O que Keith Richards e Warren Buffett têm em comum quando o assunto é risco?

Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, é sinônimo de uma vida aventureira, repleta de histórias inusitadas e atitudes que fogem do que podemos chamar de convencional. Entre tantas peculiaridades, uma delas chama a atenção: o fato de que ele evita comer queijo. Sim, você leu corretamente. Conta a lenda que, desde muito jovem, Keith desenvolveu um certo receio em relação ao queijo – não pelo sabor ou textura, mas por medo de que aquele alimento, com seu odor forte e aparência singular, poderia afetar a sua saúde, trazer más energias ou até mesmo lembrar-lhe de experiências menos favoráveis.
Essa postura pode parecer estranha à primeira vista, mas ilustra como o risco é algo muito pessoal, ainda mais nos investimentos. Cada um de nós tem seus medos, superstições e limites quando se trata de lidar com o incerto.
Essa reflexão sobre o risco nos leva, naturalmente, ao universo dos investimentos. Afinal, arriscar é uma característica inerente tanto à vida quanto às finanças.
Buffett e o risco nos investimentos
E, nesse cenário, não poderíamos deixar de citar um dos maiores mestres dos investimentos: Warren Buffett.
Conhecido mundialmente por sua visão aguçada e por suas inúmeras frases riquíssimas, Buffett já dizia que “o risco vem de não saber o que você está fazendo.” Essa frase, que já ecoa em salas de aula e reuniões de investidores, nos lembra que o conhecimento é o melhor remédio para mitigar os perigos do mercado. Saber o que se está fazendo é, sem dúvida, o primeiro passo para enfrentar qualquer risco, seja ele grande ou pequeno.
Bitcoin e riscos
Quando nos aventuramos pelo universo dos criptoativos, e em especial do bitcoin, essa máxima se torna ainda mais relevante.
O bitcoin, por exemplo, é um ativo de alto risco, com uma volatilidade que pode ser aproximadamente quatro vezes maior do que a das ações tradicionais.
Essa oscilação intensa, porém, vem acompanhada de potenciais de retorno assimetricamente positivos, o que atrai investidores dispostos a correr riscos que, para outros, seriam impensáveis. Assim como Keith Richards opta por evitar o queijo para manter sua segurança pessoal, cada investidor precisa conhecer seu próprio apetite por risco e traçar estratégias que estejam alinhadas ao seu perfil.
Diversificação em três níveis
Uma dessas estratégias fundamentais é o que eu batizei de “diversificação em três níveis”.
O primeiro nível diz respeito à diversificação do portfólio. Em vez de concentrar todos os recursos em um único ativo – como o bitcoin –, é prudente combinar esse investimento com outras classes de ativos. Por exemplo, nossa recomendação é que investidores conservadores evitem os criptoativos, enquanto investidores moderados possam alocar cerca de 1% da carteira, arrojados 2%, e os mais agressivos, até 3%. Dessa forma, mesmo que o mercado de criptomoedas sofra uma forte queda, o impacto sobre o portfólio total é suavizado.
O segundo nível da diversificação é a diversificação por tipo de criptoativo. Em um mercado tão dinâmico como o das criptomoedas, alguns ativos já se valorizaram consideravelmente, enquanto outros ainda estão emergindo. Investir em mais de um ativo digital protege o investidor contra a possibilidade de apostar em um único sucesso – ou fracasso –, distribuindo os riscos e ampliando as chances de retornos positivos.
Por fim, o terceiro nível consiste na diversificação quanto ao momento de entrada. Em um ambiente extremamente volátil, não é aconselhável concentrar toda a exposição em um único instante. Espalhar as compras ao longo do tempo é uma estratégia inteligente para evitar entrar no mercado justamente no pior momento, diluindo o risco e possibilitando uma média de preço mais equilibrada.
Conheça seus limites
Assim como Keith Richards escolhe evitar o queijo para preservar sua aura única, cada investidor deve conhecer seus próprios limites e desenvolver estratégias que se adequem ao seu perfil.
Com uma pitada de ousadia, uma dose generosa de conhecimento – à la Warren Buffett – e uma estratégia bem delineada de diversificação em três níveis, é possível transformar riscos em oportunidades.
No fim das contas, cada aventura, seja na música, na vida ou nos investimentos, tem seu charme especial e, com bom humor, todos os desafios se tornam histórias dignas de serem contadas.
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