Vale a pena usar o FGTS para comprar ações da Eletrobras?

Foi liberado o uso de até R$ 6 bilhões do saldo do FGTS para esse tipo de investimento; a participação prevista será por meio de cotas de fundos mútuos de privatização (FMP) e terá aplicação mínima de R$ 200 por pessoas física

Usina de Itaipu, controlada da Eletrobras (Foto: Alexandre Marchetti/Divulgação ItaipuBinacional)

O governo federal pretende privatizar a Eletrobras no primeiro trimestre de 2022 e na modelagem do negócio foi aprovada a possibilidade de o trabalhador usar dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar as ações da companhia. Foi liberado o uso de até R$ 6 bilhões do saldo do FGTS para esse tipo de investimento. A participação prevista será por meio de cotas de fundos mútuos de privatização (FMP) e terá aplicação mínima de R$ 200 por pessoas física.

O economista e consultor de investimentos Marcelo d’Agosto lembra que a iniciativa já foi feita anteriormente com a venda de papéis da Petrobras (agosto de 2000) e da Vale (março de 2002). “Teve uma característica marcante nas duas situações. Elas contaram com um desconto em relação ao preço de mercado. A estatal de petróleo ficou 20% mais barata, enquanto a mineradora teve um preço 5% menor.”

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No caso da Eletrobras, não ficou definido se haverá algum incentivo semelhante aos trabalhadores no momento em que a empresa não terá mais controle estatal. O anúncio, no entanto, coloca no radar dos interessados se vai valer a pena transferir recursos do FGTS para ter na carteira ações da companhia líder em geração e transmissão de energia elétrica no país.

Marcelo d’Agosto observa que as pessoas que aproveitaram as ofertas da Petrobras e da Vale lá no começo do século, que mantiveram os investimentos até agora, conseguiram bons retornos (veja gráfico abaixo). Mas há desafios e as crises, como a pandemia da covid-19, elevam o risco de vender na baixa. “Tanto Petrobras quanto Vale tiveram quedas na faixa de 80% em seus piores momentos.”

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Confira a seguir cinco fatores que podem guiar a sua decisão

  1. O ponto de partida, como todo investimento em renda variável, é avaliar o risco que você está disposto a correr. “A oscilação pode ser grande. A bolsa pode cair, a saúde financeira da empresa pode piorar. São situações que não é possível prever”, diz o consultor.
  2. É preciso pensar a importância do FGTS dentro da sua reserva financeira. “A pessoa pode ser demitida e ter os recursos do fundo comprometidos. Aí fica obrigada a se desfazer do investimento em um momento de baixa e arcar com um prejuízo”, argumenta.
  3. Como parte disso, Marcelo diz que o investimento tem que pensar no longo prazo. “Analisar se é um dinheiro que não vai fazer falta para um outro compromisso.”
  4. Também será necessário saber os detalhes da regra para usar o FGTS para comprar as ações da Eletrobras. “Pode ser interessante se repetir Petrobras e Vale e tiver um desconto para os trabalhadores.”
  5. Por último, o economista considera que será imprescindível estudar o cenário da privatização da Eletrobras. “A Vale teve uma expansão que se beneficiou do crescimento da China. A descoberta do pré-sal impulsionou a Petrobras. A Eletrobras pode não ter um evento extraordinário e está mais atrelada ao desempenho da economia. Mas uma nova gestão pode trazer mais eficiência e ganhos para a empresa.”
A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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