Mercado conta com um novo corte de 0,50 ponto na taxa Selic. Mas o que vem pela frente?

Comitê do Banco Central se reúne hoje para definir patamar da Selic para os próximos 45 dias

Sede do Banco Central. Foto: Adriano Machado/Reuters
Sede do Banco Central. Foto: Adriano Machado/Reuters

Os operadores do mercado financeiro contam com um novo corte de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic nesta quarta-feira (1º), quando o Copom, do Banco Central (BC), concluirá a sétima e penúltima reunião de política monetária de 2023.

Das cercas de dez instituições consultadas pela reportagem, todas esperam, neste momento, por uma taxa básica de juros no patamar de 12,15% ao ano a partir de novembro. Além disso, com boas chances de uma queda do mesmo patamar na última reunião, em dezembro.

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Isso faria com que Selic encerre o ano em 11,75% a.a.. Apesar da guerra em Israel e da manutenção dos problemas fiscais dos Estados Unidos.

Pesquisas apontam quedas para a taxa Selic

Uma pesquisa conduzida pelo BTG com 61 agentes financeiros, divulgada na última sexta-feira (27), apontou que 95% dos entrevistados contavam com a mesma projeção, de queda de meio ponto porcentual.

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Outro levantamento, feito pelo Broadcast, foi pelo mesmo caminho. De 57 casas consultadas, 55 (96%) disseram esperar por cortes sequenciais de 0,50 ponto nos juros até o fim de 2023. Enquanto isso, duas (4%) previam aceleração do ritmo de baixa a 0,75 ponto em dezembro.

Ruídos sobre revisão na tendência de queda da Selic

Enquanto há consenso sobre o que deve acontecer neste ano com a taxa Selic, há muito ruído no mercado sobre uma possível revisão da taxa terminal dos juros básicos da economia em 2024.

Isso fica evidente quando se olha o comportamento dos contratos de juros negociados na bolsa com vencimentos para o meio do ano que vem. Eles operam com oscilação, mas visível tendência de alta, refletindo a opinião de boa parte dos operadores das mesas de renda fixa.

“Nas últimas semanas, a gente tem visto com cada vez mais frequência o pessoal do mercado se perguntando ‘será que o Copom vai continuar cortando juros no ritmo que estava inicialmente?’. A própria curva de juros deu uma ‘reprecificada’ boa”, afirma Ulisses Nehmi, CEO da gestora Sparta.

A chegada dos ressabiados

O mercado até então se dividia entre dois grupos. Ou seja, dos otimistas, que trabalhavam com uma Selic entre 9% e 9,5% no fim do ciclo de cortes. E dos muito otimistas, que esperavam os juros entre 8% e 8,5%.

Agora, com o conflito no Oriente Médio e a preocupação com a deterioração fiscal nos Estados Unidos, uma terceira via se apresenta. É a dos ressabiados, que projetam a Selic em 10% em meados do ano que vem.

Até agora, somente o Citi elevou oficialmente a projeção para a Selic, de 9% para 10%. Em relatório, o banco americano alegou a revisão “à combinação de hiato do produto mais apertado, à expectativa de inflação mais persistente à frente e ao aumento dos juros globais”.

O hiato de produto, que no caso do Citi se refere ao do Brasil, é a diferença entre o PIB potencial e o realizado do país.

No Itaú, Bruno Serra, gestor da Itaú Asset Management, disse à Bloomberg que já prevê a taxa Selic perto de 11% até o fim do ciclo atual.

“Antes estava precificado no mercado que a Selic poderia terminar o ano que vem abaixo de 10% ao ano. E, agora a gente olha e (a curva de juros) já está acima de 10%. Então, não existe mais uma expectativa tão otimista embutida no mercado”, aponta Nehmi, da Sparta.

Economistas estão cautelosos

De forma geral, o time dos ressabiados ainda está relativamente restrito às mesas de operações, o lado mais quente (e emocional) do mercado financeiro.

Mas essa discussão anda forte também entre os economistas. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, avalia que nas últimas semana aumentou o risco do BC ter que parar o ciclo de cortes da Selic antes de sua projeção inicial.

“Pode parar antes por conta do cenário externo e nosso risco fiscal, que mantém as expectativas de inflação elevadas”, afirma.

Vale ainda acredita em duas quedas idênticas da taxa Selic neste ano de 2023, de 0,50%, cada uma. E seguindo nessa mesma toada até alcançar 9,25% em julho de 2024. Mas… “Ainda não é o cenário básico a Selic terminar esse processo de queda (na casa dos) dois dígitos. Mas fica muito afastada a chance de queda além da 9,25% ao ano”, afirma.

A economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, tem praticamente o mesmo cenário de Vale. Mas com uma mudança pequena na taxa terminal, que ela estima em 9,50% para o final de 2024.

“No início do atual ciclo de flexibilização, o Copom sinalizou sua intenção unânime de manter uma ‘velocidade de cruzeiro’ de cortes de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões. E acreditamos que o BC seguirá com este ‘plano de voo’, afirma ela, em relatório divulgado na última sexta-feira (27).

“No entanto, dado o cenário inflacionário doméstico benigno – especialmente na parte de serviços — ainda não descartamos totalmente a possibilidade de um ritmo mais acelerado de cortes no início de 2024, porém a chance de isto ocorrer está cada vez menor tendo em vista o recente aumento nas incertezas externas”, pondera a economista.

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