Brasil tem mais investidores em criptoativos do que na bolsa, mostra pesquisa

Estudo mostra que 54% conhecem bitcoin e 16% já investiram; 29% acreditam que os moedas digitais são como bets
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  • Pesquisa revela que o número de investidores em criptomoedas no Brasil supera o de ações, dólar e Tesouro Direto.
  • Apesar da popularidade, 45% veem cripto como ações e 29% como apostas.
  • A poupança lidera como investimento favorito, seguida por imóveis e fundos.
  • Há 2,5 vezes mais investidores em cripto do que em ações, segundo o estudo.
  • Jovens são os mais propensos a investir em cripto, buscando diversificação e reserva de valor.
  • Especialistas destacam a necessidade de maior educação financeira no mercado de criptomoedas.
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O universo de investidores de criptomoedas do Brasil é maior do que o de dólar, Tesouro Direto e ações, revelou uma pesquisa realizada pelos institutos Datafolha e Paradigma Education.

Mesmo tão popular, o mercado de moedas digitais é considerado majoritariamente como de alto risco por quem compra esse tipo de ativo: 45% veem “cripto” como equivalente a ações e 29% acreditam que os criptoativos são como as bets, as apostas esportivas on-line.

A pesquisa, que foi encomendada pela gestora brasileira de fundos Hashdex e pela corretora de criptoativos americana Coinbase, mostrou que 43% dos brasileiros não investem, ao passo que a maioria da população brasileira que investe ainda tem como aplicação favorita a caderneta de poupança.

Em uma questão estimulada, ou seja, citando nominalmente as alternativas de investimento, 52% responderam que investem ou já investiram na poupança, que ficou à frente de imóveis (31%), dinheiro no colchão (24%), fundos de investimento (19%) e criptomoedas (16%).

Abaixo do “top 5” nos investimentos favoritos dos brasileiros ficaram dólar ou outras moedas (14%), títulos públicos e privados (12%), ouro (9%) e ações (6%).

A análise dos números demonstra que há 2,5 vezes mais investidores em cripto do que em de ações no país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Disparidade com dados oficiais

Sendo um estudo baseado em autodeclaração, é possível verificar algumas disparidades com dados oficiais. Os 6% que declararam investir em ações, por exemplo, representariam 9,6 milhões de pessoas no universo estudado.

Porém, a B3 divulga que em dezembro de 2024 existiam 5,3 milhões de investidores na bolsa.

Já os investidores em títulos somariam 19,2 milhões, ao passo que o Tesouro Direto tem 31,5 milhões de pessoas cadastradas, com 3 milhões de contas ativas.

Para chegar aos dados, os pesquisadores entrevistaram presencialmente 2.007 pessoas em pontos de fluxo sorteados em 113 municípios.

A amostra serve para representar um universo de 160,1 milhões de brasileiros com mais de 16 anos, de modo que a população de investidores em criptomoedas seria equivalente a 25 milhões de pessoas.

Delas, 14 milhões têm ou tiveram cripto por meio de bancos, 8 milhões compraram via corretoras, fundos e instrumentos de bolsa como os fundos negociados em bolsa (ETFs), e só 3 milhões fizeram autocustódia em carteiras digitais sem intermediários.

Mais da metade dos entrevistados já ouviu falar em bitcoin

Em termos de conhecimento, 54% dos entrevistados disseram já ter ouvido falar no bitcoin, a primeira e mais importante das criptomoedas. Desses, dois terços afirmaram que essa é a única moeda digital que conhecem.

As próximas moedas digitais mais conhecidas são o ether, da rede Ethereum, com 9,2% de lembranças, o Drex, do Banco Central, com 6%, , e a criptomoeda meme dogecoin, com 4,4%.

Segundo Paula Zogbi, gerente de análise da fintech Nomad, é positivo que a população brasileira esteja buscando participar das inovações de mercado, mas preocupa a concentração em ativos mais voláteis, como as criptomoedas, em detrimento de aplicações que podem proteger mais um portfólio diversificado.

“Nos dados, a primeira coisa que chama a atenção é que temos mais brasileiros com cripto do que com dólar na carteira: uma preferência por exposição a um ativo extremamente volátil e sensível ao noticiário, sem uma contrapartida em moeda forte na carteira”, afirma.

Zogbi diz que a tese do bitcoin como reserva de valor é uma crença que ainda não foi confirmada em termos de proteção às carteiras. “Por ora, a volatilidade é o nome do jogo e o bitcoin continua se comportando como um ativo de risco, inclusive de forma altamente correlacionada a ativos de tecnologia e ao índice Nasdaq, como pudemos observar nesse início do ano após a posse de Trump para o seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos”, disse.

Jovens são mais propensos a investir em criptoativos

Para o futuro, 20% dos respondentes da pesquisa disseram que podem investir em bitcoin ou outra criptomoeda nos próximos 24 meses, um percentual que salta para 42% entre os jovens de 16 a 24 anos.

Na população dessa faixa etária mais jovem, 32,1% veem os criptoativos como um bom modo de diversificar investimentos – contra 28,7% daqueles que têm de 25 a 34 anos e 20,5% dos que têm de 45 a 59 anos – e 32,7% consideram que moedas digitais podem ser uma reserva de valor a longo prazo – ante 31,3% daqueles com 25 a 34 anos e 33,7% para quem tem de 45 a 59 anos.

Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, diz que a pesquisa confirma o Brasil como um dos maiores mercados consumidores de cripto do mundo, mas admite que há um grande caminho a percorrer na educação financeira.

“Esses dados reforçam a necessidade de ampliar o conhecimento sobre essa classe de ativos para que mais brasileiros possam aproveitar seu potencial”, afirma.

Já Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, ressaltou a diferença entre o grau de educação financeira dos investidores.

“Embora cripto já seja uma das cinco formas de investimento mais populares do Brasil, muitos brasileiros ainda as relaciona somente à poupança, ignorando outros serviços [que trazem rendimento periódico] como o staking”, destaca.

Um dado relevante é que o mercado de criptomoedas tem um forte “gap” de gênero, sendo que 67,3% da população que investe nesse tipo de ativo são homens e só 32,7% são mulheres.

Com informações do Valor Econômico

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