Onde investir em ações com a bolsa tropeçando? Especialista do Itaú BBA responde

O atual cenário econômico brasileiro – juros altos, bolsa de valores andando de lado (por volta dos 123 mil pontos) e projeção de inflação de 5,65% até o fim desse ano – faz com que as atenções se voltem para a renda fixa. Mas para quem pensa em renda variável, em ações, até para diversificar a carteira, o que é recomendável neste momento?

Para responder essa questão, a Inteligência Financeira conversou com Victor Natal, estrategista de ações para pessoa física do Itaú BBA. O especialista acredita que o melhor nesse momento é optar por empresas resilientes. Ou seja, que não sofrem tanto com as variações econômicas do País. “Isso pensando em um investidor menos arrojado, que não quer arriscar tanto”, pondera.

Setores em alta para ações recomendadas

Então, na opinião de Natal “os setores mais resilientes diante das variáveis econômicas de juros e inflação são: energia elétrica, exportadoras e financeiro, principalmente seguradoras”.

Ainda de acordo com o especialista do Itaú BBA, o setor de energia elétrica sugere previsibilidade de receita dessas empresas. “Além disso, as companhias já possuem margem (de lucro) considerada estável. Ou seja, tem uma geração de caixa bastante resiliente”, justifica.

A respeito de empresas exportadoras, Natal justifica sua escolha pelo câmbio. Afinal, toda – ou quase toda – a receita dessas empresas é formada em dólar. Assim, “o atual câmbio depreciado (real desvalorizado em relação à moeda norte-americana) faz com que na hora da conversão o lucro em reais se torne bastante promissor.”

Por fim, as seguradoras entram na mira do analista porque as operações de previdência e seguros são atreladas à renda fixa. Isso em geral.

“E aí, quando o rendimento da renda fixa aumenta, tem mais dinheiro para pagar esse cliente, mas com uma taxa travada menor do que a atual”, explica. E isso, claro, faz com que o lucro da seguradora aumente.  

Ações recomendadas

Diante disso, o especialista também indicou empresas desses setores que podem fazer parte da carteira do investidor.

A começar pela área de energia elétrica, a recomendação é Eletrobras (ELET3, ELET6). Relatório produzido pelo próprio especialista para o Itaú BBA já recomendava este papel.

A empresa ganhou destaque porque o governo Federal selou acordo em que a companhia não precisará mais realizar investimentos no projeto da usina nucelar Angra 3.

“Essa operação ia demandar um dinheiro muito relevante, e a Eletrobras não estava querendo fazer esses investimentos”, comenta o especialista.

No relatório, Natal afirma que “não deve haver mais contestações na Justiça sobre a cláusula do estatuto da companhia que limita o poder de voto do poder público, o que restaura o conforto do mercado com a governança corporativa da Eletrobras.”

De olho no dólar

Já no setor das companhias exportadoras, entre as ações recomendadas por Victor Natal está a PRIO (PRIO3). “A exportadora de petróleo estava esperando duas licenças ambientais do Ibama. Uma já veio e a outra ainda não, mas vêm em breve, o que deve fazer com que o nível de produção da companhia aumente bastante”, argumenta.

E como a empresa exporta 100% da sua produção, esse aumento pode fazer com que a PRIO tenha lucro maior. “Afinal, a companhia se dá bem quando temos o real depreciando”, acrescenta Natal.

Vale saber que a licença ambiental cedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, envolve a instalação de um sistema de produção no campo de Wahoo, localizado na Bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

A outra licença permitiria a exploração na Bacia da Foz do Rio Amazonas, na Margem Equatorial. A localização, no entanto, sugere ainda alguma demora na liberação.

Bom trabalho

Por fim, no setor de seguros, a Caixa Seguridade (CXSE3) é outra ação recomendada pelo estrategista do Itaú BBA. Natal afirma que a empresa executa muito bem o seu trabalho. “O que pode trazer bons resultados futuros”, finaliza.