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A Selic vai cair? Veja o que muda para você, investidor, se a resposta for sim
A expectativa do mercado é de que a taxa básica de juros, encerre 2023 em torno de 12,25% ao ano, de acordo com o último boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), na segunda-feira (19). Definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic segue em 13,75% ao ano. E, segundo as previsões, deve permanecer assim também em julho, com uma novidade: um comunicado emitido pelo BC que deixe as portas aberta para o início da queda em agosto.
Esse cenário é majoritário dentre as apostas dos agentes financeiros. E já que existe a perspectiva de que a Selic irá cair, os investidores se perguntam se é hora de fugir – ou ao menos se afastar – da renda fixa.
A seguir, entenda como está o cenário para os próximos meses e confira, de acordo com analistas, se é hora de pensar em novos investimentos para a sua carteira.
A taxa Selic vai cair?
Primeiramente, você deve entender que, para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic.
A taxa está em 13,75% desde agosto de 2022. Os técnicos do BC têm optado por manter a taxa de juros no mesmo patamar há seis decisões consecutivas. Este é o maior nível desde novembro de 2016, quando também estava nesse mesmo patamar.
Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 12,25% ao ano, segundo o boletim Focus. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9,50% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.
Por que a taxa Selic ainda não caiu?
O patamar da Selic é motivo de divergência entre o governo federal e o Banco Central. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida.
Isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Nesse sentido, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
“Paciência e serenidade”
O Copom afirmou, no dia 9 de maio, que a condução da política monetária – de definição dos juros básicos da economia para segurar a inflação – pede “paciência e serenidade”.
Mais uma vez, o órgão reforçou a possibilidade de aumentar a taxa Selic, “apesar de ser um cenário menos provável”.
Para o Copom, a aprovação do arcabouço fiscal pode ajudar no equilíbrio das contas públicas, que impactam nas expectativas de inflação. Nesse sentido, com a proposta aprovada, o governo vai flexibilizar o teto de gastos criado durante o governo Michel Temer e abrir espaço para a queda da taxa Selic.
Dessa forma será possível colocar mais dinheiro na economia e incentivar o crescimento por meio de menores taxas de juros.
Como a queda dos juros pode afetar seu bolso?
Na hora de definir os produtos da carteira, o investidor deve entender como a queda dos juros pode afetar o bolso. O especialista em finanças pessoais Fabio Gallo, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e colunista da Inteligência Financeira, explica:
“No mundo das finanças e economia, saber o que e quando algo vai acontecer faz a diferença. Pode nos trazer muito dinheiro ou, no mínimo, evitar perdas. Isso porque deixamos a incerteza de lado. Em outros termos, conhecermos o futuro afasta ou diminui o risco”.
Seguindo esse raciocínio, Gallo lembra que, neste momento, em que o mercado precifica uma queda da taxa Selic entre agosto e setembro, é preciso levar essa informação em consideração para maximizar os resultados. “Se as pessoas apostam que a Selic vai começar a cair em dois meses, o investidor tem que aproveitar”, afirma.
A Selic vai cair? O que muda para quem investe se isso ocorrer
Fábio Gallo afirma que a queda futura da Selic gera oportunidades imediatas para a renda fixa prefixada, como Tesouro Selic, CDBs e letras de crédito (LCI, LCA). São investimentos que têm seu valor fixado, por exemplo, numa Selic na faixa dos 13,75%. Quem coloca dinheiro nesses investimentos agora, apostando numa queda recente, consegue uma forma de fixar essas taxas altas por um período maior.
Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank, também afirma que a projeção cada vez mais forte de queda da Selic abre espaço para investir em renda fixa pre-fixada. Ela também cita investimentos como CDBs, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro Direto.
“Ainda é possível aproveitar a alta remuneração desses produtos porque mesmo que a queda da Selic se confirme, como esperamos, a taxa continuará em patamar elevado por bastante tempo”, afirma Larissa Frias.
O investidor deve, entretanto, ficar atento e buscar manter o equilíbrio entre risco e retorno dos seus investimentos. Sendo assim, ele pode cogitar, dependendo de seu perfil, mudar de posição para títulos de maior risco conforme a queda da taxa de juros se concretize.
Mas nada deve ser feito à pressas. Sempre deve ser mantida uma estratégia e diversificação da carteira, de preferência com a ajuda de um especialista.
Renda variável e multimercado
De acordo com Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio fundador da SuperRico – Projetos de Vida, se a Selic cair abaixo de dois dígitos e a economia voltar a crescer, a renda variável e o multimercado são alternativas para conseguir manter a carteira com a uma rentabilidade de 1% ao mês, o que ocorre hoje em grande parte dos produtos de renda fixa com a taxa de juros a 13,75% ao ano.
Para isso, não é necessário sair da renda fixa, que deve continuar rentável ao menos até 2026, mas complementar a carteira com outras classes de ativos.
“É preciso muita cautela. Mesmo que a Selic chegue a algo em torno de 9%, ainda estaremos falando em um ganho real na renda fixa (em relação à inflação). Mas para quem tem um capital maior, é possível fugir um pouco do risco Brasil e investir também em ativos no exterior”, afirma Castro.
Colaborou Rafael Balsemão
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