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Selic vai ficar parada até 2025? Entenda projeções do mercado para os juros
A decisão de manter a Selic a 10,50% veio acompanhada por um comentário duro do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
Contudo, o comitê trouxe algo que animou investidores: em unanimidade, diretores concordaram que, se os juros ficarem altos por mais tempo, a inflação pode chegar a 3,1% em 2025, próxima da meta. Analistas projetam, portanto, que o Banco Central pode fazer um corte de juros, mas somente no ano que vem.
Em relatório, o banco Goldman Sachs aponta que a janela para o Banco Central cortar juros abre novamente no segundo semestre de 2025. Enquanto isso, o Bank of America estipula que a Selic deve cair a 9% até o final do ano que vem. Especialistas questionam os gatilhos que podem levar a cortes, sobretudo a condução da próxima gestão do BC.
Até quando a Selic vai ficar parada?
Alguns bancos discordam de Goldman e BofA. É o caso do Itaú, cuja equipe macroeconômica, liderada por Mario Mesquita crê que a Selic deve ficar parada até o fim de 2025.
Em comunicado sobre a decisão, o Copom manteve no cenário de referência a projeção de inflação de 4% e 3,4% para 2024 e 2025, respectivamente. Mas, se os juros continuarem no atual patamar de 10,50% “ao longo do horizonte relevante”, a estimativa para 2025 cai para 3,1%.
O Copom chama este cenário de alternativo.
Apesar de calcular que a Selic deve continuar estacionada, o Itaú afirma que a decisão reforçou a confiança do mercado no Copom. Mas diz que existe um passo a mais a ser dado pelo governo: a publicação do decreto de meta de inflação contínua aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
“Outro passo importante para restaurar a confiança seria a publicação do decreto que regulamenta o cumprimento da meta contínua de 3,0%”, afirma a equipe do Itaú. “A opção por um período de convergência mais longo seria vista como um sinal de leniência com a inflação e prejudicaria os esforços do Copom para reancorar e controlar as expectativas de inflação”, continua.
Para o economista Alexandre Espírito Santo, da Way investimentos, a Selic pode inclusive se movimentar neste ano ainda. O especialista afirma ter uma “leitura diferente” do mercado.
“Acho que o mercado colocou que o Banco Central encerrou o ciclo de corte de juros, mas eu estou indo no português (do comunicado)”, diz Espírito Santo. “Ele escreveu que interrompeu, não que encerrou. Minha leitura é que, a depender dos dados, ele pode voltar a fazer mais um corte de 0,25 ponto percentuais ainda neste ano.”
O que pode levar a um corte de juros à frente?
O mercado projeta uma série de variáveis que podem influenciar nas decisões do Copom sobre o futuro da Selic à frente. E que podem prolongar um possível corte de juros em 2025.
A primeira e mais imediata é a publicação do decreto oficializando a meta contínua de inflação em 3%. Este é o argumento de Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
A política fiscal também terá um papel decisivo no rumo da Selic. Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs, diz que o fiscal “ainda não desempenhou seu papel”.
Nesse sentido, o Copom teve que interromper os cortes de juros “porque a política fiscal no Brasil e nos Estados Unidos ainda está expansionista” de acordo com Tingas.
Para 2025, economistas explicam que os dois principais fatores que podem movimentar a taxa são os juros americanos e a troca de diretores e do presidente do Banco Central.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, diz que um corte em 2025 depende também da taxa de câmbio.
“Vemos a possibilidade de pequeno ciclo de corte de juros em 2025 se a taxa de câmbio ceder do patamar atual”, afirma. O dólar chegou a R$ 5,46 nesta quinta-feira (20), permanecendo em alta contra o real.
De qualquer forma, a decisão do Copom, apesar de não ter sido o corte de juros, afastou aumentos da Selic, afirma Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
Foi um recado contra o movimento levantado por alguns agentes de mercado de que o BC poderia aumentar os juros para forçar a inflação à meta, segundo o economista.
“Caso ganhasse força e se traduzisse em modificação na mediana nas projeções do Boletim Focus, o que poderia impactar a própria condução da política monetária.”
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