Selic: o que você precisa saber sobre a taxa que vira notícia a cada 45 dias

Mudança nos juros é sentida por brasileiros, bancos e investidores estrangeiros

- Ilustração: Inteligência Financeira.
- Ilustração: Inteligência Financeira.

Se você está minimamente preocupado com a sua vida financeira e com a economia do país, é necessário estar atento à taxa Selic. A cada 45 dias, ela é destaque no país, seja por ter aumentado, diminuído ou se mantido estável após a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central – ou seja, ela vira notícia ao longo do ano.

A seguir, entenda o que a Selic significa e qual a importância da taxa para o seu dia a dia.

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O que é a taxa Selic?

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia, portanto, todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.

Qual é a origem do nome “Selic”?

O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Tal sistema é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo BC. Nele são transacionados títulos públicos federais. A taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados nesse sistema corresponde à taxa Selic.​

Como é o cálculo da taxa Selic?

Uma reunião feita pelo Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao Banco Central, define a taxa a cada 45 dias. Essa mudança acontece para que, em meio a uma economia instável, o dinheiro continue circulando e a inflação seja controlada.

Nessas decisões, a Selic pode tanto se manter estável, sem alterações, quanto aumentar ou diminuir em pontos percentuais. As mudanças na taxa de juros acontecem pois a economia não é estável – e, por isso, é preciso adequá-la ao cenário para que exista um equilíbrio.

O Copom se baseia em inúmeros indicadores financeiros do país para chegar a uma taxa. Ademais, toma todas as suas decisões a partir de uma série de estudos e análises de indicadores econômicos, como atividade, balança de pagamentos, inflação e agregados monetários.

Como a Selic afeta os preços e os investimentos?

Os efeitos da mudança da Selic são sentidos por todos os brasileiros, bancos e até investidores estrangeiros.

Em resumo, se a taxa Selic diminui:

  • o crédito fica mais acessível, já que os bancos tendem a baixar as taxas de juros;
  • e a inflação tende a subir.

Por outro lado, se a taxa Selic aumenta:

  • os preços tendem a baixar ou ficar estáveis, como uma consequência do controle da inflação;
  • e os juros de crédito, parcelamento e cheque especial ficam mais altos.

Quais investimentos são afetados diretamente pela Selic?

A Selic tem forte influência na taxa de remuneração de diversos investimentos e, como resultado, qualquer mudança nela impacta a rentabilidade desses produtos financeiros. São eles:

  • títulos do Tesouro Direto (Tesouro Selic);
  • caderneta de poupança;
  • e investimentos de renda Fixa.

Tesouro Selic

O Tesouro Selic é um título público cuja rentabilidade está indexada à taxa Selic. Quando a taxa Selic é reduzida, também fica menor a rentabilidade do título. Por outro lado, um aumento na taxa Selic torna os títulos públicos mais vantajosos.

Caderneta de poupança

A rentabilidade da poupança tem como referência os juros básicos. Quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende, ao mês, 70% da Selic mais a TR (taxa referencial). No entanto, quando a Selic sobe acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% mais a TR.

Ou seja, a partir do nível de 8,5% ao ano da Selic, a poupança para de acompanhar a taxa básica. E quanto mais a Selic subir, mais para trás a poupança fica.

Investimentos de Renda Fixa

Mudanças na taxa Selic impactam o CDI, um dos índices de rentabilidade mais usados por investimentos de renda fixa. Ou seja, quando a taxa Selic diminui, o CDI também fica mais baixo.

CDBs, LCIs, LCAs, LCs são os investimentos mais comuns que usam o CDI como indicador de rentabilidade. Assim, eles terão sua remuneração afetada no caso de mudanças na Taxa Selic.

Taxa Selic Over x taxa Selic Meta: não confunda

Como você acabou de aprender, a taxa Selic – ou Selic Meta – é fixada pelo governo, por intermédio do Copom, para regular a quantidade de dinheiro circulando. É sobre esta taxa a que este texto se refere.

Já a Selic Over (overnight) é um reflexo do que acontece na prática no mercado, tendo em vista que ela traz a média das operações efetuadas pelas instituições financeiras.

É preciso lembrar que, todo dia, os bancos fazem empréstimos entre si para manter o caixa em ordem e cumprir a legislação. Para isso, as transações são lastreadas por títulos públicos, tendo a Selic como parâmetro dessas operações “overnight”, feitas “de um dia para o outro”.

Em resumo, a Selic Over, também chamada de taxa realizada, representa a taxa que realmente se observa no mercado. Ela é definida diariamente, por meio de um cálculo que considera a média ponderada de todas as transações com títulos públicos feitas no sistema Selic.

Por conseguinte, ela afeta tanto o retorno dos investimentos, quanto os juros cobrados em empréstimos e financiamentos.

Por que é importante estar atento às decisões do Copom?

O Copom é composto pelo presidente e diretores do Banco Central e, como vimos, define a meta para a taxa Selic pelos próximos 45 dias. Nesse sentido, a Selic influencia diretamente na economia local, controlando a inflação, acesso à capital e retornos de aplicações financeiras

Na prática, com a Selic mais baixa, bancos conseguem conceder crédito a taxas menores, o que tende a aumentar a inflação. Além disso, rendimentos de investimentos pós-fixados são pressionados.

Entretanto, com a Selic mais alta, o acesso ao crédito fica mais restrito, com taxas menos atrativas até no cheque especial. Nessa linha, a inflação também pode ser controlada, com a tendência de baixa ou manutenção dos preços.

Esse comportamento também afeta a renda variável, embora isso aconteça de maneira indireta.

Qual é a taxa Selic hoje?

A Selic hoje está em 13,75% ao ano. A taxa foi definida nos dias 25 e 26 de outubro de 2022 pelo Copom, que decidiu mantê-la em 13,75%.

E a nova decisão do Copom sobre a Selic, que saiu nesta quarta-feira (7), foi por manter a taxa em 13,75%.

O que esperar da Selic para 2023 e 2024?

Segundo o Boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgado na segunda-feira (5), a mediana das estimativas para a taxa básica de juros (Selic) manteve-se em 13,75% para o fim de 2022, passou de 11,50% para 11,75% no fechamento de 2023 e de 8,25% para 8,50% em 2024.

O Relatório Focus resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. Ele é divulgado toda segunda-feira.

O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. Vale ressaltar que as projeções são do mercado, e não do BC.

A próxima reunião, a última do ano, do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece nesta semana.

Confira o calendário do Copom para 2023:

  • 31 de janeiro e 1º de fevereiro;
  • 21 e 22 de março;
  • 2 e 3 de maio;
  • 20 e 21 de junho;
  • 1º e 2 de agosto;
  • 19 e 20 de setembro;
  • 31 de outubro e 1º de novembro;
  • 12 e 13 de dezembro.
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