Desacumulação: o que você precisa saber para gastar o dinheiro da aposentadoria sem comprometer o patrimônio acumulado?

Você passou anos juntando dinheiro. Mas qual é a melhor hora para se aposentar e viver de renda?

O processo de desacumulação de recursos busca transformar os investimentos feitos ao longo dos anos em uma renda estável. (Foto: Getty Images)
O processo de desacumulação de recursos busca transformar os investimentos feitos ao longo dos anos em uma renda estável. (Foto: Getty Images)

Muitas dicas financeiras focam na construção de patrimônio ao longo da vida, ensinando como investir e acumular recursos para garantir uma velhice tranquila. Como é o exemplo da regra 1-3-6-9.

Mas o que acontece quando chega o momento de usar esse dinheiro? Como transformar os investimentos feitos ao longo dos anos em uma renda estável e planejar a aposentadoria para cobrir as despesas até o fim da vida?

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Esse processo é conhecido como desacumulação de recursos e, segundo o planejador financeiro e especialista em previdência Vinicius Panizza, recebe menos atenção do que deveria. “A gente fala muito de acumulação, mas pouco de desacumulação. Ensinamos muito como acumular, mas pouco sobre como o investidor deve usar o que juntou”, afirma.

Como planejar a aposentadoria?

A transição para a aposentadoria envolve diversas decisões financeiras. Segundo Panizza, ao chegar nessa fase, é normal o surgimento de dúvidas sobre como utilizar o patrimônio acumulado. “Essa pessoa já tem uma reserva suficiente para se manter aposentada, já acumulou capital humano, mas como tomar as decisões?”, explica.

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Esse planejamento passa por entender quais são as fontes de renda disponíveis, que podem incluir investimentos, aluguéis e benefícios previdenciários. A estratégia pode variar de acordo com o perfil e os objetivos de cada aposentado. “Alguns preferem deixar parte do dinheiro investido, enquanto outros escolhem receber uma renda mensal. Também há quem pense na sucessão patrimonial, destinando o dinheiro para filhos e netos”, acrescenta.

No caso da previdência privada, por exemplo, existem alternativas para programar resgates ou transformar o saldo acumulado em uma renda vitalícia. “Esse é um dos benefícios da previdência. A pessoa pode escolher receber uma renda por um determinado período ou até pelo resto da vida, com possibilidade de continuidade para esposa e filhos menores”, explica Panizza.

Qual é a melhor hora para se aposentar?

Não há uma receita única para a desacumulação, pois cada um tem necessidades e estilos de vida diferentes. “Pode ser que uma solução para mim não seja a mesma para você. O resumo dessa conversa passa muito pela educação financeira e por entender como maximizar o patrimônio para uma desacumulação tranquila”, destaca Panizza.

O especialista afirma que, normalmente, o processo de desacumulação começa por volta dos 60 ou 65 anos, quando a pessoa reduz o ritmo de trabalho e passa a priorizar outros aspectos da vida. “A saúde e a disposição já não são mais as mesmas, o capital humano não é mais o mesmo. Então, se ela acumulou patrimônio ao longo de 30 anos, por que não usar esse dinheiro para o próprio benefício e da família?”, questiona.

Fatores essenciais na retirada de recursos

Dois pontos são cruciais para um bom planejamento de desacumulação: expectativa de vida e inflação. “Não sabemos até quando vamos viver, mas temos indicadores do próprio IBGE. A expectativa de vida vem aumentando ao longo do tempo e isso significa que teremos que juntar mais dinheiro”, diz Panizza.

De acordo com ele, ao se aposentar aos 60 anos, a expectativa é de cerca de 15 ou 20 anos para utilizar esse patrimônio. Além disso, a inflação corrói o poder de compra ao longo do tempo, tornando essencial que os investimentos continuem rendendo acima dela. “Se o investidor transforma o dinheiro em uma renda fixa, ela precisa ser corrigida pela inflação. Caso contrário, pode perder poder de compra”, alerta.

O ritmo de retirada também precisa ser bem planejado. “Se o fundo rendeu 1% ao mês e o investidor está resgatando 5% todo mês, o dinheiro vai acabar muito mais rápido”, exemplifica Panizza. O ideal é manter um equilíbrio entre os rendimentos dos investimentos e os saques mensais, evitando que o patrimônio se esgote antes do previsto.

3 cenários ideais para sacar a aposentadoria

Para entender melhor as diferentes estratégias de retirada, Vinicius Panizza traz uma simulação com três cenários distintos para a desacumulação de recursos. Todas as simulações consideram um patrimônio de R$ 1 milhão, com aposentadoria aos 65 anos.

O primeiro cenário é o de administração do saldo por resgates mensais. Neste caso, a reserva é dividida em dois produtos (por exemplo: R$ 500 mil em dois planos). Dessa forma, é possível ter a liquidez mensal, já que a carência entre resgates de planos PGBL e VGBL é de 60 dias entre as movimentações. Se o titular falecer antes do fim do prazo contratado, o saldo restante, se houver, será repassado aos beneficiários indicados. Esse valor não entra no inventário.

Saldo atual em PrevidênciaResgateRentabilidadeDuração da reserva em mesesDuração da reserva em anos
R$ 1 milhãoR$ 10 mil0,9% ao mês249 meses20,75

O segundo cenário é o de recebimento do saldo por renda mensal vitalícia. O benefício varia de acordo com a expectativa de vida e necessidades do investidor. Neste caso, os pagamentos encerram com o falecimento do titular, sem devolução de saldo. Porém, se o saldo acabar antes, o benefício continua sendo pago até o falecimento.

Saldo atual em PrevidênciaExemplo de valor de benefícioAtualização do benefícioDuração
R$ 1 milhãoR$ 3.391,99Correção a cada 12 meses pela variação do IPCAVitalício

Por fim, o terceiro cenário considera o recebimento do saldo por uma renda programada. O período escolhido pode variar de 1 ano a 40 anos. Se o titular falecer antes do prazo contratado, os beneficiários continuarão recebendo os pagamentos até a data definida no contrato.

Saldo atual em PrevidênciaResgateAtualização do benefícioPrazo escolhidoTaxa de juros utilizada na simulação
R$ 1 milhãoR$ 7.072,92Correção a cada 12 meses pela variação do IPCA20 anos6% aa

A importância de planejar a aposentadoria

Planejar a aposentadoria e a desacumulação de recursos é tão importante quanto acumular patrimônio. Panizza destaca que a previdência privada, por exemplo, pode ser uma solução completa de investimento para o longo prazo. “Ela traz benefícios que outros produtos não oferecem, como a possibilidade de receber uma renda vitalícia e garantir continuidade para os beneficiários”, afirma.

Independentemente da estratégia escolhida, o mais importante é estruturar um plano que leve em conta as necessidades pessoais, os padrões de vida e as fontes de renda adicionais. Dessa forma, o patrimônio acumulado ao longo de décadas será utilizado da melhor maneira possível, garantindo segurança financeira e tranquilidade na aposentadoria.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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