Serviço da Mastercard para negociação de criptomoedas em bancos chega ao Brasil em 2023
O Brasil foi um dos países escolhidos para os testes do novo serviço, chamado “Crypto Source”, a partir do primeiro trimestre do próximo ano
Os bancos brasileiros poderão oferecer a negociação de criptomoedas e ativos digitais para seus clientes a partir de 2023 por meio de um novo arranjo de transações eletrônicas da Mastercard e da Paxos, provedora de infraestrutura de blockchain e de serviços financeiros para criptoativos. O novo serviço tem o potencial de resolver um dos principais gargalos técnicos e legais do segmento, além de popularizar as criptomoedas entre os clientes dos bancos tradicionais.
Pelo arranjo, a Mastercard ficará encarregada de assegurar todo o compliance, procedimentos de KyC (“conheça seu cliente”) e de segurança das transações dentro das exigências regulatórias locais. Já a Paxos — fornecedora no Brasil de infraestrutura de transações do tipo “white label” para Nubank, PicPay e Mercado Livre — cuidará das transações, liquidação e custódia dos ativos digitais para os bancos. Dessa forma, as instituições financeiras não precisarão carregar criptomoedas em seus balanços.
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O Brasil foi um dos países escolhidos para os testes do novo serviço, chamado “Crypto Source”, a partir do primeiro trimestre do próximo ano. Também participarão EUA e Israel, países mais adiantados nas transações com ativos digitais. A Mastercard não informou quais bancos poderão oferecer o serviço no país. Entre as instituições financeiras locais, apenas Nubank, XP, BTG Pactual e PicPay oferecem negociação de criptoativos para os clientes.
Segundo um estudo da Mastercard deste ano, 29% dos entrevistados em uma enquete feita nos principais mercados em que atua têm algum tipo de investimento relacionado a criptomoedas. Do total, 65% manifestaram preferência por fazer essas transações dentro dos bancos que já têm relacionamento.
Além das transações, a Mastercard vai se responsabilizar pela segurança cibernética, monitoramento da identidade dos usuários, utilizando inclusive dados biométricos, e execução dos procedimentos preventivos de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo.
Também prestará consultoria tecnológica e jurídica para os bancos desenvolverem produtos ligados a criptoativos, incluindo pagamentos por cartões, transferências internacionais e programas de fidelidade, entre outros.
Segundo Jorn Lambert, responsável pela área digital da Mastercard, muitos consumidores querem se aventurar pelo universo cripto, mas não se sentem à vontade com os atuais provedores de serviços e prefeririam fazer isso pelas instituições que têm conta. “Isso é ainda um pouco amedrontador para algumas pessoas”, disse Lambert à “CNBC”.
Apesar do chamado “inverno dos criptoativos”, a Mastercard ampliou seus investimentos na área digital neste ano e contratou cerca de 500 profissionais para o segmento de criptoativos e open banking. No ano passado, fez um acordo com a Bakkt, uma “exchange” de criptoativos, para permitir resgate de pontos dos cartões de crédito e débito por meio de tokens digitais.
Já a rival Visa fez uma parceria com a FTX, uma das maiores exchanges de ativos digitais dos EUA, para oferecer cartões de débito com criptomoedas em 40 países. A American Express também entrou no segmento e estuda utilizar “stablecoins”, moedas digitais com paridade em divisas como o dólar, nos pagamentos com cartões de crédito e débito.