BlackRock aposta em renda fixa, câmbio e transição energética no Brasil

País tem posição de destaque na tese de investimentos da maior gestora do mundo

Pregão da B3. Foto: Amanda Perobelli/Reuters
Pregão da B3. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Com os Estados Unidos em posição para cortar juros no ano que vem e a China na sombra de uma crise de liquidez no mercado imobiliário, o Brasil tem posição de destaque na tese de investimentos da BlackRock para 2024. Incertezas quanto à política fiscal poderiam atrapalhar o processo, mas a gestora vê oportunidades nos mercados de renda fixa e câmbio do país.

A sinalização do Banco Central dos EUA (Federal Reserve, o Fed) de que deve afrouxar a postura no ano que vem abre caminho para o retorno de investidores aos títulos da dívida americana, como evidenciado pela queda nos juros dos Treasuries deflagrada pela decisão da última quarta-feira.

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Ainda assim, a empresa entende que o diferencial segue favorável para a maior economia da América Latina, onde a Selic continua na casa dos dois dígitos.

“O Brasil é um dos nossos principais componentes no lado da dívida, por diversas razões, uma delas é que os juros reais estão atraentes”, afirmou o gestor de portfólio de alocação global da BlackRock, Russ Koesterich, em evento na sede da companhia em São Paulo.

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“No lado das ações, temos menor exposição, em parte porque estamos mais cautelosos em relação à China”, disse.

Koesterich avalia que a recente desaceleração da atividade chinesa tende a afetar países dependentes da exportação de commodity, o que é o caso do Brasil. No entanto, para ele, os participantes do mercado estão cada vez mais ciente das peculiaridades individuais das nações que se enquadram nessa categoria.

“No longo prazo, à medida que emergentes se tornam uma cesta mais diversificada, menos centrada na China, isso pode beneficiar alguns dos outros grandes mercados emergentes, como o Brasil”, destaca.

Transição energética

As discussões sobre a transição energética também tendem a ser positivas para o país, que apresenta soluções em diferentes áreas. Em outubro, inclusive, a BlackRock comprou uma participação de quase metade da Brasol, que fornece alternativas de energia renovável.

“O Brasil é protagonista na transição energética e vemos mais oportunidade de criar visibilidade para esse tipo de investimentos”, afirmou a presidente da BlackRock no país, Karina Saade.

A maior gestora de ativos do mundo, com mais de US$ 9 trilhões sob administração, reconhece que o quadro fiscal pode vir a ser um risco relevante, embora veja a dívida no caminho certo.

Seja como for, Koesterich pondera que a posição brasileira já não é tão preocupante na comparação com o mundo desenvolvido, sobretudo nos EUA, diante da “deterioração das contas públicas americanas”.

É em parte por conta disso que a BlackRock diz ver oportunidades na ponta curta dos Treasuries, mas recomenda maior cautela na ponta longa. A outra parte dessa equação diz respeito ao ritmo de cortes de juros que o Fed executará.

A curva futura embute uma redução acumulada de 150 pontos-base a partir de março até o fim do ano que vem, uma precificação que tanto Koesterich quanto Saade consideram “agressiva demais”.

Para eles, a política chegou ao auge de restrição e, de fato, o afrouxamento virá em algum momento, mas não na intensidade vista por investidores.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo/Estadão Conteúdo

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