Venda Wall Street e compre Brasil, recomenda estrategista do Morgan Stanley
Em relatório, Lisa Shalett sugeriu que os investidores diversifiquem suas carteiras, comprando ações em mercados emergentes, incluindo o Brasil
Há tempos, o Morgan Stanley tem sido uma voz dissonante em Wall Street ao avaliar que os preços das ações do maior mercado do mundo estão altos demais. Agora, uma alta executiva do banco de investimentos foi além.
Em relatório, Lisa Shalett, chefe de investimentos da divisão de wealth management do Morgan Stanley, sugeriu que os investidores diversifiquem suas carteiras, comprando ações em mercados emergentes, incluindo o Brasil.
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A executiva do Morgan Stanley disse crer firmemente ver um futuro brilhante para a economia dos Estados Unidos, impulsionado por um boom na produtividade.
Porém, segundo ela, as ações nas bolsas dos Estados Unidos registaram uma recuperação notável nos últimos 15 anos, especialmente em comparação com os mercados de outras partes do mundo.
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Para efeito de comparação, Shalett comparou o desempenho do índice S&P 500, que subiu de 700 para os cerca de 5.000 pontos atuais desde 2009.
Ou seja, um crescimento de mais de sete vezes. Comparado com os demais mercados globais, isso significa um desempenho de quase sete pontos percentuais a mais.
O que houve?
Segundo ela, após a crise de 2007-2008, enquanto outras regiões enfrentavam dificuldades, os Estados Unidos se recuperaram devido a estímulos governamentais extraordinários.
Com o aumento no financiamento não bancário, especialmente no capital de risco e no capital privado, houve um boom de inovação tecnológica.
Após a pandemia e a crise bancária regional de 2023, os estímulos aumentaram ainda mais.
Diante disso, as ações dos Estados Unidos continuaram a ganhar, chegando atualmente a impressionantes 63% da capitalização de mercado do benchmark MSCI ACWI.
Isso, mesmo que a participação dos Estados Unidos no PIB global seja de apenas 24%.
“Um impacto tão descomunal das ações dos EUA pode fazer os investidores globais sentirem que não há outro jogo mas o Comitê de Investimento Global do Morgan Stanley pensa que há”, escreveu ela.
Tendência de redução de desequilíbrio
Para Shalett, agora as ações de outros mercados podem oferecer uma forma de proteger a carteira contra uma potencial retração do mercado dos Estados Unidos.
Isso leva em conta o fato de que a diferença de avaliação entre as ações dos Estados Unidos e de fora do país são muito altas.
Enquanto a média de relação preço-lucro futuro das empresas do S&P 500 seja de mais de 20, na média mundial esse índice é cerca de 13.
Além disso, as ações do índice fora dos Estados Unidos, em média, oferecem um dividend yield de 3% – mais do que o dobro das ações do índice dos Estados Unidos.
Para onde ir
A estrategista, então recomenda que os investidores considerem oportunidades em mercados como o do Japão, que está se recuperando, após 34 anos estagnado.
Ela também enxerga oportunidades na Europa, uma vez que o Banco Central Europeu comece a flexibilizar a política monetária na região.
Por fim, sugere que o investidor faça movimentos em mercados emergentes selecionados.
“Procure oportunidades no Brasil, na Índia, no México e no Vietnã”, recomendou.