Protecionismo de Trump e memecoins sugam US$ 800 bi do mercado cripto e investidor procura pelo fundo do poço

Com memecoins, o bitcoin, principal ativo do mercado cripto, entrou em uma espiral de realizações até alcançar o piso em US$ 91 mil

Após superar a cotação de US$ 100 mil e passar semanas renovando máximas, o bitcoin, principal ativo do mercado cripto, entrou em uma espiral de realizações até alcançar o piso em US$ 91 mil.

Com fortes oscilações, o revés contaminou todo o setor, que passou por uma das piores quedas da história.

Mais de US$ 800 bilhões viraram poeira, sendo que US$ 2 bilhões foram liquidados em apenas 24 horas no pior dia de janeiro.

Em volume de dinheiro que sumiu, foi uma jornada de realizações mais forte do que na explosão da Covid, no derretimento da stablecoin LUNA e no evento de fraude da FTX.

Para especialistas, não foi um, não foram dois, mas três ou quatro eventos simultâneos que desencadearam a onda de liquidações. E o fundo do poço, ou melhor, o fim da alta volatilidade, ainda não desponta no horizonte.

Memecoins sugaram dinheiro do mercado cripto

O primeiro evento foi o estouro das memecoins ligadas à política dos Estados Unidos. Com a Dogecoin, ligada a Elon Musk, empresário que é neste momento o homem forte de Donald Trump em Washington. E, principalmente, a memecoin de Trump, que roda na rede da Solana. A moeda de Trump, que não tem nenhum projeto que a sustente, iniciou a comercialização em US$ 0,18 e alcançou o topo de negociação a US$ 74,69.

Para especialistas como Alexandre Ludolf, da Transfero, o sucesso das memecoins pode ter sugado o dinheiro dos investidores de projetos sérios, como é o bitcoin, a própria solana e o ethereum.

Mas Marcelo Cestari, especialista em criptos da Empiricus, levanta outras questões para a queda no valor dos ativos.

Liquidações forçadas

Segundo ele, o movimento ganhou força com o efeito cascata das liquidações forçadas. Isso acontece quando investidores que operam com alavancagem não conseguem cobrir suas perdas, forçando as corretoras a vender seus ativos automaticamente.

“Esse fenômeno acelera ainda mais a queda dos preços, gerando um ciclo vicioso de pânico e liquidações ainda maiores”, aponta.

Segundo ele, rumores no mercado dizem que market makers, empresas que fornecem liquidez para o mercado, podem ter se aproveitado dessa queda para lucrar.

“Um dos principais alvos dessas suspeitas foi a Wintermute, uma grande market maker que, segundo dados on-chain, pode ter vendido grandes quantidades de tokens no mercado. Forçando, assim, os preços para baixo e desencadeando mais liquidações”, destaca.

Mercado cripto e medidas protecionistas de Trump

A Nord, casa de análise que também se dedicada a estudar o mercado cripto, afirma que tudo isso posto, há também o risco econômico das medidas protecionistas de Donald Trump.

O presidente americano ameaça parceiros comerciais e concorrentes diretos, como a China, com tarifas substanciais de importação.

Uma guerra comercial tende a favorecer num primeiro os Estados Unidos, por ser menos dependente que mercados como o México ou o Canadá do comércio internacional. Mas, acredita-se que essa política pode desencadear um movimento negativo para as empresas americanas.

“Na nossa perspectiva, tentar ‘pegar a faca caindo’ é uma estratégia arriscada”, apontou a Nord. “Não há como prever se a desvalorização continuará ou se haverá uma recuperação significativa. Diante da imprevisibilidade do mercado, é prudente evitar especulações baseadas na tentativa de identificar o momento exato do fundo (do poço)”.

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