita, aponta que o IPCA, principal índice de preços do mercado, deve terminar o ano em 3,8% ante a previsão anterior de 3,7%. A taxa de juros, por outro lado, deve sofrer apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual, e permanecer em 10,25% ao ano até o final de 2025. A previsão anterior era de 9,75%.

A equipe econômica do Itaú também trouxe novas estimativas para o câmbio em 2024. O dólar, de acordo com cálculos do banco, deve bater R$ 5,15 até dezembro. A revisão da taxa vem em meio a um “cenário internacional mais desafiador, risco geopolítico, crescimento da economia dos Estados Unidos acima de outros países e risco fiscal elevado”.

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Por que o Itaú acredita em apenas mais um corte na Selic?

O Itaú acredita que a taxa básica de juros da economia brasileira deve sofrer apenas mais um corte porque o BC revisou o plano de voo.

“O cenário global desafiador (com dólar forte) e as incertezas domésticas (com pressão em preços de serviços mais sensíveis ao desempenho do mercado de trabalho, aumento do risco fiscal e expectativas desancoradas) fizeram com que o Banco Central (BC) revisasse seu plano de voo, reduzindo o ritmo de flexibilização monetária na última reunião”, diz a equipe do Itaú em relatório.

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Assim, o corte adicional de 0,50 p.p. na Selic é posto em xeque pelo time de Mesquita, avaliando que o espaço para novas baixas nos juros “está mais limitado”. O JPMorgan foi ainda mais extremo em sua revisão, projetando uma paralisação dos cortes.

A Selic deve permanecer neste patamar até dezembro de 2025 “para conseguir a convergência para a meta de 3,0%”.

Além disso, o banco revisou a projeção do IPCA para 2024, de 3,7% para 3,8%. O motivo por trás da revisão é a inflação para “alimentos e bens industriais” mais altas no ano.

“Para 2025, revisamos nossa projeção (de inflação) para 3,7% (de 3,6%), incorporando o efeito do câmbio em bens industriais. Para ambos os anos, os riscos seguem assimétricos de alta”, assinalam os analistas.

Por fim, o Itaú revisou a taxa de câmbio para 2025, de R$ 5,20 para R$ 5,25.

Enchentes do Rio Grande do Sul pressionam inflação

O Itaú avalia que as enchentes no Rio Grande do Sul devem pressionar o PIB do Brasil em 2024. É esperado pela equipe de Mario Mesquita um impacto de 0,3 ponto percentual.

Além disso, o efeito climático “deve pressionar ainda mais a inflação de alimentos”, via aumento de preços de arroz e soja.

“Também pode haver pressão temporária em preços de outros alimentos in natura”, diz o Itaú.

Já para o impacto na meta fiscal de déficit zero definida pelo governo para 2024 e 2025, “as enchentes deve demandar necessários gastos extraordinários não sujeitos as regras fiscais”, dizem analistas. Isso também pressiona a Selic.

“Nesse primeiro momento, será importante acompanhar o escopo, duração e valores envolvidos na ajuda ao Estado.”

Mesmo assim, o Itaú manteve suas projeções para o resultado primário do governo em 2024 e em 2025, de 0,6% e 0,9% do PIB, respectivamente.

“O risco fiscal segue elevado, diante da dificuldade em se obter uma trajetória persistente de convergência de resultados primários, entre resistências ao controle de despesas e os limites para a expansão das receitas, o que implica a possibilidade de mudanças nos principais parâmetros do arcabouço aprovado no ano passado”, conclui a equipe de Mario Mesquita.

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