Diante da ‘montanha-russa Donald Trump’, o que eu faço? Compro, vendo ou fico com o bitcoin?

A eleição de Donald Trump reacendeu o otimismo no mercado cripto, alimentando a expectativa de uma administração mais favorável, por exemplo, ao bitcoin. No entanto, a recente volatilidade apresentada pelo ativo digital trouxe incertezas. E levantou uma questão: é hora de comprar bitcoin ou o momento exige cautela?
O temor de recessão se espalhou pelos Estados Unidos, e isso tem ampliado a aversão ao risco e pressionado ativos voláteis. O reflexo disso se vê no mercado. Nesta terça-feira (11), o ativo digital está em queda de 3,70% nos últimos sete dias e de 14% no mês.
Além disso, preocupações com a desaceleração econômica e os planos de Trump para impor novas tarifas comerciais pesam sobre os ativos digitais. O bitcoin voltou a se aproximar da mínima em quatro meses, embora ainda opere acima dos US$ 80 mil.
Comprar, vender ou manter bitcoin?
De acordo com Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, embora o mercado tenha enfrentado obstáculos de curto prazo, ainda há espaço para valorizações dentro do ciclo atual.
“Para os investidores, o ideal é uma estratégia de aportes fracionados em bons ativos, acompanhando de perto esses desenvolvimentos”, recomenda.
Já a visão de Caio Villa, CIO da Uniera, é clara: quedas representam oportunidades para quem tem horizonte de longo prazo.
“Se for um dinheiro que não vai fazer falta e que o investidor não precisará sacar no curto e médio prazo, o ideal é comprar nesses momentos de incerteza”.
Para quem já possui uma posição em bitcoin e tem um horizonte de investimento de longo prazo, os especialistas sugerem manter a exposição.
“Quem está no mercado cripto há mais tempo está acostumado com essa volatilidade. Com o ativo agora sendo uma reserva estratégica dos EUA e contando com a entrada de investidores institucionais, a tendência de valorização continua”, conclui Villa.
Reserva estratégica de bitcoin dos EUA decepcionou o mercado
Na última semana, Trump assinou uma ordem executiva aprovando a criação de uma reserva nacional de bitcoin, que também incluirá quatro altcoins: ether, XRP, solana e cardano.
Mas, ao contrário do que muitos esperavam, o governo não pretende usar dinheiro dos contribuintes para comprar criptomoedas.
A estratégia prevê que a reserva seja formada a partir de ativos confiscados pelo Departamento de Justiça, sem um programa efetivo de compras.
O impacto imediato no mercado, portanto, foi limitado, frustrando entusiastas que esperavam medidas mais agressivas para impulsionar a adoção dos criptoativos. O tema dominou as discussões no encontro de executivos do setor na Casa Branca na última sexta-feira (7).
A volatilidade e a perspectiva de longo prazo
Apesar da reação inicial negativa, analistas acreditam que a tese de valorização do bitcoin no longo prazo continua intacta. “O bitcoin ainda tem uma volatilidade maior porque sua capitalização de mercado é menor. O curto prazo ainda é de incerteza, principalmente pela possibilidade de recessão americana”, explica Villa.
Além disso, grandes investidores seguem aumentando exposição ao ativo. Michael Saylor, fundador da Strategy, anunciou a venda de US$ 21 bilhões em ações para comprar mais bitcoin – um sinal de confiança no futuro da criptomoeda. Hoje, a companhia é a maior detentora corporativa pública de bitcoins do mundo.
Fatores que podem impulsionar o mercado cripto
Enquanto o cenário macroeconômico segue incerto, alguns eventos podem atuar como catalisadores para o setor cripto nos próximos meses. Ana destaca que uma possível mudança na política monetária dos Estados Unidos pode favorecer os criptoativos.
“A alta na taxa de juros e a contração monetária reduziram a liquidez global, limitando o capital disponível para ativos de risco como as criptomoedas. Mas a última ata do FOMC sinalizou que o Fed pode encerrar o aperto monetário, o que será excelente para o setor”, analisa.
Além disso, a expectativa de aprovação de ETFs de solana, ripple e litecoin ainda em 2025 pode atrair novos investidores institucionais e de varejo, fortalecendo a demanda.
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