Pressão pós-payroll arrefece, taxas de juros zeram alta e terminam com viés de baixa
Em Wall Street, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA fecharam em patamares elevados e nas máximas desde 2007
Os juros futuros fecharam a sessão desta sexta-feira com viés de baixa. As taxas subiram durante a manhã, mas o movimento perdeu força durante a tarde, dada a releitura menos pessimista do relatório de emprego nos EUA, que de início provocou reação fortemente negativa nos mercados. Ainda assim, a curva teve forte ganho de inclinação, com as taxas longas subindo bem mais do que as curtas, no fechamento da semana, marcada ainda pela reprecificação do ciclo de cortes da Selic.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,955%, de 10,976% na quinta-feira. O DI para janeiro de 2026 terminou com taxa de 10,83%, de 10,86% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 passou de 11,12% para 11,07%, e a do DI para janeiro de 2029, de 11,62% para 11,56%. Na semana, as taxas longas subiram cerca de 30 pontos-base e as curtas, em torno de 10 pontos.
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Entre os ativos domésticos, o segmento de juros foi o que teve a melhora mais tardia ao longo da sessão, justamente pela aderência ao movimento dos Treasuries. Em Wall Street, os yields dos títulos do Tesouro dos EUA à tarde desaceleraram em relação aos picos da manhã pós-payroll, mas ainda assim fecharam em patamares elevados e nas máximas desde 2007. No fim da tarde, a T-Note de dez anos, referência entre ativos livres de risco, projetava taxa de 4,78%, após ter subido pela manhã a 4,85%. O dólar à vista, que bateu máximas na casa de R$ 5,22, passou a cair no fim da manhã para encerrar em R$ 5,1622, mas com ganho na semana acumulado em 2,7%.
Empregos nos EUA em setembro
A criação de 336 mil postos de trabalho nos EUA em setembro, quando o consenso era de 175 mil, assustou os investidores, levando à disparada das taxas dos Treasuries e do dólar ante as demais moedas. Ainda, houve expressiva revisão para cima no saldo de vagas dos meses anteriores. A impressão era de resiliência no mercado de trabalho, que poderia exigir um esforço maior do Federal Reserve para forçar a desinflação via novo aperto nos juros ainda este ano.
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Naquele primeiro momento, o mercado focou na geração de vagas, deixando em segundo plano o fato de que a alta nos salários por hora veio levemente abaixo do previsto e de que a taxa de desemprego se manteve em 3,8%, quando a expectativa era de queda para 3,7%. Tais fatores vieram a se sobrepor somente à tarde, aliviando a pressão sobre os ativos de risco.
O economista da Guide Investimentos Victor Beyruti afirma que a percepção melhorou depois que o mercado olhou a pesquisa com mais cuidado e percebeu que as informações foram, na verdade, mistas. “O Fed olha muito o desemprego e a pesquisa de salários”, afirma.
Na mesma linha, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, ressalta que houve uma reavaliação do relatório de emprego nos EUA. “Embora a criação de vagas tenha sido forte, outros dados, como salário e taxa de desemprego, mostram que o mercado de trabalho passa por um processo de normalização não recessivo”, diz.
A semana foi marcada por um forte movimento de zeragem de posições prefixadas, que acabou interferindo na precificação das apostas de Selic nos DIs. Mais por efeito técnico do que por visão de piora de fundamentos, o mercado zerou a expectativa de aceleração do ritmo para 0,75 ponto nos próximos meses e passou a considerar, a partir do Copom de dezembro, a possibilidade de a dose ser de 0,25 ponto, menor do que a atual, de 0,5. Com isso, a curva passou a projetar Selic de 11,75% no fim de 2023 e taxa terminal acima de 10%, no terceiro trimestre de 2024.
Com informações do Estadão Conteúdo.