Já pensou em alugar ETF? Saiba como funciona o empréstimo de cotas
Confira também o passo a passo da estratégia, além de seus prós e contras
No mundo dos investimentos, existem diversos produtos e formas de aplicar o seu dinheiro. E entre as opções está a ação de alugar ETF. Que, aliás, é um processo mais avançado. “Quando você aluga um ETF, na verdade está emprestando suas cotas para outra pessoa por um período determinado. Em troca, você recebe uma taxa de juros acordada previamente”, explica Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças.
Mas, o que é um ETF?
Inclusive, vale saber que ETF (Exchange Traded Funds) é um fundo de investimento que é negociado em bolsa, e pode conter uma variedade de ativos, como ações, títulos, commodities, entre outros. “Então, quando você investe em um ETF, significa que comprou uma cota de um fundo que possui uma carteira diversificada de ativos”, pontua Glaciano.
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O produto chegou à B3, a bolsa de valores brasileira, há 20 anos, mas, segundo Daniel Sabino, economista, head de produtos e sócio-fundador do Grupo NanoCapital, ainda há muito espaço para crescer.
“Os dados do Banco Central de outubro de 2023 mostram que o patrimônio investido em ETFs é de R$ 41 bilhões. O que significa menos de 10% do que os brasileiros têm na poupança. E isso, então, indica que, apesar do crescimento significativo, o mercado de ETFs ainda é subutilizado pelos investidores brasileiros”, comenta o especialista.
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Como funciona o aluguel de ETF
E o processo de empréstimo de cotas pode ser feito por pessoa física, jurídica e institucional. “Basta pedir esse aluguel dentro da corretora que está operando”, comenta Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital.
Além disso, o aluguel, claro, vai para o proprietário das cotas do ETF. Ou seja, quem emprestou. “O prazo do aluguel é uma parte essencial do contrato de empréstimo de ETFs e é especificado antes da transação ocorrer. Este prazo, portanto, define a duração do período em que o tomador do empréstimo pode manter em sua posse as cotas emprestadas”, esclarece Glaciano.
O período estipulado para alugar ETF vai depender muito da ponta que está emprestando. “Mas, normalmente, o pessoal deixa em aluguel contínuo para pedir a qualquer momento. Esse é mais ou menos o padrão”, afirma Nobile.
Alugar ETF pode ser interessante para o investidor
Então, além de ser uma boa opção, alugar ETF gera uma renda extra, o que, claro, aumenta a sua rentabilidade.
“Nos últimos anos, várias corretoras passaram a oferecer o serviço de custódia remunerada. Ampliando a possibilidade de mais investidores conseguirem alugar seus ativos e receberem uma renda extra. Mas é importante ter em mente que o doador segue recebendo normalmente os dividendos e demais proventos do ativo e colunista da Inteligência Financeira. Mesmo enquanto o produto está doado”, esclarece Renato Eid, superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset e colunista da Inteligência Financeira.
Esse sistema de custódia remunerada mencionada pelo especialista funciona da seguinte maneira. “O investidor vai disponibilizar cotas de ETF para serem trabalhadas e alugadas. E então, com o mesmo investimento, é possível conseguiu gerar duas receitas: alugando ativos dentro do ETF e alugando as cotas dentro do programa de custódia”, afirma Eid.
Todo investidor pode alugar ETF?
Desse modo, fica visível que alugar ETF pode ser uma opção interessante. Afinal de contas, qualquer pessoa com conta em uma corretora de valores que ofereça o serviço pode alugar as cotas desses fundos.
“A grande palavra é democratização. Isso porque você tem desde investidor mais sofisticado até o iniciante. E ambos irão acessar o mesmo instrumento com o mesmo preço e podendo fazer o investimento inicial com o mesmo montante”, comenta Eid.
Já quanto ao perfil de investidor, existe uma diferença. “Enquanto os que compram ETFs, geralmente, priorizam estratégias de longo prazo, os investidores que decidem alugar costumam buscar ganhos de curto prazo”, afirma Sabino.
Qualquer ETF pode ser alugado?
E a maioria dos ETFs pode ser alugada. Mas, na prática, existem certos critérios que os tomadores de empréstimos consideram ao escolher quais fundos de investimento alugar. “Geralmente, ETFs que são altamente líquidos e têm uma base sólida de investidores são mais procurados para aluguel”, diz Marlon Glaciano.
Por isso, de acordo com Renato Nobile, o ideal é consultar a lista disponível da B3 com os ETFs que estão disponíveis para aluguel.
Vantagens do aluguel de ETF
Mas antes de procurar a bolsa de valores, é importante conhecer alguns benefícios do processo de empréstimo de cotas. Veja só!
- Geração de renda adicional: ao alugar suas cotas de ETF, você pode receber uma taxa de juros como compensação pelo empréstimo. “E essa taxa pode representar uma fonte adicional de renda para sua carteira de investimentos”, argumenta Glaciano;
- Diversificação de fontes de renda: além dos ganhos de capital e dividendos tradicionais, o aluguel de ETFs oferece uma maneira diferente de gerar retorno sobre seu investimento. E isso, portanto, pode ajudar a diversificar as fontes de renda da sua carteira;
- Utilização eficiente de ativos: alugar suas cotas de ETF permite que você utilize eficientemente seus ativos, especialmente se você não planeja vender suas cotas no curto prazo. “Em vez de apenas manter as cotas sem gerar retorno, você pode emprestá-las para outros investidores e receber uma compensação por isso”, afirma o planejador financeiro;
- Potencial para lucrar em mercados em baixa: para os tomadores de empréstimos, o aluguel de ETFs permite realizar vendas a descoberto. O que significa que podem lucrar com a queda do preço do ETF. Para os emprestadores, isso significa que eles podem aproveitar oportunidades de aluguel durante mercados em baixa e potencialmente aumentar seus retornos;
- Garantias financeiras e segurança: Normalmente, os empréstimos de ETFs possuem garantias financeiras. O que reduz o risco de inadimplência por parte dos tomadores de empréstimos. E isso, claro, proporciona uma camada adicional de segurança para os emprestadores.
Riscos de alugar ETF
E assim como o processo possui seu lado positivo, ele também tem seus pontos negativos.
- Inadimplência do tomador: afinal de contas, ele precisa arcar com alguns custos. Caso esses gastos não sejam pagos, pode causar problemas;
- Risco de mercado e suas devidas flutuações: por exemplo, se o ETF não cair de valor como o investidor previu, ele pode acabar perdendo dinheiro. “Portanto, é crucial fazer uma análise cuidadosa e considerar todos os fatores antes de decidir alugar um ETF”, pondera Daniel Sabino.
- Risco de liquidez: isso porque, o ativo alugado pode não performar como esperado;
- Taxas e custos: “para quem detém o papel e colocou em aluguel, ele acaba ficando só com o prêmio do aluguel, a taxa do aluguel. Então, o risco para ele seria, imagina que tem uma situação de estresse no mercado e ele vai querer vender aquele ativo, ele tem que pedir aquele papel de volta pagando uma taxa por isso”, afirma Renato Nobile.
Como alugar ETF
Então, agora que você já ficou por dentro de tudo o que envolve o empréstimo de cotas dos Exchange Traded Funds, é hora de saber como alugar ETF. E para facilitar, montamos um passo a passo do processo. Confira:
- Você possui cotas de um ETF que deseja alugar.
- Uma instituição financeira ou investidor institucional quer vender a descoberto esse mesmo ETF.
- Eles entram em contato com você ou seu corretor para pedir emprestado suas cotas do ETF.
- Você concorda em emprestar suas cotas em troca de uma taxa de juros acordada.
- As cotas do ETF são transferidas temporariamente para a conta do tomador do empréstimo.
- O tomador do empréstimo vende essas cotas no mercado aberto.
- Mais tarde, o tomador do empréstimo recompra as cotas no mercado a um preço mais baixo (se a aposta deles estiver correta).
- As cotas são devolvidas a você, geralmente sem que você perceba qualquer diferença em sua conta, além do pagamento da taxa de juros acordada.
“É importante notar que, durante todo o período de empréstimo, o investidor continua a ser o proprietário das cotas do ETF. Isso significa que ele ainda mantém o direito aos benefícios do ETF, como dividendos ou juros sobre os títulos que compõem o ETF”, pontua Marlon Glaciano.