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Carteira protegida: existem investimentos seguros mesmo em tempos de turbulência?
Ultimamente, o mercado financeiro anda passando por muitas reviravoltas. Além das incertezas envolvendo as principais economias mundiais, inclusive o Brasil, temos presenciado notícias de empresas no vermelho, e algumas até pedindo recuperação judicial, como é o caso da Americanas (AMER3).
Aliás, recentemente também tivemos a informação de que o fundo do Nubank chamado “Nu Reserva Imediata”, um dos maiores de renda fixa no Brasil, estava exposto às debêntures da Americanas e deu prejuízo aos investidores.
Diante disso, a questão é: será que existem investimentos seguros mesmo em momentos de turbulência? E rapidamente respondo: sim, existem.
Investimentos seguros são tradicionais
E não vá pensando que estes tais investimentos seguros são produtos desconhecidos dos investidores comuns. Pelo contrário. Estes ativos estão em carteiras de diversos – ou até milhares – de investidores.
Por outro lado, é importante sempre lembrar que qualquer tipo de investimento pode ter alguma oscilação, inclusive estes que são considerados mais seguros para quem aplica o seu dinheiro. Taí a marcação a mercado em renda fixa que não me deixa mentir.
Ponto 2: desconfie de promessas de rentabilidade acima do mercado. Sempre. Recentemente, vimos o que aconteceu com os CDBs da BRK.
Portanto, vale reforçar que não estamos dizendo que, ao investir nesses produtos, você nunca terá nenhum tipo de perda. Combinado?
Dito isto, então, a seguir, você confere quais ativos financeiros são estes e por quê podemos considera-los, de certa forma, seguros.
Tesouro Selic ou Letra Financeira do Tesouro (LFT)
Este tipo de investimento é um título da dívida pública brasileira com rentabilidade indexada à taxa básica de juros (Selic), como diz no próprio nome.
“A rentabilidade do Tesouro Selic é composta pela Selic + Spread (diferença entre o preço de compra e de venda de um ativo) definido no momento da aplicação. Como exemplo, atualmente no Tesouro Direto é possível comprar o Tesouro Selic com vencimento em 2026 pela taxa de Selic + 0,0964% ao ano. Quanto menor o prazo de vencimento da aplicação, menor será o spread da taxa de aplicação, em muitos casos se aproximando de zero para vencimentos entre 1 e 2 anos”, ensina Fabiano Ferrari, estrategista macro da One Wealth Management.
Outro motivo para considerarmos este investimento seguro é o risco de crédito. Portanto, só existira um risco para este ativo se o governo brasileiro quebrasse.
“E esse não é um cenário que a gente enxerga. Hoje o Brasil tem uma reserva grande, sem possibilidade de inadimplência do governo”, aponta Carolina Taira, portfolio manager da B.Side Investimentos.
Quer mais justificativas para considerarmos o LFT um investimento seguro? Liquidez. “Afinal de contas, se você precisar vender esses ativos, consegue fazer isto muito facilmente”, acrescenta Carolina.
CDBs de grandes instituições
O Certificado de Depósito Bancário funciona assim: quem compra o CDB, empresta dinheiro ao banco para suas operações de crédito. “O CDB pós-fixado tem sua rentabilidade atrelada ao CDI, o que faz com que o ativo se valorize diariamente por essa taxa”, aponta Ferrari.
Ainda de acordo com o estrategista, para o CDB atuar como um “porto seguro” devemos observar dois pontos importantes:
- É necessário que a aplicação tenha liquidez diária para que, em caso de necessidade ou emergência, seja possível resgatar o valor no mesmo dia;
- O banco emissor do CDB seja uma grande instituição financeira com balanço sólido para que não ocorra o risco de alguma crise ou evento financeiro prejudicar a saúde financeira da instituição.
Além disso, para Thiago Calestine economista e sócio da DOM Investimentos, também é possível ter segurança aplicando parte do seu patrimônio em CDBs de liquidez diária que pagam mais do que 100% do CDI.
“Isto porque este produto possui cobertura do FGC de até R$ 250 mil e também conta com o crédito desse emissor que são os grandes bancos. Então, também é tranquilo investir num CDB de liquidez diária desses que pagam um pouco a mais do que o CDI”, acredita.
Quanto do dinheiro deve ir para os investimentos seguros?
Para saber quanto do seu patrimônio é interessante alocar em CDB ou Tesouro Selic, o primeiro passo é entender o seu perfil de investidor.
“A gente pode chegar até 50% ou 60% dos investimentos em ativos como esses para quem é conservador. Já para o chamado investidor moderado, podemos reduzir essa exposição para 40% ou 30%. Por último, para quem tem o perfil mais arrojado, mais agressivo, a gente pode chegar até 20% ou 15% do dinheiro alocado nestes investimentos mencionados”, afirma Calestine.
Investimentos ‘blindados’
Como você pôde perceber, é importante não deixar todo o seu patrimônio alocado somente nos investimentos seguros. Por mais “intocáveis” que eles sejam, ainda assim, é importante manter a sua carteira diversificada.
Por isso, investir em alguns ativos, vamos dizer assim, “menos seguros”, também faz parte do contexto. Inclusive, está é uma forma de você tentar “blindar” os seus investimentos de algum risco.
“A diversificação pode e deve ser feita dentro do portfólio como um todo. Ou seja, ter parcelas investidas nas diversas classes de ativos como renda fixa, crédito, fundos multimercados, renda variável, entre outras”, afirma Fabiano Ferrari.
E mais: a diversificação de investimentos internacionais também é adequada para uma maior proteção do patrimônio. “Isto porque, uma crise no Brasil pode impactar tanto sua renda quanto seu patrimônio. Portanto, diversificar seu dinheiro em outras fontes geográficas, como por exemplo nos EUA, Europa ou China, traz benefícios para essa blindagem do patrimônio”, esclarece.
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