Inflação, PIB, emprego e dólar: o que vai definir agora quanto a taxa Selic vai subir mais?

Confira o que dizem Itaú, Bradesco, BTG e Inter sobre os próximos passos da política monetária

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Copom aumentou a Selic para 10,75% e agora os agentes financeiros discutem o que vem pela frente. Em linhas gerais, quanto mais a taxa básica de juros pode subir. Assim como os principais indicadores que vão mexer com os próximos passos da política monetária no Brasil.

Para o Itaú Unibanco, o comunicado do Copom deixou em aberto o ritmo e magnitude do ciclo de alta da Selic. No entanto, tendo em vista que a projeção da inflação no horizonte relevante (2026) está em 3,5%, o banco espera hoje por um aperto de 150 pontos.

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“O comitê menciona que o hiato do produto está agora positivo, e que irá monitorar o seu comportamento para decidir os próximos passos da sua estratégia de política monetária. Outras variáveis que o comitê irá monitorar incluem a inflação (especialmente os itens mais sensíveis à atividade). As expectativas de inflação, suas próprias projeções. E o balanço de riscos – que foi descrito como apresentando assimetria de alta”, comenta o Itaú.

“Em nossa visão, o comunicado indica que o próximo passo será uma alta de 50 pontos, a menos que o cenário apresente uma melhora substancial. No momento, esperamos que a taxa básica termine o ano em 11,75% e o ciclo em 12,0%”, afirma o banco.

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Foco na inflação

Na avaliação do Bradesco, o Banco Central entende que a economia está operando acima do potencial. Por isso a previsão do IPCA no horizonte relevante subiu de 3,2% para 3,5%. Enquanto isso, mesmo com o Boletim Focus indicando a Selic em 10,50% no fim de 2025, o BC não encontra convergência da inflação para a meta com a atual trajetória dos juros.

“O Banco Central mandou uma mensagem bastante clara. A inflação não está convergindo para a meta e foi necessário iniciar um ciclo de alta de juros. Nossa projeção aponta, por ora, que a Selic irá subir até 11,50% em janeiro de 2025. Contando com alguma desaceleração da atividade, apreciação da taxa de câmbio e acomodação nas expectativas de inflação”, projeta o Bradesco.

PIB e emprego

Acima de tudo, na visão do BTG Pactual, a atividade econômica mais forte que o esperado é o principal motivo do aperto monetário.

“A principal mudança nos modelos do Banco Central foi o reconhecimento de um hiato do produto positivo o suficiente para desancorar em 50 pontos a projeção de IPCA no horizonte relevante. O Copom não explicitou o quão acima do potencial a economia está, contudo, este detalhe deve ser apresentado na ata ou no Relatório Trimestral de Inflação”, anota o banco.

Agora, o banco também vê as divulgações ligadas ao mercado de trabalho como essenciais para entender os rumos da Selic.

“O BC está data dependent, entre outras coisas, da dinâmica da inflação e do hiato do produto. Em outras palavras, divulgações do IPCA, Caged e PNAD abaixo do esperado podem ajustar o ciclo ser mais gradual. Em relação à reunião de novembro nos parece claro que a trajetória do câmbio será igualmente importante para entender a próxima decisão do BC”, analisa o BTG.

Cotação do dólar e risco fiscal

Da mesma forma, o Inter coloca na conta a variação do dólar nos próximos meses. O risco fiscal também aparece na lista de fatores do banco que podem influenciar o ritmo de aumento da Selic.

“Mantemos nossa expectativa de novas elevações da taxa em 25 pontos nas próximas reuniões para 11,25% até dezembro de 2024. Apesar de não haver mudança significativa no cenário de inflação, o Copom deve seguir com um curto ciclo de alta, com o objetivo de reancorar as expectativas e acelerar a convergência da inflação para a meta. Um aumento do ritmo de alta para 50 pontos poderia ser considerada caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas. O que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal seguida de impacto no câmbio”, alerta o Inter.

“No entanto, com o início do corte de juros pelo Fed em 50 pontos e o cenário de arrefecimento da economia global, a pressão cambial tende a reduzir pelo maior diferencial de juros. Por outro lado, o cenário de um ciclo curto de alta na Selic seguido da retomada dos cortes em 2025 pode ser reforçado caso o governo volte a apresentar controle do crescimento de gastos públicos, na direção do cumprimento da meta fiscal. O que iria beneficiar a trajetória de desinflação, bem como aliviar o prêmio de risco nos ativos, incluindo o câmbio”, acrescenta o banco.

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