Brasileiros investem R$ 5 trilhões em 2022; valor é recorde

Até investidores mais arrojados estão inseguros e reduzem exposição ao risco

Ilustração: Renata Miwa
Ilustração: Renata Miwa

Os investimentos dos brasileiros bateram recorde de R$ 5,05 trilhões em 2022, alta de 11,7% no ano, impulsionada pelo segmento de varejo, conforme a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgou nesta quinta-feira (9).

Em que os brasileiros investiram?

O varejo alcançou R$ 3,1 trilhões e 143,6 milhões de contas, enquanto o private, que representa os clientes com mais dinheiro, atingiu R$ 1,9 trilhão e 153,1 mil contas. O número de contas não corresponde ao total de CPFs, já que cada pessoa pode ter mais de uma conta.

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Diante da alta da taxa de juros, a maior fatia das aplicações financeiras das pessoas físicas, de 60,3%, estava na renda fixa.

Em um ano em que os títulos de renda fixa isentos de Imposto de Renda, como as Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliário (LCAs e LCIs), fizeram sucesso, a maior parcela do patrimônio investido, de 47%, estava em títulos e valores mobiliários. O valor nesses papéis aumentou 25,8% no ano passado, para R$ 2,37 trilhões.

Especificamente o avanço do patrimônio investido em LCAs e LCIs chama a atenção: cresceu 76,0% e 67,6% em 2022, para R$ 317,6 bilhões e R$ 217,2 bilhões. A elevação do volume investido em Letras Imobiliária Garantida (LIGs) também se destacou: subiu 87,7%, para R$ 86,7 bilhões.

“Ainda de forma incipiente, os investidores começaram a entender as LIGs e a abrir mão de liquidez e prazo para pode gerar mais retornos. O investidor muda o comportamento quando a Selic está alta”, afirmou Ademir Correa, presidente do Fórum de Distribuição da associação, em entrevista coletiva.

O que os investidores querem?

Ele acha que os investidores continuarão buscando porto seguros em 2023, em um cenário de taxa de juros ainda alta. “Com as incertezas, notamos as inseguranças mesmo entre os clientes com o perfil mais arrojado, colocando percentual maior da carteira em ativos com menos oscilação”, diz.

Correa acrescentou que, apesar da grande procura pelos títulos isentos de IR como as LCIs e as LCAs, os bancos terão dificuldade para ofertar esses papéis por falta de lastro.

Por outro lado, o volume financeiro aplicado em ações caiu 4,2%, indo para R$ 619 bilhões, impactando na participação destes ativos na indústria: de 34,2% em dezembro de 2021 para 26% no fechamento do ano passado.

A queda foi influenciada, sobretudo, pelo private, que conta com clientes com maiores quantias alocadas nesses produtos. O produto no segmento teve retração de R$ 23,9 bilhões, ou 5,3%, enquanto o varejo marcou redução de R$ 3,4 bilhões, ou 1,7%.

Procura por debêntures

Outros títulos de renda fixa que registraram alta expressiva no patrimônio investido foram as debêntures tradicionais.

O valor investido aumentou 58,5% em 2022, indo para 15,8 bilhões. Papéis emitidos por companhias como Americanas (AMER3) e Light (LIGT3) andaram perdendo valor de mercado por crises envolvendo as empresas, mas o executivo acredita que o mercado de debêntures ainda está longe de sofrer uma crise sistêmica.

“Cria-se nervosismo, mas o mercado se acalma rapidamente. O investidor está muito mais informado e preocupado antes de comprar um papel e o arcabouço de informações e marcação a mercado trouxe segurança. Vejo movimentos muito isolados, rumores normais, e não um processo sistêmico”, afirmou.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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