Itaú estuda mercado cripto para lançar sua própria stablecoin de real

Guto Antunes, que lidera área de cripto do banco, diz que espera por regulação do BC e novidades dos EUA para entrar no setor de stablecoin

Se o Drex, o real digital, segue sem previsão de lançamento pelo Banco Central (BC), o mercado vai se movimentando em torno da stablecoin do real.

Nesta terça-feira (1º), foi a vez do banco Itaú afirmar que monitora o segmento, principalmente a partir do desenvolvimento do setor nos Estados Unidos e do ambiente regulatório em discussão aqui no Brasil.

Segundo Guto Antunes, que lidera a área de ativos digitais do Itaú, as stablecoins representam “o assunto do mercado cripto em 2025”.

Segundo ele, “o banco estuda lançar uma stablecoin própria”.

Isso, tão logo se torne mais claro como o mercado financeiro norte-americano adotará a tecnologia em larga escala. Assim como, aqui no Brasil, seja definido o caminho legal para esse novo nicho.

“Não podemos ignorar a força da blockchain para liquidar, de forma atômica, as operações financeiras. As stablecoins representam um grande mercado dentro desse setor”, disse, em evento sobre o mercado cripto com a imprensa, em São Paulo.

Consulta pública do BC

Em novembro do ano passado, o BC soltou uma consulta pública para ajustar o enquadramento do setor de stablecoins. A expectativa é de que as regras para as criptomoedas pareadas ao real constem no marco das criptomoedas, com publicação esperada para ainda este ano.

Já nos Estados Unidos, Donald Trump e seu assessor responsável pelo mercado cripto, David Sacks, disseram que não pretendem lançar um dólar digital oficial, como vai ser o Drex no Brasil.

Ao invés disso, o governo americano pretende apoiar projetos privados de stablecoins, como é o USDT, mantido pela Tether, que hoje opera US$ 147,87 bilhões.

Ou a stablecoin USDC, da Circle, empresa de US$ 60 bilhões e que, recentemente, contratou os bancos de investimento J.P. Morgan Chase e Citi para um IPO em Nova York.

Stablecoin com rendimento

Para Guto Antunes, sempre esteve no radar do banco o mercado de stablecoins. O executivo observa alguns usos para a versão própria de um real digital, principalmente para clientes que já invistam em ativo digitais.

“O cliente pode querer passar de um ativo a outro, sem ficar exposto às oscilações do bitcoin. Ou, eventualmente, deixar a stablecoin parada na conta, rendendo”, diz.

Ele aponta soluções de algumas instituições, principalmente americanas, que oferecem rendimentos aos detentores de criptomoedas pareadas ao dólar.

Mercado já existe no Brasil

Hoje, o mercado já tem algumas criptomoedas de real bem posicionadas. Mas dois tokens em especial competem pelo atenção dos usuários dentro das blockchains. A BRZ, da empresa Transfero, é a mais antiga. Sua listagem data de 2019 e, neste momento, tem capitalização de mercado de quase US$ 1 bilhão.

Segundo dados da Receita Federal, que considera apenas valores equivalentes ou superiores a R$ 30 mil, a BRZ negociou entre janeiro e agosto do ano passado R$ 5,9 bilhões.

A concorrente de BRZ é a BRLA, da BRLA Digital. A moeda é de setembro de 2023 e vale R$ 2,8 bilhões, de acordo com o CoinGecko, que monitora o mercado cripto.

Custo baixo de câmbio

Segundo os desenvolvedores, o negócio de stablecoins se desenvolve sobretudo na esteira dos altos custos envolvendo envios de remessas de um lado para o outro do mundo.

“Nosso principal mercado é esse de remessa. De cada 10 BRZs, mais de 9 BRZs é para isso”, afirma Leandro Noel, sócio-fundador e CEO da BRLA Digital.

Para se ter uma ideia, segundo relatório da A16Z Cryptoventure capital para o mercado de criptomedas, uma transação internacional de US$ 1 mil pode custar US$ 44 no mercado tradicional.

Mas com o uso de uma stablecoin de dólar, por exemplo a USDC, da empresa Circle, o custo pode ir de US$ 12 a até US$ 0,01, dependendo dos valores e da opção pela rede de blockchain.

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