Verde, de Luis Stuhlberger, vê sinais positivos do lado fiscal e zera posição em dólar/real
O fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, fechou abril com um recuo marginal de 0,03%, com a rentabilidade no ano em 2,32%, ainda abaixo do CDI, de 4,20%.
No mês passado, os ganhos vieram das posições em commodities, ouro e petróleo, na posição de juros longos europeus, e no livro de bolsa global. Já as perdas estiveram associadas posições de inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, no dólar e em menor medida na carteira de ações brasileiras.
Na carta mensal aos investidores, a Verde reconhece que no Brasil houve sinais positivos em relação às receitas fiscais, com a vitória do governo no STJ na questão dos benefícios de ICMS na base de impostos federais.
“Parece aumentar a probabilidade de que as metas fiscais de 2023 e 2024 sejam cumpridas (permanecem como desafios importantes 2025-2026).”
A gestão também avalia que o Congresso se mostra como contraponto importante em algumas decisões do governo, como no caso do saneamento e mesmo do arcabouço fiscal, em que “os sinais apontam para melhoras no projeto”.
Embora o prêmio de risco nos mercados tenha se mantido estável em grande medida em abril, a equipe da Verde diz ver esses fatores com viés positivo. Como reflexo disso, a gestora saiu de posições compradas em dólar contra o real.
Sobre a cena internacional, a Verde escreve que as questões relacionadas ao sistema bancário americano continuaram tendo influência importante no preço dos ativos – o First Republic Bank foi adquirido pelo J.P. Morgan, após o auxílio do fundo garantidor de crédito americano (FDIC) ter sido insuficiente para socorrer a instituição.
Como resultado, os investidores colocaram nas estratégias ligadas a juros um impacto relevante no aperto ao crédito na economia americana e, consequentemente, na política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
“Temos algumas dúvidas se os impactos serão fortes o suficiente a ponto de levar a economia para uma recessão e quão rápido o Fed vai mudar de postura na direção de cortes profundos da taxa de juros”, escreve o time da Verde.
“Continuamos vendo assimetrias na inflação (no sentido de ser mais resiliente que o precificado pelos mercados), e acreditamos que a precificação da volatilidade das curvas americanas está exagerada.” É aí que as principais apostas macro globais do fundo se concentram hoje.
O fundo reduziu marginalmente exposição na bolsa brasileira, e voltou a ter exposição comprada em bolsa global. A posição comprada em inflação implícita no Brasil foi mantida, e continua tomada em juros na parte curta da curva e comprada em inflação nos EUA.
A posição em ouro também foi mantida, e a asset retomou uma pequena alocação em petróleo. As posições em crédito “high yield” global foram marginalmente reduzidas e aquelas em crédito local foram mantidas.
Por Adriana Cotias
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