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XP mira transporte, saneamento e energia
A XP Asset planeja ampliar sua atuação em ativos de infraestrutura. O grupo está focado em quatro segmentos: transportes, saneamento básico, energia elétrica e telecomunicações. Para 2023, as principais oportunidades deverão estar nas três primeiras áreas, segundo Bruno Castro, presidente da gestora, e Túlio Machado, que comanda o setor de infraestrutura da empresa.
Para financiar a expansão, a XP avalia fazer, neste ano, uma rodada adicional de captação para seu quarto fundo de infraestrutura. Além disso, planeja lançar um novo fundo apenas para operações de crédito do setor, com captação prevista de R$ 500 milhões.
A atuação da XP na área tem chamado a atenção do mercado, principalmente desde agosto de 2022, quando o grupo conquistou a concessão dos aeroportos de Jacarepaguá (RJ) e Campo de Marte (SP), em um leilão federal. O contrato foi assinado no fim de março, e aguarda a declaração de eficácia pelo governo. Também neste ano, a gestora disputou a licitação da PPP do Rodoanel Norte, em São Paulo, que acabou ficando com a Starboard.
“Nossa equipe de infraestrutura está robusta e deverá dar voos cada vez mais altos, olhar projetos maiores. Espero que a concessão do Campo de Marte e Jacarepaguá seja o início de grandes negócios para nós”, afirma Castro.
O segmento de transportes é um dos que têm gerado mais oportunidades, segundo os executivos. “Nos próximos dois anos haverá bastante movimentação no setor de rodovias. Mais para o fim deste ano já começa um ‘pipeline’ bem acelerado, tanto de estradas federais quanto de algumas estaduais”, diz Machado.
O setor de saneamento também deverá gerar oportunidades no curto prazo, embora as mudanças regulatórias recentes tragam insegurança, segundo ele.
“Os decretos federais [com alterações nas regras do setor] tiram apetite em certa medida, porque diminuem a previsão de novos projetos. Deve haver menos janelas de oportunidade. Além disso, há um ambiente regulatório mais instável. Do ponto de vista do investidor que está entrando em um negócio por 30 anos, é negativo o fato de que mal começou a lei e já está havendo canetada.”
Já no segmento de energia, a expectativa para este ano deverá girar em torno dos leilões de linhas de transmissão que estão previstos, afirma Machado.
Para além das licitações, ele aponta que há oportunidades no mercado secundário para os segmentos-alvo. “Muitos investidores traçaram premissas em um passado macroeconômico bem mais estável, com juros menores, e hoje estão em uma situação pior, o que gera oportunidades.”
A atuação da XP em infraestrutura não é recente, mas se intensificou nos últimos anos. O primeiro fundo do setor foi de 2013 e gerou investimento em dois projetos de geração elétrica, em parceria com a Ômega Energia. O segundo fundo foi direcionado a renda, então foram priorizados ativos operacionais, sem prazo para saída.
Foi a partir de 2020, com o terceiro fundo do setor, que a gestora adotou a estratégia de private equity, voltada a ativos pré-operacionais. O principal projeto do fundo foi a Oxe Energia, responsável por uma usina de biomassa em Roraima. Em julho de 2022, o grupo montou o quarto fundo do setor, com cerca de R$ 340 milhões, que foi usado no leilão de aeroportos, além de uma operação de crédito no setor portuário.
Embora ainda haja uma parcela de recursos disponíveis no quarto fundo, a XP planeja fazer uma última rodada de captação, ainda neste ano, diz Castro. “A gente quer ir a mercado quando tiver oportunidades, mas a equipe de infraestrutura tem visto bons negócios. Temos um espaço [no fundo] de cerca de R$ 120 milhões, e haveria alguns ‘deals’ que gostaríamos de fazer, mais de um. Então eventualmente podemos vir a captar mais rápido [a depender das oportunidades].”
Além disso, há planos de lançar um outro fundo de infraestrutura, especificamente para operações de crédito. “Já temos ativos mapeados para captar R$ 500 milhões”, afirma o presidente.
A XP Asset tem cerca de R$ 160 bilhões de ativos sob gestão – a maior parte está em fundos de renda fixa e indexados. O setor de infraestrutura representa uma parcela pequena dentro desse universo, com R$ 2,4 bilhões sob gestão. Hoje, a perspectiva da equipe é dobrar o volume da área, em um prazo de até dois anos.
Por Taís Hirata, do Valor Econômico
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